Capítulo 16 - Uma Mala Cheia de Esperanças

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ANNA

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ANNA

-Deixa que eu levo. -Harry diz pegando a minha bolsa de viagem quando saímos do táxi no Aeroporto JFK.

Estamos indo para Londres neste momento, na madrugada de sexta-feira, para podermos chegar lá com tempo de sobra com a intenção de descansar para o casamento no sábado pela manhã.

Eu estou um caco, pois acabei de sair do Hospital Universitário depois de 24 horas de plantão. Aliás, se eu for contar todas as aulas e plantões que tenho feito, acho que não durmo direito desde que o Harry me pediu para vir, há mais de duas semanas. Eu fiz de tudo, me desdobrei em mil, quase não fui em casa nesses últimos 15 dias e pedi favores a todos os colegas que pude, além de ter implorado uma dispensa aos meus professores, e fiz tudo isso para poder ir ao casamento da Anne e passar o aniversário de Harry em Londres.

Não me arrependo de ter feito tanto esforço e espero que o Harry não faça com que eu me arrependa depois, por enquanto ele esteja mais doce e gentil que o de costume. Certo, ele não é doce e gentil, mas ele sempre se esforçou para ser desse modo comigo e agora o mesmo está se esforçando ainda mais, embora estejamos sem graça um com o outro, sem saber onde colocamos as mãos e quase ficando a 2km longe quando tocamo-nos sem querer.

Entretanto, eu estou com esperanças de que, em Londres, nós possamos conversar e conseguir ao menos colocar a situação em bons termos porque sinto que estamos ficando cada vez mais distantes um do outro. Brian me disse que tínhamos nos acertar em Nova Iorque, mas eu não consigo evitar de pensar que em Vancouver conseguimos um pouco da velha cumplicidade de volta. Porém, eu tenho mais uma novidade que eu sei que o Harry não vai gostar: Dia 15 de fevereiro, eu viajo para Boston com a equipe do doutor Richard e ficaremos lá por um mês. Em Boston, vamos atuar no departamento de cirurgia cardíaca do Hospital Central, um dos melhores dos Estados Unidos nessa área, ou seja, uma oportunidade única de aprender com os melhores.

Brian tentou me convencer de que o Harry não teria motivo para ficar chateado com isso, mesmo que a gente se acertasse já que Boston fica apenas a uma hora de voo e menos de 4 horas de carro, portanto, além de ser apenas por um mês, não seria difícil do Harry ir me ver, ao menos duas vezes.

Todavia, eu o conheço muito bem e sei que, fragilizado como está, ele não vai aceitar de bom grado a minha ida para Boston, por isso vou deixar para dizer quando voltarmos a Nova Iorque. Depois, se não nos acertamos, não fará nenhuma diferença ele saber da viagem e se conseguirmos resolver as coisas não vou precisar ter medo de que ele surte porque ele terá entendido que precisa me apoiar e tudo ficará bem.

Harry não tem me procurado nesses últimos tempos, o que me deixa com a certeza de que ele está tão nervoso quanto eu. A única vez que o vi, desde aquele dia no apartamento, foi hoje quando ele apareceu bem mais cedo do que a hora que marcamos de ir para o aeroporto, mas o mesmo fez isso porque precisava pegar o terno que ele vai usar no casamento para saber se estava em condições de uso. Tirando isso, no máximo, ele me mandou mensagens perguntando coisas bobas, como se a conta de gás tinha chegado.

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