Visita

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É noite. Uma madrugada chuvosa e fria que, definitivamente, desanima qualquer pessoa a sair de casa.

Larissa desce o elevador até o térreo. Está só. Ana dorme profundamente em seu quarto. Solicitou as Evas que a deixassem. Todas deveriam ir para os alojamentos. Não haveria ninguém na torre, além de Ana e ela mesma, naquela noite.

O cumprimento da ordem, permite que Larissa passe pelas alamedas internas do domo sem, no entanto, haver nenhuma testemunha de sua presença.

Larissa chega ao portal norte. Traz consigo a caixa. Há tempos ela não tocava aquela caixa de madeira. Hoje ela será necessária.

Abre o portal. É a primeira vez que colocará os pés para fora do domo em mais de sete anos!

Está com roupas "civis" novamente, coloca a mão no bolso das calças e saca um pequeno dispositivo do tamanho de um chaveiro. Aciona o único botão do aparelho.

Um alarme toca "BIP-BIP", Larissa vê os faróis piscando.

Entra no carro de Ana e dá a partida. Há tempos não entra em um desses. Eram antigos, mesmo antes de Larissa tomar o domo. Um dos primeiros modelos elétricos fabricados, equipado com uma bateria de ânodos de silício.

Segue em direção ao portal de onde veio, agora dirigindo o carro. Encosta ao lado do sensor e se estica até que consegue acionar o dispositivo para abrir novamente a passagem.

Entra com o carro e cruza toda a avenida principal do domo. Há tempos não dirige, sente-se bem com a sensação novamente.

Está de frente para o portal sul agora. Repete o processo, para abrir o portal e sai com o carro.

As ruas, como Larissa previu, estão desertas. A cidade interna está cada vez mais vazia e com o frio, é de esperar que não cruze com ninguém no caminho.

Depois de algumas horas chega à cidade.

Estaciona defronte ao endereço, confere em seu pequeno caderno.

Entra no prédio, sobe o elevador até o 23° andar,para em frente ao apartamento 2305. Respira fundo. Aciona o interruptor da campainha.

A porta se abre e ela vê o ex-noivo, Julius, agora oito anos mais velho, enquanto ela permanece praticamente idêntica, fiel à imagem de quando se separaram.

— Olá, Julius! Você envelheceu mal... — Larissa dispara, sutil como um paralelepípedo.

— Felizmente, não posso dizer o mesmo de você, Lari.

A Torre de Selene (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora