Maldição

O início

BssTsss (liga o gravador)

Quita feira, 17 de novembro de 1997. Sou Samuel Gatie. 

Estou intrigado com a morte de minha irmã, Mary. Ela sumiu já faz duas semanas, desde então tenho tido pesadelos onde ela aparece na rua J.P Rabello correndo em minha direção, sangrando, até que tropeça e diz:

"Estamos condenados!"

O governo alega que minha irmã não morreu, mas sim que está desaparecida. Porém foi o mesmo que disseram quando meus pais sumiram ... já faz 12 anos que isso aconteceu ...

Desde o ocorrido Mary e eu fomos morar com nossos tios paternos, Micael e Betânia Gatie, mas quando Mary "sumiu" e eu comecei a ter meus pesadelos, decidi que devo investigar o que aconteceu, primeiro foram meus pais e agora minha irmã. Não posso esperar que a policia faça alguma coisa, o próprio noticiário dedica 7 segundos entre as notícias de esporte e a previsão do tempo para informar o sumiço de Mary.

BssTsss (desliga o gravador)

Coloco o gravador em cima da escrivaninha, pego a mochila embaixo da cama, tiro meus cadernos de dentro, escondo no guarda-roupas e guardo novamente em baixo da cama.
Desço as escadas que desencadeiam na sala, lá meus primos estão deitados no sofá, se chutando pra ver consegue mais espaço, me dirijo para cozinha onde meus tios estão se lambuzando com costeletas e discutindo por uma infiltração na parede do armário que meu tio não concerta há 3 dias.
Pego um copo d'água, me viro para minha tia e digo:
- Tia, 8 horas.
Bete lava sua mão na pia da cozinha, limpa a boca com um papel e diz:
- Hum, minha novela.
Depois diz para Mike:
- A louça é sua.
Ele joga um pedaço de osso no lixo e diz:
- Mas antes eu vou tomar meu banho.
Vejo os dois saírem, coloco o copo na pia e abro a gaveta onde pego uma faca branca de açougue, escondo na manga de minha blusa e seguro a ponta da lamina com minha mão, volto cuidadosamente para o quarto enrolo a lamina em umas folhas de revista e guardo na mochila que deposito novamente embaixo da cama.