11 - Poncho

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Nas últimas semanas eu me via trabalhando que nem uma louca em golpe atrás de golpe. Mas trabalhar atrás da tela do computador era bem mais fácil pra mim. Eu demorei umas boas semanas para me recuperar mas Christian disse que estava tudo bem. Ele sempre a atendia quando ela precisava e era um conhecido médico que trabalhava para a gangue. Eles pagavam bem e Christian parecia se importar mais com dinheiro do que com qualquer outra coisa. Era um casamento perfeito.

Estava me preparando para o último grande roubo. Um banco outra vez e aquela ideia me deixava tensa. Além do mais teria que trabalhar com Poncho que era alguém que ela estava tentando evitar. Não tinha ido ver Christopher desde então e nem Any. Queria estar livre o mais rápido possível mas o silêncio de poncho não era um bom sinal.

Dessa vez esse roubo demoraria o dobro do tempo, dobro de cuidado e eu fazia questão de cuidar de todos os detalhes e investigar a vida de cada um dos envolvidos. Se já tinha dado errado quando confiava em Poncho pra isso, agora os riscos são ainda maiores. O roubo estava programado para daqui a algumas semanas e seria em um banco grande. Eu não estava lidando tão bem com me expor outra vez em coisas assim mas não deixaria transparecer.

Estava checando as minhas coisas e encontrei algo que eu conhecia muito bem na minha bolsa. Merda, merda, merda há quanto tempo isso estava ali? Eu não poderia ter sido tão burra e deixado isso passar. Refiz todos os meus passos na minha cabeça e peguei o carro o mais depressa possível. Meu coração estava acelerado e minha cabeça maquinava todas as possibilidades ainda que fosse obvio a resposta.

Abri a porta com tudo e meu coração parou assim que vi a cena.

- Dulce não estava te esperando - fui incapaz de responder, estava buscando ar nos meus pulmões - Quero te apresentar alguém, esse é Alfonso Herrera - ela o olhava e eu conhecia esse olhar, ela estava apaixonada

- Muito prazer, Dulce - ele deu ênfase no meu nome

Poncho havia colocado um rastreador em mim na última vez que nos vimos. Ele descobriu Anahí e agora eu estava nas mãos dele. Anahí me olhava com um semblante confuso e preocupado. Ela sabia que eu não estava bem.

Eu não conseguia respirar, ele tinha me pegado. Ela tinha vacilado e agora ele tinha Anahí. Ela não iria conseguir se livrar dele. Ele podia machuca-la só para obrigá-la a fazer o que ele queria.

- Eu.... - eu tentei encontrar uma desculpa pra sair dali mas não deixaria ela sozinha com ele. Minha arma continuava escondida por baixo da blusa e da jaqueta.

- Janta com a gente Dul - Any tentava quebrar o clima - Eu estou terminando o jantar e comemos juntos

- Tudo bem - me sentei na mesa e o encarei. A raiva começava a me dominar

- Demorou pra encontrar heim Dulce - ele sussurrou pra mim - Você costumava ser mais prudente

- O que você quer?

- Você sabe o que eu quero - ele aproximou meu rosto do meu - continue comigo e eu não faço nada pra sua irmãnzinha - ele sorriu - Sabe que eu até estou gostando de brincar com ela?

- Seu desgraçado - eu comecei a tremer

- Nem pense em fazer algo estupido - ele mudou o semblante, me olhando sério - Eu ensinei tudo a você e sei que você me mataria se eu a machucasse. Portanto se eu sumir, alguem vai vir atrás dela e vai te machucar onde mais te dói

- Eu quero você longe dela, agora - o ameacei

- Eu disse que não ia machucá-la, não que iria ficar longe - ele se afastou com a postura relaxada - Mas se você me der uma boa grana, eu sumo da vida dela

- De quanto estamos falando?

- Três roubos, grandes. Você vai me dar sua parte em todos eles. Sem gangue envolvida, só nós dois. E eu sumo da vida dela

- Você sabe que isso vai dar problema

- Faça - foi tudo que ele disse antes de Anahi chegar

Eu fingi o meu melhor sorriso e comi mesmo com o estomago embrulhado. Assim que o jantar acabou poncho foi embora e a beijou na minha frente. Eu não sei direito como me senti sobre isso só que fiquei ainda mais enjoada. Assim que ele se foi Any sentou ao meu lado.

- O que aconteceu? - ela me olhava preocupada - Eu te conheço

- Nada eu só... estou com medo e precisava de um abraço - ela não disfarçou a surpresa e me abraçou apertado e eu quase desabei ali. Eu me sentia sufocada e que minha chance de ser feliz estava escapando pelos meus dedos.

- Any... você gosta dele? - a olhei nos olhos

- Por que a pergunta? - me olhou desconfiada

- Eu só... você nunca me apresentou ninguém

- É muito cedo, nos conhecemos faz só algumas semanas - suspirou - Mas eu to apaixonada sim e faz tempo que não sinto isso por alguem. - sorriu de canto - você saindo dessa vida e eu apaixonada quem diria heim? - ela deu uma risada - Agora que eu estou trabalhando parece que tudo vai ficar bem de verdade. Nem posso acreditar! - ela me abraçou novamente e eu não tive coragem de contar nada.

CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora