Medo 무서움

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Jang-Mi

— Como vocês conseguiram pegar tão rápido? — minha melhor amiga pergunta, enquanto seca o seu cabelo com uma toalha.

— Não foi tão rápido, ele se arriscou muito. — enfatizo, parando de anotar na agendinha para olhá-la.

Eun me lança uma olhar provocativo e por um segundo, para o que estava fazendo, mas assim que revirei os olhos, ela ri e volta à sua atividade.

— Ou, você pode ir no ofurô com a gente? Ouvi dizer que podemos levar colegas de quarto.

— Sim, vocês podem, mas nem eu e nem os meninos vamos. Vocês precisam ficar sozinhos.

— Mas é justamente por isso! Não quero ficar sozinha com ele, vai ser constrangedor.

— Ai, Jang-Mi! Por favor, né? — automaticamente ela senta mais ereta na cadeira. — Você não sabe aproveitar as oportunidades. Vamos escolher a roupa de banho que você vai usar daqui a pouco.

Não contesto com Eun, afinal, eu realmente precisava de ajuda, já que dentre algumas horas, ele estaria lá me esperando. Não havia trazido muitas opções de roupas, então provei algumas dela também, mas no final, decidimos que eu iria usar um conjunto, que consistia em um biquíni branco e uma calça de banho preta, as cores combinavam, de alguma forma.

Senti medo de estar vulgar e insegurança com o meu corpo, mas Eun me deu umas chacoalhadas e ameaçou a me bater caso eu repetisse na frente dela que eu estava me sentindo feia, o que me fez rir em meio a um cenário não muito saudável. Preciso mesmo ir ao psicólogo.

Pego uma bolsinha e nela estavam óculos de sol, protetor e toalha para usar durante e após o momento. Revisei se precisava de algo mais tantas vezes, que acabei perdendo a hora. Dou uma corridinha até o ofurô, que se localizava atrás do prédio principal, no meio do acampamento, em uma plataforma de madeira.

Me deparo com Kai e arregalamos os olhos em conjunto, pela surpresa da minha chegada. Está perto do toque de recolher das onze horas. São 22h36. Não tenho muito tempo. Droga, eu não segui o roteiro de fazer uma chegada mais minuciosa ou educada.

— Oi. —digo, e minha voz ecoa no acampamento.

— Jang-Mi! Chegou cedo. — ele diz, como se esperasse que eu chegasse a qualquer momento.

— Fiz o possível para não atrasar. — não queria perder a coragem e inventar algo de última hora só para não ir.

— Quer entrar agora? — pergunta, e sua respiração sai em nuvens brancas.

Aceno que sim, e tremendo, abro a saída de banho e a coloco no banco. O vapor sobe da água, e Kai estende a sua mão, para me ajudar a subir. Mergulho os pés e sento na beira do ofurô. Está mais quente do que um banho habitual, mas é gostoso.

Ele olha para mim com cautela, e entra, deixando para tirar sua camisa agora, colocando-a com cuidado no chão. Meu coração está disparado, é difícil olhar nos olhos dele. Nunca senti tanto medo na vida.

— Foi bom hoje procurar a bandeira, né? — ele tenta puxar o assunto, quebrando o clima tenso que se instaurava no lugar.

— Foi sim. Obrigada pela companhia.

— Eu que agradeço, se não fosse por você, não estaria aproveitando esse ofurô após um dia cansativo e com uma companhia que eu queria ter um momento assim há muito tempo.

Minha bochecha está vermelha. Este lugar está pegando fogo. Não o entendo de primeira, penso que entendi, mas então... então...

— Queria? — sorri, sem graça.

— Sim.

— Você sempre me pega de surpresa, não sei o que dizer. Isso é um fetiche seu? — minha voz saiu tão desajeitada e insegura que desejo poder recomeçar e repetir tudo com tranquilidade e confiança.

— O fato de eu gostar de você é um fetiche?

Não escutei mais nada. Só as vozes da minha cabeça repetindo:

"Gosto de você."
"Gosto de você."
"Gosto de você."
"Gosto de você."
"Gosto de você."
"Gosto de você."

Eu também gosto de você, Hueningkai.

Estou muito nervosa. Fico engolindo sem seco, e o som soa alto nos meus ouvidos. Até minha respiração parece mais alta, até meus batimentos cardíacos.

— Então? — seus olhos se fecham por um segundo, e ele inclina a cabeça para trás.

— E então, não sei. — prendo a respiração enquanto espero ele fazer alguma coisa.

Falei uma besteira tão grande que agora ele está em dúvida? Não pode terminar assim, não quando finalmente encontrei coragem. Não posso deixar. Meu coração está acelerado, com um zilhão de batimentos por minuto, quando me aproximo dele.

Eu inclino a cabeça e encosto os lábios nos dele.  As pupilas dele estão dilatadas, e Kai me olha com intensidade. Está me encarando como se nunca tivesse me visto. Meu primeiro beijo. Ele parece surpreso, mas logo corresponde o beijo com seus lábios macios, e no começo fico nervosa, mas ele apoia a mão na minha nuca e acaricia meu cabelo de um jeito tranquilizador, e de repente não estou mais tão nervosa.

Que bom que estou sentada, porque meus joelhos ficam bambos. Não ligo para nada. Eu nunca imaginei que beijar pudesse ser tão bom.

Você está bem?sussurra ele.

A voz dele está diferente: rouca, urgente e meio vulnerável. Abraço o pescoço dele. Gosto do cheiro do cloro em sua pele. Kai está com cheiro de piscina, verão e férias. Não é como nos filmes. É muito melhor, porque é real.

— Acaricia meu cabelo de novo? — peço, e os cantos da boca dele se levantam, em um sorriso.

Eu me inclino na direção dele e o beijo. Ele começa a passar os dedos no meu cabelo, e a sensação é tão boa que não consigo pensar direito. É melhor do
que lavar o cabelo no salão. Passo as mãos pelas costas dele, na linha da coluna, e Kai treme e me puxa mais para perto.

As costas de um garoto são bem diferentes das costas de uma garota: mais musculosas e sólidas. Entre beijos, ele diz:

— Passou do toque de recolher. Temos que voltar.

— Não quero.

Só quero ficar e estar ali, com Kai, naquele momento.

— Eu também não, mas não quero meter você em confusão — retruca ele, e voltamos para nossos quartos.

MIMADO | Hueningkai Onde histórias criam vida. Descubra agora