Você? 당신?

562 74 26
                                    

Hueningkai

— Não, mas vocês precisavam ver a cara dela quando eu sem querer, sem querer mesmo...

— Não foi proposital? — indagou Taehyun arqueando a sobrancelha direita, rindo de Yeojun.

— Claro que não. — debocha ele. — Lógico que eu não roubei um beijo da garota que eu trocava flertes desde o ano passado "sem querer". Logo eu?

Beomgyu, que estava sentado no pufe no chão, se joga contra o mesmo, abafando uma risada, e de repente, todo o quarto de Yeojun vira uma barulheira, com cinco garotos tendo uma crise de riso ao mesmo tempo.

— Qual foi, Yeojun? Você vai mesmo ser o próximo a namorar? — Soobin disse, apoiando o peso de seu corpo nas suas mãos, sentado sobre a cama.

— Próximo? E por acaso mais algum de nós temos algum rolinho? — pergunto ao bocejar.

— Ué, você né, bobão? Mais do que namorando, você estava noi-vo. — provoca Yeojun, bagunçando meu cabelo.

— Eu hein. — reviro os olhos. — Tenho um jantar marcado com a mãe da Jina hoje, e é hoje mesmo que eu vou me libertar daquela garota possessiva.

O quarto vibra e vira uma guerra de travesseiros, quando todos os meninos falam "IHHH" ao mesmo tempo, me arrancando sinceras risadas.

— Eu só acho que deveríamos sair para comemorar seu término. O que acham, meninos? — sugere Beomgyo, envolvendo sei braço esquerdo no meu pescoço.

— O término dele e o começo do meu namoro, né. — Yeojun dá uma picadinha, voltando seu olhar para desbloquear o celular, notando que não tem nenhuma notificação nova, o que fez desanimar, um pouco.

— E quem disse que ela aceitou a namorar você? — pergunto, com um sorriso minucioso.

— Eu mesmo estou dizendo. Anotem aí que até o final do ano eu estarei de aliança no dedo! — exibe ele, e ele dá um impulso ao ouvir a notificação chegando no seu celular. — Se me dão licença, vou responder minha mulher.

Ficamos tirando sarro com a cara de Yeojun por um tempo, por ele estar todo bobo com seu novo... digamos assim "envolvimento amoroso". Após um tempo, me despeço dos meninos e volto para casa para o compromisso que teria mais tarde.

| | | |

Sentei-me a mesa, a qual estava com minha mãe, Jina e sua mãe reunidas entre ela.

— Desculpem o atraso. — Me justifico. — Papai não vai vir?

— Não, querido. A empresa está com uma demanda maior, e ele precisa estar lá. Daqui a alguns meses será você! — responde mamãe, com um sorriso orgulhoso, já eu, com a expressão mais tediosa possível.

— Vocês vão querer adiar o noivado? — pergunta mamãe, que abre um grande sorriso.

— Sim! — responde Jia, encontrando a minha mão e a apertando, disfarçadamente. — Estamos tão apaixonados que queremos fazer isso o mais rápido possível, não é, amor?

— Na verdade, não.

Todas me olham, em um espanto e minha sogra (agora não mais), derruba a colher que a auxiliou para mexer o chá.

— O-o quê? M-mas -

— Eu cheguei a conclusão de que quero romper o noivado. — solto, deixando as mulheres da mesa perplexas, exceto Jina, que de alguma forma já esperava.

— Filho, isso é uma brincadeira de vocês dois? Porque se for, acho melhor parar. — minha mãe intercalava o seu olhar entre mim e Jina, parando finalmente em mim, para suspirar pesadamente.

— Não, não é.

— Amor... — minha (agora ex) namorada sussurra, porém finjo que não a escuto.

— Me desculpe, Sra. Yang, e me desculpe, mãe, mas preciso mesmo fazer isso.

— Bom, para vocês terminarem assim tão de repente, precisa haver um motivo. Queremos saber qual é. — indaga a Sra. Yang, cruzando as mãos sobre seu colo, com uma expressão fechada.

— Primeiramente, prometo que não cortaremos as relações com a sua empresa. Eu, como futuro herdeiro do grupo Huening lhe garanto isso. E depois, a explicação sobre o término é que eu não sinto sentimentos pela sua filha.

— Mas filho, vocês sempre estiveram juntos, desde criança, como pode? — mamãe balançava a cabeça em negativa, como se não quisesse acreditar.

— É justamente por isso. Acho que está na hora de mudarmos para o que realmente somos. Jina merece alguém que realmente goste dela e a respeite, não sou perfeito para isso. Já tivemos muitas discussões e no fim, só aceitei que não somos um para o outro, por mais que vocês insistam. Quero poder sentir sentimentos verdadeiros por alguém de verdade, depois de muito tempo. 

Todos nós ficamos em silêncio. Minha mãe me olhava com desprezo. A mãe de Jina olhava para um ponto específico no chão. E Jina estava de cabeça baixa, enquanto lágrimas escapavam do seus olhos.

— Se me permitem, senhoritas. — Me curvo diante da mesa e saio, deixando-as ali, reunidas.

Ao sair do restaurante, paro na porta e respiro fundo. Finalmente tinha me libertado daquilo que me aprisionava há anos. Esperava ter uma conversa de negócios com meus pais mais tarde, é claro que eu não poderia deixar as coisas como estavam.

Namyoon, nosso motorista, me vê ali parado e vem até mim, pondo as mãos sobre meu ombro.

— Deseja ir a algum lugar, jovem?

— Quero voltar para casa, por favor. — ele assente, abrindo a porta para mim. Em meio a tantos problemas, precisava de uma válvula de escape para o bem da minha saúde mental, então enquanto Namyoon dava partida, o perguntei: — Será que o enjoe poderia pedir para o chef preparar tteokbokki?

— Como quiser. — ele concorda, e eu sorri em agradecimento.

Com o balançando do carro, tentei pôr em mente que às vezes alguns sacrifícios precisam ser feitos em prol de um bem maior.

Jang-Mi

Papai aparece na porta, que estava entreaberta, mas não sem antes de dar três batidinhas de leve e perguntar:

— Querida? Posso entrar.

— Claro. — arrumo a postura, sentando na posição de borboleta sobre a cama.

— Trouxe remédio para sua enxaqueca. — diz, estendendo a envelope do comprimido. — Precisa de algo mais? Talvez uma bolsa térmica? Ou quem sabe chocolates?

— Pai, só estou com dor de cabeça. Não estou menstruada. — sorri, em meio a tanto cuidado da parte dele.

— Sei que não está querida. Mas vai que você queria algo diferente, não é? Você merece. — ele acaricia meu cabelo, me fazendo deitar em seu ombro, de forma manhosa.

— Obrigada por cuidar sempre de mim. — agradeci, com os olhos brilhando. Percebo que papai também está sensível com esse momento. Sempre fomos próximos demais, porém momentos assim nos fazem lembrar da nossa maior saudade: a mamãe.

MIMADO | Hueningkai Onde histórias criam vida. Descubra agora