5 anos depois.
- Você quer fazer isso do jeito difícil? - Minha arma apontava para sua cabeça enquanto Poncho o segurava, ele continuava em silêncio - Não estou de bom humor hoje - Movi a cabeça e Poncho voltou a bater nele, seu rosto já ensanguentado
- Tá bom, eu conto tudo o que vocês quiseram - e ele finalmente abriu a boca. Falando o novo esquema do grupo rival.
- Bom - eu me aproximei, meu rosto proximo ao dele - Você me pegou em um dia ruim amigo - fiz um muxoxo
- Eu falei tudo o que você queria - o cara gritou desesperado
- Obrigada - e ela deu um tiro certeiro. Simples assim.
- Quase fiquei com pena dele sabia? - Poncho suspirou
- A sua parte emocional sempre fica no quase né? - eu dei um sorrisinho
- Você nem isso Roberta
Ninguém me conhecia como Dulce, eu havia abandonado esse nome quando abandonei o orfanato. Poncho me viu na rua dias depois de ter saído da casa de Any. Ele me viu faminta e me ofereceu comida, ele me ensinou tudo que eu sabia. Atirar, roubar e a ser uma sombra. Eu era boa nisso.
- Você sabe que odeio esses trabalhos de campo - eu resmunguei
- As vezes é necessário e você é ótima nisso.
- Prefiro meus computadores - eu era uma nerd desde o orfanato, eu queria fazer Engenharia da Computação antigamente. Eu amava números e tudo relacionado a computadores. Eu era tola.
Consegui subir na gangue quando eles viram que eu era uma excelente hacker. Eu conseguia informação, eu chantageava e eu lucrava. Era um jogo que eu tinha aprendido a jogar muito bem. Ninguem suspeitava de mim. Eu tinha uma vida dupla, uma dupla identidade e uma carinha angelical que não despertava suspeitas. Meu trabalho era com gente grande e eu corria perigo nas mesmas proporções.
- Deixa de ser resmungona Roberta - ele me agarrou, me beijando. Entre a gente era pura química. Nós combinávamos e dava certo. - Tem algo pra fazer agora? - ele beijava meu pescoço
- Sim - me afastei - E você não está incluído - dei um sorrisinho e sai andando.
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Eu morava em um prédio enorme dentro de um condomínio maior ainda. Tinha dois carros comuns e várias placas falsas. As trocava sempre e principalmente quando ia para esse lugar. Não podia ser rastreada.
Eu era um camaleão, mudava de cabelo, estilo a cada momento. Eu adorava ser várias pessoas e não ser ninguém ao mesmo tempo. Isso me dava poder e controle.
Hoje usei uma peruca de cabelo negro ate os ombros e dirigi ate o lugar.
- Esse cabelo não combina nada com você Dul - ouvi assim que entrei no apartamento
- Oi pra você também any - falei sorrindo, era a única pessoa que me fazia sorrir de verdade. Era a única parte humana que havia sobrado em mim
- Estava preocupada
- Eu sempre chego Any. Só que eu tive um imprevisto
- Não consigo me acostumar com a vida que você leva - suspirou, me olhando preocupada
- Eu sei - a abraçei - Mas hoje é seu aniversário, temos que comemorar - Falei enquanto tirava a peruca, deixando meus cabelos ruivos livres - Eu tenho um presente pra voce
- Dul - ela sorriu - Não precisa me dar nada, você já me deu um apartamento e paga a minha faculdade
- Eu falei que ia te tirar de lá e você sempre quis ser professora - me joguei no sofá
- Eu sei mas eu não quero que você corra riscos por mim
- Como está o seu estágio - mudei de assunto e ela suspirou
- Está ótimo - ela voltou a ficar animada - Eu amo crianças você sabe. Ainda que elas sejam uns diabinhos as vezes
- Você é louca - eu ri e me levantei do sofá - Vamos cantar os seus parabéns, você tá ficando cada vez mais velha e com mais rugas
- Nossa Dulce você é tão amorosa que chega a ser tocante - ela falou irônica
Cantamos os parabéns só nós duas. Tinha sido assim há uns 3 anos. A mãe de any não quis abandonar seu pai. Ela morava sozinha em um apartamento que eu havia comprado pra ela e já estava no último ano da faculdade. Ela quase desistiu porque não estava conseguindo pagar e eu pude ajuda-la. Era seu sonho e estava feliz que alguém de nós duas podia sonhar.
- Vem Any quero te dar seu presente. Mas você tem que fechar os olhos
- Você sabe que sou muito curiosa - ela dava pulinhos, tipico dela - Me dá logo
Coloquei um envelope na mão dela
- Pode abrir
- O que é isso? - ela abriu confusa
- É uma passagem pra nós duas Any - ela arregalou os olhos - Para nós duas depois da sua formatura
- Eu não acredito - ela pulou em mim, me fazendo rir - Você vai poder sair comigo, é sério? - ela não podia aguentar a animação
Eu e any nunca saiamos em público. Não queria arriscar que alguem nos visse e ela sempre me pedia para que pudéssemos fazer algo juntas. Any não tinha muitas amigas, o tempo a fez ficar mais reservada. Ela também ainda alimentava ressentimentos pela mãe ter escolhido seu pai mas ela sempre tentava fingir que estava tudo bem.
- Sim, só você e eu.
Ficamos conversando e eu escutei any fazer planos a noite toda. Ela estava euforica o que me deixava feliz também. Fiquei com ela até ela dormir, sempre fazia isso e era o jeito de dizer que eu estava aqui. Não conseguia ser tão presente pra ela como deveria. Ela é uma irmã pra mim.
No meio da noite coloquei minha peruca e sai silenciosamente como de costume. E como de costume fui a casa dele no meio da noite e observei pela janela. Estava estudando no meio da noite. Típico de Christopher.
Nunca mais ele a tinha visto mas ela sempre o via. De longe mas sempre estava ai. Ele estava estudando a noite e tinha um emprego de dia. Não ganhava muito mas o suficiente para sobreviver. Estava feliz por ele mas nunca conseguiria perdoá-lo.
Acelerou o carro em um impulso e o mesmo saiu cantando pneu chamando a atenção de Christopher. Viu uma mulher dirigindo o carro e de relance parecia que era Dulce. Ou talvez fosse sua cabeça querendo que fosse.
Nunca desistiu de procurá-la mas ela tinha sumido do mapa. Ela é um pedaço dele que parecia estar sempre faltando e não descansaria até encontrá-la.
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Criminosa
FanfictionDesde que Dulce fugiu do orfanato, ela desapareceu como fumaça. Por mais que Christopher a procurasse não havia nenhuma pista dela. Estava determinado a pedi-la perdão mas talvez fosse tarde demais. Dulce saiu do orfanato e jurou a si mesma que não...