7 - Assalto

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Eu voltei pra casa com o coração em pedaços mas sabendo que havia feito a escolha certa. Por mais mágoas que tivesse jamais o envolveria nisso. Gostava demais de Christopher para colocar-lo em uma situação perigosa.

Precisava ter a cabeça fria e me concentrar no próximo roubo que estava por vir. Era grande e arriscado.

- Você já tem tudo o que precisa? - Poncho perguntou assim que atendi

- Sim, tenho os contatos e o controle do sistema de segurança. Você tem que arranjar pessoas boas poncho, isso é grande

- Eu já sei - bufou - Amanhã a noite, no mesmo lugar de sempre - e desligou

- Um amor como sempre - falei comigo mesma

Naquela noite eu não dormi, estava uma pilha de nervos checando uma e outra vez todo o plano. Incluindo o esquema de segurança e as senhas. Todos os contatos do sistema de segurança estavam confirmados. O armamento seria pesado. Era a operação mais arriscada que tinha participado. Mas ia garantir tanto dinheiro que ela poderia sair da vida do crime. No fundo ela sempre teve um plano de sair disso. Tentar uma vida normal em outro lugar do mundo e levar any com ela. Nunca tinha falado isso a ela porque não queria dar esperanças e falhar.

- Hey Mía- eu nunca a chamava pelo nome em uma ligação - sua voz soou mais alta

- Oiii, esta tudo bem? - sua voz era preocupada - você nunca liga tão cedo

- Esta tudo bem sim - menti - Preciso que você faça algo por mim

- O que?

- Voce vai receber uma conta e uma senha. Tem uma conta em seu nome, eu vinha guardando um tempo,  esse dinheiro é seu.

- O que esta acontecendo? o que vai acontecer pra voce estar me dizendo isso?

- Não se preocupe, só estou querendo garantir que você fique bem. Te amo

- Espera! por favor me fale a verdade

- Vou ficar bemm. Até logo - desliguei

Precisava me certificar que ela estaria bem. Dirigi até o local combinado e logo vi Poncho e mais três pessoas. Eu tive uma sensação ruim logo de cara. Expliquei o plano em detalhes e nos preparamos.

- Você tem certeza que esses caras são bons? - eu sussurrei para poncho

- Foi indicação de uma pessoa de confiança - ele me olhou nos olhos - Nós dois estamos em risco, estou fazendo o melhor que posso - ele acariciou meu rosto

- Tudo bem - suspirei

- Estamos juntos nessa Roberta - ele me deu um beijo e por um segundo senti que estava traindo Christopher e Poncho ao mesmo tempo, estava confusa

- Prontos? - um dos homens perguntou

- Sim

Seguimos em dois carros, um carro normal e um carro forte com a plotagem de uma empresa de segurança. A adrenalina correndo por minhas veias. Estava totalmente concentrada e fazendo cálculos mentais. Tínhamos menos de 30 min para fazer toda a operação. Era o máximo de tempo que o pessoal de segurança fingiria não ter visto o desligamento do sistema de segurança. Comecei a desligar tudo desde o meu computador do lado de fora. Poncho entrou com os caras e tudo estava correndo bem, o tempo estava correndo e uma boa parte estava no caminhão. Poncho estava colocando o último saco e eu estava começando e liberar a minha tensão quando ouvi uma movimentação estranha entre os homens. Saquei minha arma e sai do carro. 

Quando um deles apontou a arma para poncho eu encostei a minha na sua cabeça

- Se atirar, você morre - poncho escutou a minha voz e rapidamente sacou a sua arma

- Vocês estão em menor número, deem a volta e desapareçam

Eu e poncho nos olhávamos nos olhos e eu dei o sinal. Ele se abaixou e atirou em um enquanto eu apertei o gatilho matando o outro. Era uma jogada suicida mas não tínhamos outra opção. Usei o corpo de um deles como escudo mas não fui rápida o suficiente. Senti meu braço queimar. Poncho deu mais um tiro acertando a perna do cara mas ele conseguiu entrar no carro e saiu em disparada.

- Dul, voce esta bem?

- Corre pro carro agora, vamos atrás dele - ignorei a dor e entramos no carro com tudo.

Iniciamos uma perseguição ao caminhão que cortava os carros como louco.

- Estamos chamando muita atenção - falou entredentes

- Você que escolheu esses idiotas e gerou toda essa merda - falei irada, a dor no braço estava ficando insuportável.

- Não é o momento Roberta!

A corrida desenfreada já durava um tempo e chamou atenção demais. O caminhão começou a ser seguido pela polícia que dava sinais para ele parar e eram ignorados.

- Toma distancia, a polícia não pode achar que estamos envolvidos - falei quase sem folego, estava perdendo muito sangue.

- Roberta, temos que te levar ao médico

- Agora não poncho - gritei com ele

Nesse instante a viatura tentou fechar o caminhão que acabou perdendo o controle e batendo contra o muro de um edifício, causando um grave acidente.

- Merda, merda,merda - Poncho gritava

Eu reconheci aquele bairro, era o bairro de Christopher. Estava a poucos quarteirões da sua casa e logo comecei a arquitetar um plano. Peguei minha jaqueta e cobri meu braço tentando esconder o sangue. Quase gritei de dor quando fiz isso.

- Dê a volta no quarteirão e me deixe la. Esconda o carro e volte pro lugar do acidente, precisamos ter certeza que ele esta morto e não vai nos denunciar. - falei com dificuldade

- Não vou te deixar assim, você ta perdendo muito sangue - me olhava preocupado

- Me escuta, eu sei o que fazer e sei pra onde ir! Agora vai - falei autoritária e ele me olhou como se analisasse as possibilidade e assentiu com a cabeça.

- Me ligue quando souber algo - falei antes de sair

Me concentrei em cada passo tentando parecer o mais normal possível e não chamar atenção. Minha jaqueta escura cobria meu braço machucado, ela já estava completamente encharcada de sangue. Eu precisava chegar logo. Vi a casa de Ucker a um quarteirão de distancia e dei um passo de cada vez, cada vez mais incertos. Alguns pingos de sangue ja sujavam a calçada.

Respirei de alivio quando vi sua janela aberta: tremendo irresponsável. Pensei comigo mesma. Subi com meu braço bom mas ao usar o atingido para me apoiar gritei de dor, minha mão deixando um rastro de sangue nas paredes.

Christopher que escutava música enquanto estudava olhou pra trás e vi seus olhos em choque.

- Você não me ouviu sobre as janelas não é mesmo? - tentei sorrir mas sem sucesso

- Dulce pelo amor de Deus! o que aconteceu com você ? - ele me olhava em pânico e eu consegui me sentar no chão. Peguei meu celular e liguei para a única pessoa que poderia me ajudar.

- Christian - falei respirando fundo - É Roberta. Preciso que venha aqui agora, preciso de você - passei o telefone para Christopher - Passa o seu endereço

- Você tem muito pra explicar Dulce - ele tomou o telefone e falou o endereço. Logo sentou ao meu lado e tirou o casaco - Você tem que ir pro hospital! Você ta perdendo muito sangue!

- É só um acidente de trabalho, ele é médico sabe o fazer - dei um sorriso fraco - Por favor não me chame de Dulce na frente de Christian. Sou Roberta - eu já estava dizendo o final da frase com muita dificuldade - Estou fazendo uma sujeira aqui, não é? - ele ia responder mas eu não vi mais nada. Tudo ficou preto.

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