16 - Confissões

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Ficamos horas ali em completo silêncio. Anahí as vezes chorava baixinho e eu não sabia o que dizer a ela nesse momento. 

- Any - eu falei com medo da reação dela - Você precisa comer alguma coisa, já estamos há horas aqui. Você não quer algo?

- Não tenho fome - eu suspirei

- Eu vou comprar algo caso você mude de ideia

Eu me afastei e fui em uma lanchonete e comprei tudo que eu achava que ela poderia gostar. Estava ansiosa e culpada. Se algo acontecesse com Poncho era culpa minha também. Ele levou os tiros no meu lugar.

Quando voltei ela estava parada exatamente no mesmo lugar

- Any - me ajoelhei na sua frente - toma pelo menos um suco, ok? Não vai ajudar você ficar assim.

Ela parecia aérea e demorou um tempo para fixar o olhar dela no meu.

- Você acha que ele gostava de mim de verdade? - eu franzi o cenho demorando um pouco pra entender

- Eu tenho certeza Any - eu segurei a mão dela - Ele nunca falou de sentimentos pra mim e ele não falaria se não fosse verdade

- Eu... - sua voz estava trêmula - Eu gosto mesmo dele... mas você e ele estavam juntos nas minhas costas - Eu vi as lágrimas dela rolarem de novo - vocês me olharam nos olhos e não me falaram a verdade em nenhum momento - eu escutava tudo calada, não tinha nada que eu dissesse que pudesse justificar - Eu realmente acreditei nele mas depois - ela tinha o olhar perdido, como se estivesse revivendo tudo - Eu vi que ele não estava ali por mim... era sobre você o tempo todo - ela me olhava - Eu só fui útil. Simplesmente usada.

- Não pensa assim any - a abracei e ela deixou mas não retribuiu - Eu e poncho não tivemos nada enquanto vocês estavam juntos eu juro! E eu tenho certeza que ele percebeu o quanto você é incrível e se apaixonou

Ela se afastou um pouco e olhou pra mim

- Eu sinto sua falta Dul mas... eu estou muito magoada agora

- Eu sei - sentei do seu lado e ofereci o suco a ela que aceitou. Eu a entendia no final das contas e ainda queria minha irmã de volta não importa o quanto eu tivesse que esperar.

Christian finalmente saiu junto com outro médico e veio nos dar a notícia. A cirurgia havia terminado mas Poncho estava em coma induzido agora. Any quis dormir com ele na clínica e eu fui buscar as coisas dela em sua casa. Ela se recusava a sair de lá. Quando entrei no carro e vi o banco de trás cheio de sangue, aquilo ainda me dava arrepios,  tentei ignorar. Entreguei as coisas a Anahí e prometi que estaria lá amanhã.

Saltei a janela dele e não vi ninguém no quarto. Fiquei olhando suas coisas distraida ate ouvir a porta se abrir.

- Eu já deveria me acostumar a ver você no meu quarto sem ser convidada - ele deu um sorriso de canto que logo morreu ao ver as manchas na minha camisa - O que houve? Você está machucada?

- Não, eu estou bem - tentei tranquilizá-lo - Eu posso só tomar um banho?

- Claro!

Eu tomei um banho e coloquei suas roupas, isso já estava virando costume inclusive, e ele me esperava sentado na cama.

- Vai me contar o que esta acontecendo dessa vez? - ela me olhava muito sério, uma mistura de raiva e irritação

- Vou te contar tudo - E comecei a contar desde do que eu fazia até a chantagem de Poncho, o que tivemos e o problema com Anahí.

- Eu sabia que você estava metida com essas coisas. Eu não sou idiota e não era muito difícil de adivinhar mas não poderia imaginar a dimensão disso. E por que você está se preocupando tanto com esse Poncho agora? Você por acaso sente algo por ele?

- Você ta de brincadeira né? De todas as coisas que eu contei você está mais preocupado se eu sinto algo por ele?

- Você sente?

- Pelo amor de Deus - me levantei irada - Eu estou me sentindo culpada okay? Se não fosse ele o tiro seria em mim. Eu estou preocupada em quão partido o coração  da Anahí vai ficar se ele morrer. E sim por mais que ele tenha me feito mal ele foi uma das poucas pessoas que eu tive na minha vida nos últimos 5 anos - eu já gritava totalmente fora de controle e ele tentou se aproximar de mim e eu me afastei - Não chega perto Christopher

- Me desculpa Dul. É que é muita informação de uma vez - eu nem o estava olhando, estava tão irritada que só queria ir embora - E eu estou com ciúmes sim em saber que alguem mais teve você

- Essa não é a prioridade agora Uckermann. É melhor eu ir embora, isso aqui foi um erro - eu já estava indo até a janela e ele me segurou

- Eu sei que não é a prioridade. Estou feliz que você tenha finalmente contado tudo que está acontecendo - ele me abraçou por trás - O que você vai fazer agora?

- Não sei. O mais importante agora é que Poncho sobreviva - o senti afrouxar um pouco o abraço e me virei pra ele - Eu já sei o que esta pensando e nem comece Uckermann. - segurei seu rosto - Eu gosto de você idiota, o que eu tenho que fazer pra te provar isso? - ele deu uma gargalhada

- Depois dessa sua declaração super delicada - irônico - Eu tenho várias ideias de formas de você provar que me ama - eu ri e ele me jogou na cama. Ele subiu encima de mim e começou a beijar o meu pescoço. Sua mão percorria meu corpo por baixo da blusa enquanto voltava a me beijar.

Mas me veio Anahí e Poncho na minha cabeça e flashes de tudo que estava acontecendo.

- Ucker para - ele me olhou confuso e se afastou - Podemos não fazer nada hoje? Eu só... não consigo agora

Ele não falou nada e deitou do meu lado me abraçando.

- Tudo bem - disse por fim - Mas você me deve com juros e correção monetária - eu sorri e beijei seu peito

- Obrigada - falei baixinho e fechei os olhos, apagando em seguida



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