Conversa 대화

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Jang-mi

Mamãe deixou esse mundo quando eu nasci. Papai disse que ela teve umas complicações de hemorragia durante o parto, partindo dessa para melhor. Nós temos uma única foto no hospital, minutos antes do coração dela parar, em que ela está deitada na maca, com uma expressão extremamente cansada e eu, praticamente um feto, ainda suja do parto, deitada sobre seus braços enquanto ela me amamentava. Papai riu porque disse que nasci com forme.

Eu nunca pude sentir falta da minha mãe, porque sempre que tentava comparar o sentimento, era como me desfazer de um brinquedo que eu tanto gostava. Aquele sentimento de pertencimento, mas que agora não é tao mais pertencente à você... entende?

Já tive várias conversas com minha terapeuta, em que em meio a devaneios, questionava a mim mesma se eu era culpada da morte de mamãe. Ela, lógico, me repreendia e dizia que foi de uma causa natural, pondo também um pouco de racionalidade nisso, dizendo que todos tem a sua hora, e que se Deus escolheu aquele momento para mamãe, Ele sabe que foi o melhor para ela.

Fui extremamente planejada e desejada pelos meus pais. O que me faz pensar em como seria ter a presença de uma figura feminina materna em casa. Como seria entregar uma carta de dia das mães? Como seria ir ao shopping fazer compras com ela? E pegar as roupas e maquiagens emprestadas? Levar sermão? Conselhos? Discutir? Como seria ver papai por suas mãos sob o ombro dela e olhá-la com os mesmos olhos em que a observa nas fotos com ele.

Eu desejava, no fundo, no fundo, sentir aquilo tudo.

— Você deveria arranjar uma namorada. — confesso a papai, em meio ao nosso silêncio na sala de jantar. — Ou eu deveria arranjar uma para você?

Papai engasga com o lámen, e bebe água rapidamente para suprir a agonia em sua garganta.

— Não acho que preciso de uma namorada. Estou bem solteiro, focando em meu trabalho e em cuidar de você. — ele dá a certa desculpa, me fazendo prender o riso e olhar sua cara de desconfiado.

— Mas você é tão sozinho. — enfatizo o verbo, colocando as mãos sobre a cabeça, dando um ar dramático, mas papai talvez não se convença com essa ceninha. — Ok, ok. Sei que exagerei agora, mas eu falo sério, você precisa sair um pouquinho desse mundinho e conhecer novas pessoas! Já pensou em alguma vizinha nossa? A maioria é solteira, ein.

— Filha, por favor... — papai começa a ficar bastante vermelho, o que me faz pensar: é a situação ou a quantidade de pimenta do lámen?

— Fala sério, pai! É sua filha te IMPLORANDO para que você seja feliz. E eu já estou muito grandinha, viu? Nem vem com essa desculpa que aqui não cola.

— Por que você não considera suas próprias palavras? É você quem precisa de um namorado, não eu. — e ele dá uma risada sincera, enquanto eu fecho a cara, deixando cair o talher.

— Hahaha, muito engraçado, viu? Mas promete que vai pensar nisso com carinho pelo menos uma vez? — enfatizo o final da frase.

— Tá ok, tá ok, mocinha. — papai me diz, enquanto brinco com ele que não quero subir para o quarto, mas ele vai me empurrando.

Hueningkai

Na próxima aula de filosofia, eu e Jang-mi conseguimos reapresentar o trabalho e foi um sucesso. A turma ficou feliz pela gente, após tanto sufoco. No final, batemos contra a palma do outro como sinal de "bom trabalho."

No intervalo, combinados de sentar todos juntos, inclusive a amiga de Jang-mi, que está virada para frente de Yeojun, enquanto ele sorri e coloca uma mecha atrás da orelha dela. Com os meninos brincando, e Eun e Yeojun flertando, reviro os olhos ao ver, percebendo que a garota ao meu lado também estava sem graça.

— Quer fazer alguma coisa? — pergunto, vendo-a demorar a responder, murmurando um "hum?", mas quando eu iria repetir, Yeojun me interrompe.

— Vou dar uma festa amanhã à noite. Quero todos vocês lá.

— E seus pais sabem que você vai dar essa "festa"? — indaga Beomgyo, arqueando as sobrancelhas para Yeojun.

— Claro que sim. Tá achando que eu sou um marginal, é? — ele responde, mas tapa os ouvidos de Eun, que ri durante o processo. — Desculpa, amor. Você não merece ouvir isso!

— É porque da última vez não deu muito certo... — Taehyun diz, rindo de lado.

— Mas dessa vez vai dar, ok? Preciso da ajuda de vocês pra passar o recado pro pessoal da escola toda. Quero geral lá.

Nós assentimos, sorrindo das besteiras de Yeojun e mais tarde, preparamos um comunicado para colar no mural de avisos da escola. Fazia um tempo desde que não dávamos uma festa, e dessa vez, eu podia sentir que seria divertido.

Jang-Mi

Eun estava em frente ao espelho do meu quarto, passando a escova sobre seu cabelo, enquanto eu pintava as unhas na penteadeira.

— Nós vamos fazer compras hoje a tarde. — ela solta, sem ao menos olhar para mim, continuando a realizar sua atividade.

— Nós? — indago, confusa.

— Yeojun me deu o cartão dele para comprar vestidos para a festa, você pode ganhar também!

— Mas isso não é se aproveitar?

— Jang-mi — minha melhor amiga me olha, soltando os braços de uma forma teimosa. — A festa é dele, e ele permitiu que eu usasse o cartão. Por que seria aproveitamento?

— Porque ele gosta de você, Eun. Não de mim! E eu não vou à essa festa. — confesso, me virando para o outro lado da penteadeira, evitando o olhar dela.

— E quem disse que você não vai? — ela pergunta, debochando.

— Eu disse.

— Você vai à festa, e se não quiser comprar nada, pelo menos vai me ajudar a escolher o vestido ideal.

— Eun, você vai me largar no meio daquela festa para ficar com o Yeojun. Não vejo sentido da minha presença lá, sério. Por favor, me deixa no conforto da minha casinha? — junto as mãos, implorando, e fazendo uma cara de "cachorro pidão".

— Aish, Jang-Mi! Vamos achar alguém para você também, não se preocupe.

Quando Eun colocava uma ideia na cabeça, eu sabia que era uma coisa terrivelmente difícil de tirá-la de lá. Por isso, apenas revirei os olhos e voltei a estender a próxima mão para pintar as unhas.

MIMADO | Hueningkai Onde histórias criam vida. Descubra agora