Eclipse Lunar

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Quinze dias depois de Larissa enviar a tropa de Evas, uma de suas capitãs retorna sozinha.

— Mãe... eles venceram... — A eva suspira envergonhada — Fomos derrotadas.

— Derrotadas!? Como?

A capitã então, inicia a narrativa dos acontecimentos desde o dia em que partiram.

Seguem pelo caminho mais longo, de forma que possam patrulhar toda a península, evitando assim, serem surpreendidas por alguma emboscada. Andam por dias, em meio à trilha e não avistam ninguém... nenhuma pessoa. Até mesmo os animais estão quietos e silenciosos. Embora seja contrário à natureza das Evas, o grupo pressente no clima soturno que algo está... Como dizer? Diferente.

Andam por alguns dias e chegam a uma clareira que, nitidamente, havia sido o último acampamento dos selvagens. O chão claro na mata dá sinais de que a clareira havia sido aberta recentemente e o fogo ainda resistia em algumas brasas de fogueiras.

Contudo, nenhum sinal dos colonos, somente um rastro de vários pés marcam o chão em direção à cidade. As Evas seguiram, silenciosas, o rastro que em dado momento, se perdeu completamente, justo em um ponto em que não havia outro caminho a seguir, se não para a cidade abandonada.

Em formação, um grande bloco de cavalaria segue em meio a via dura do asfalto empoeirado da cidade morta. Os cascos batem ruidosamente no piso áspero e seco. Um grande retângulo branco em meio ao cinza-escuro da paisagem.

O ruído, subitamente, é encoberto por um barulho ensurdecedor. Várias carcaças de carros abandonados são arrastadas simultaneamente. Os camponeses surgem!

Surgem, justamente, quando o grupo se encontra em meio a um cruzamento de duas vias largas. Os carros, que estão sendo arrastados, são colocados em cada um dos lados do cruzamento, fechando as saídas possíveis para grande grupo de Evas.

Os mesmos homens que colocam os carros fogem, enquanto são substituídos por outros, que vêm com seus arcos e lanças surgindo por todos os lados em um movimento sincronizado.

A matança começa. Os cavalos, desorientados, correm e derrubam suas montarias. As amazonas negras em seus uniformes imaculados, tentam resistir ao ataque e, gradualmente, suas vestes se tornam escarlates.

Enquanto o ataque inclemente ocorre, mais aldeões se apresentam e empurram mais os carros, fechando o cerco até que apenas um espaço de poucos metros resta para um exíguo grupelho de Evas que ainda não haviam sucumbido.

Assim, quando há pouco mais que meia dúzia de guerreiras vivas, subitamente, um grito de ordem interrompe o ataque brutal. Todos se afastam e uma mulher esguia, com um olhar inteligente, segurando um arco vermelho, se aproxima calmamente do campo de cadáveres e diz às Evas sobreviventes:

— Uma de vocês, apenas uma, retornará. Quero que Ammit saiba o que houve aqui.

— Muito bem! — balbucia uma das Evas, ainda arfando.

— Então decidam quem fará essa gentileza. Se matem agora até que reste somente uma.

Oito mulheres ainda estão vivas. Se aproximam umas das outras e em um breve debate, em meio a sussurros e eventuais palavras audíveis a moça, sete delas se imolam, caindo sem vida aos pés da única que sobrevive para contar o que ocorreu à mãe.

— Meu nome é Nebeque. Hoje será conhecido como dia de nossa independência. O dia que Ammit foi derrotada. Avise à sua maldita progenitora que estamos preparados para quaisquer ataques que planejar, este é apenas um exemplo do que temos preparado para nos defender. Agora vá!

Assim, a Eva retornou. Agora repassa para Larissa tudo que viu e viveu.

— Precisarei de tempo para recompor minha infantaria. — diz Larissa em resposta.

A Eva deixa o salão. Larissa está com raiva, mas, ao mesmo tempo, sente que a culpa é sua. Deixou seus descendentes se multiplicarem, se espalharem demais. Além disso, criou motivos para se reforçarem. Pessoas acuadas, encontram formas de se defender. Ficaram fortes e motivados o bastante para resistir a seus ataques. Sua base mais ao sul está desativada e não há forma de consertá-la. Seus filhos, finalmente aprenderam a se defender!

Larissa reflete durante toda a tarde, sem conseguir encontrar uma solução. Precisará de alguns anos para recompor suas tropas... terá que conviver com essa derrota. Ainda mantém um grupo de Evas de defesa, mas não as sacrificará à toa.

Há outro problema a contornar. Não possui mais matrizes masculinas para providenciar tantas cópias... Sem nenhum homem como Julius para enganar, exceto...

Ela olha para Fobos. O rapaz, pela sua idade cronológica, deveria ser um senhor agora, mas continua a ser um pueril e inocente mancebo. Ela é responsável por isso também! A vida deste jovem, é completamente disfuncional e bizarramente longa por causa das decisões dela mesma.

Fobos fornecerá sua próxima matriz. Mas como obter o sêmen do menino? Ela não pode simplesmente pedir para que ele ejacule em um pote. Ela pensa um pouco e conclui:

— Criaremos um dispositivo de realidade aumentada para Fobos. Vamos criar uma namorada virtual para meu menino.

A Torre de Selene (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora