Sina

Encontro às cegas

oi

respostando por aqui (:

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Úrsula, minha melhor amiga, costumava achar cômico como eu tinha um tabu quando o assunto da roda era relacionamento. Você podia falar sobre lgbt – até porque eu nunca neguei o meu lado que pende para o colorido -, direitista, esquerdista, política, porte de armas, religião, os ataques terroristas nas cidades próximas a minha, e a lista segue. No entanto, relacionamentos eram algo de fato impossíveis para mim.

Eu tinha preguiça de todo esse drama que uma relação entre duas pessoas pode ocasionar. Não achava ter paciência para lidar com crise de ciúmes, me esforçar para fazer alguém feliz, me importar de verdade com a opinião de um segundo... Eu não servia para isso.

Por isso, eu optava pelos casos de apenas uma noite. Simples. Fácil. Prazeroso. Sem beijos no dia seguinte ou cobranças – algumas vezes claro, quando eu não estava tão acabado depois de ser fodido e não resistia a uma cochilada.

Era bastante simples para mim, e essa era uma das coisas que eu mais prezava na vida: simplicidade. Não é atoa que abandonei minha cidade natal para viver na Itália, que apesar de trazer uma sociedade fechada, era um pouco mais liberal que a Coréia. Simples. Entrei em uma faculdade de fotografia após estudar por meses, fiz alguns amigos e aprendi italiano com a Úrsula. Simples também. Não precisei de muito esforço para manter a amizade com ela, por isso a atual loira ocupa o primeiro lugar na lista de pessoas com as quais devo conviver.

Não sei ao certo quando Kim Taehyung quebrou não só este tabu, mas qualquer outro medo que eu pudesse ter de relacionamentos. Mas ele o fez. Simples assim.

E eu me apaixonei pela simplicidade bagunçada dele tão rápido quanto Úrsula foge da aula de análise crítica.

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Era sábado. Fim de semestre. 19:00. Eu estava em meu apartamento me preparando para uma longa noite de sono quando Úrsula adentrou com a minha chave reserva.

- Nem termina o serviço de deitar na cama. Vamos sair.

- Que? Nem pensar. Tô cansado, estressado e só quero dormir.

- Jeongguk...

- Não Úrsula! Me deixa.

Eu odeio a minha falta de força de vontade, ou o meu fraco por sexo, pois só foi escutar a palavra "encontro às cegas" que desisti da noite de sono. Eu poderia dormir depois de uma fodinha sem problemas.

Esse lance de encontro às cegas surgiu há algumas semanas nas nossas cabeças, quando dois amigos nossos acabaram tendo o melhor sexo da vida deles após o encontro. Parecia excitante. Você passa toda a noite conversando com uma pessoa invisível, pode imaginar ela como quiser e então, se desejarem, podem ir para um lugar reservado.

E depois de um longo semestre exaustivo eu realmente precisava de uma diversão.

A avenida que nos levaria para o tal restaurante estava cheia de jovens, pois era uma rua feita praticamente de boates. Úrsula grudou em mim quando um grupo de garotos começaram a jogar piadinhas para cima dela, mas graças ao meus olhar assassino e o meu porte físico, desistiram logo depois.

A academia faz milagres.

- Então é aqui? – perguntei curioso, ao pararmos em um pequeno bistrô. Consegui sentir o cheiro de vinho e pizza, abraçando o meu estômago vazio. – Uh, deu fome.

- Hm, é sim, é aqui mesmo. – ela checou algo no celular e então sorriu. – Vamos entrar.

Não estava tão cheio como eu imaginava que estaria. Também não estava tudo escuro e eu me sentia bastante confuso. Será que era ali mesmo?