O primeiro dia

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Ja faz um dia que fui levado para um tratamento em um hospício, tudo por aqui é branco, dizem que se for muito colorido os loucos ficam agitados pois começam a ter idéias, mas para mim isso não tem diferença. Não existe inspiração melhor que uma tela branca, ela é o que te inspira a mudança.

Depois do café da manha e do almoço, os enfermeiros nos levam para uma sala onde podemos nos socializar, é uma sala branca, com três mesas redondas, mosquitos nos vidros das janelas e lesmas nos rodapés próximo a porta. A maioria das pessoas são bipolares, estão sempre chorando e dando gargalhadas sem motivo, alguns ficam quietos até que encostem neles e tenham seus ataques de fúria, mas tem um outro também, um senhor, ele nem parece louco, na verdade ele é mudo e tem bastante proximidade com os enfermeiros, esta sempre se comunicando com eles através de bilhetes e suas mãos, em sua mão direita esta escrita a palavra "sim" e na esquerda "não".

Eu me aproximei dele e disse oi, ele escreveu no bilhete e me mostrou:
- Oi
Depois eu lhe perguntei:
- Você me escuta normalmente?
Ele escreveu novamente:
- Sou mudo, não surdo.
Li a resposta, ignorando sua má simpatia e então lhe disse:
- Qual seu nome?
Ele olhou atentamente para mim e depois escreveu:
- Ernest
E voltou a escrever:
- Você é louco?
Eu disse que não, contei minha historia para ele, contei sobre a assombração, minha família a as pessoas que morreram durante minha viagem.

Antes que eu terminasse o sino soou, está na hora de voltar pro quarto branco e pela primeira vez alguém havia acreditado em minha historia, mas antes que eu me levantasse o senhor começou a escrever seu bilhete e me mostrou:
- Você precisa sair daqui.
Eu respondi:
- Falar é fácil.

Mas para ele não era tão fácil assim.

MaldiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora