O segundo andar.

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O cadáver não era de Mary, ele tinha cabelos loiros, e Mary morenos e cumpridos. Mas o livro sim era de Mary e como ele foi parar com essa mulher?

Peguei o corpo do garoto que havia deixado no pé da escada levei para cama do meu antigo quarto que ficava no segundo andar, depois voltei para pegar o livro que larguei rolando a escada, quando agachei para pegar o livro vi aquilo na sala, ela estava cheia de gatos e cachorros, os mesmos que morreram para enfeitar a arvore daquela noite de sábado.

A adrenalina pulsava em minhas veias, peguei o livro e subi correndo pela escada. No topo da escada, ao lado, havia um criado mudo, peguei e depositei deitado, de forma que impedisse os cães e gatos de passarem.

Minha respiração era ofegante e por um momento me senti sem oxigênio, então encostei minhas costa na parede ao lado da escada e deslizei de forma que ficasse sentado no chão. Tive aquela sensação gostosa de alivio, de se livrar de uma enrascada.

Fiquei um bom tempo lá, depois me levantei, peguei o livro e fui ver o garoto, ele estava respirando, não morreu como os outros que encontrei no caminho, então o cobri, ajeitei seu travesseiro e fui ver o resto da casa, na verdade havia mais 2 quartos no segundo andar, o que era dos meus pais e o que era de Mary, entrei primeiro no de Mary. Ele estava todo empoeirado (como o resto da casa), o piso de Madeira rangia conforme você andava, as paredes estavam repletas de prateleiras e havia uma penteadeira com um tamborete na frente para se sentar, eu me sentei e fiquei em frente ao espelho, então vi flashes do rosto de Mary no espelho gritando, como se estivesse preza atrás daquele vidro e depois gargalhando como um vilão cruel. Então dei um murro e quebrei sua imagem.

Depois entrei no quarto que era de meus pais, o colchão estava todo rasgado e a cama virada para cima com os pés quebrados. Abri o guarda roupa e estava repleto de teias de aranha com alguns lençóis, logo dei um salto para trás (nunca contei mas morro de medo de aranhas), e entrei no banheiro do quarto, a latrina estava suja de sangue dentro e envolta, e havia baratas saindo do ralo do chuveiro.

Depois voltei ao meu quarto e sentei no chão, encostado ao pé da cama do garoto, abri o livro e comecei a ler.

"Diário de investigação de Mary Gatie"

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