Ditirambo

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Finalmente o poder é seu. Fred sabia o tempo todo que havia algo em sua personalidade, em seu carisma, que é único. Aqueles miseráveis estavam se aproveitando de sua oratória em seu favor, mas agora Fred retomou para si o que lhe é de direito.

Como um rastilho de pólvora, suas ações se espalharam pelo mundo. Jovens de todos os países iniciaram as chacinas generalizadas. Os cadáveres estão jogados pelas ruas. Em todos os cantos do mundo o cheiro de putrefação toma o ar e envenena a água.

Efeitos colaterais... — pensa Fred.

Agora pode retomar um plano de renovação verdadeiro, autêntico. Rás em outros países foram mortos, enquanto ele, passou a ser o único e indivisível Deus.

Seus discursos, agora proferidos em inglês, com tradução simultânea em rede mundial de televisão, são transmitidos quase que ininterruptamente. Está todo tempo cercado de moços e moças dedicados a protegê-lo e a cuidar de seu bem-estar.

— O homem deseja lhe falar, Senhor Frederick.

Fred escuta essa afirmação em Inglês, percebe que um rapaz que nunca viu antes está à sua frente com um grande sorriso no rosto.

— Que homem? — pergunta também em inglês — Não quero falar com nenhum homem. — retruca Fred receoso.

— Não fique preocupado, senhor Frederick. Estou sozinho aqui. Não vê? Estou em meio a todos os seus defensores. O homem não se importa se eu não retornar. Meu contratante insiste que deseja falar com o senhor. Eu não recusaria essa oportunidade.

Fred fica confuso. Quem é esse homem? O que ele quer? O rapaz continua em sua frente com expressão mais amistosa que Fred já vira.

— O homem não lhe deseja mal. É interessante para o Senhor que permaneça assim não acha?

— Isso é uma ameaça? — Fred responde com indignação

— O homem não faz ameaças. Faz negócios. Como disse... Em seu lugar eu iria.

Fred não entende nada... Suspeita de não estar a par de tudo o que está acontecendo. Percebe que precisa saber mais a respeito, pois, somente assim, poderá se defender.

— Diga ao homem que o aguardo aqui. Ele pode vir e será bem recebido. — Fred diz a última frase com ar solene, dando maior valor a si mesmo.

— O homem não virá aqui. Ele irá recebê-lo em sua casa. Infelizmente o Senhor deve respeitar os termos estipulados. Como disse anteriormente, não há o que temer.

Fred fica travado de medo. Pensa um pouco e conclui.

— Sou o líder mundial deste movimento. Todos os jovens me seguem. Se pedir para se matarem, ele se matarão. Não acha que há uma grande vantagem a meu favor?

— Com certeza, senhor Frederick, o senhor é o maioral, o líder do caos... O que não percebe, é que não está no controle de nada. Se o homem lhe desejasse morto, sua cabeça estaria sendo servida em uma bandeja nesse momento. Podemos providenciar isso, contudo, não é o caso. O homem é um pacifista e apenas deseja conversar com o senhor para que sejam retomados algumas condições relevantes à condução dos planos para o futuro.

— Certo... E por que não podemos conversar em um local de minha escolha? Em meu lugar o senhor não acharia estranho, e arriscado, aceitar um convite como esse?

— Sim. Olhe em volta... Veja quantos jovens olham para o senhor. Todos são seus seguidores? Todos te obedecem cegamente? Eu não estaria tão certo de minha segurança e integridade física em seu lugar... O poder emana de fontes imprevisíveis, diversas.... E como o senhor sabe melhor que ninguém, o poder corrompe, como uma ferrugem. Mais uma vez, dou este conselho... Em seu lugar eu iria.

A Torre de Selene (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora