O que somos?

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Taehyung estava me deixando louco.

Eu nunca fui o tipo de pessoa que fica se remoendo por dentro. Sério, se alguma coisa me incomodava eu simplesmente falava. Eu e Úrsula quase fomos expulsos da sala, durante o nosso segundo semestre na universidade, quando o professor de paisagismo insinuou que mulheres não seriam tão bem sucedidas quanto os homens. Bom, ninguém tinha culpa da mulher dele ser lésbica e o ter deixado por uma americana bonita. Em outra ocasião, passamos uma noite na cadeia por estarmos apenas os dois protestando contra as agressões policiais para com os artistas de rua. Não fomos fichados, graças a uma ficante da Úrsula, que na época cursava direito. A questão é que, eu não mantinha as coisas para mim. No entanto, como tudo com Taehyung, isso também não seria diferente.

Estávamos saindo juntos há quase três meses. Certo. Gostávamos da companhia um do outro, então tudo bem; Ele passava mais tempo no meu apartamento - enchendo a minha cama de manuscritos –, do que na casa dele. Não vou reclamar, eu adorava chegar em casa e o encontrar apenas de bermuda deitado na cama; Ele conhece minha vó, e eu conheço metade da família dele praticamente. – mas amigos também podem fazem isso né? E podem transar também certo? – Porém, eu não acho que ficantes ou amigos coloridos dão de presente uma pulseira para o outro, enquanto usa uma idêntica. Mas principalmente, amigos não estão caminhando juntos na rua e soltam um: "olha, só pra você saber, eu estou mesmo me apaixonando por você, então... Lide com as consequências".

Não éramos só amigos; também não podia chamar de amizade colorida, assim como não queria que ele fosse apenas mais um ficante.

Pela primeira vez, eu estava do outro lado da história.

❦❦❦

Ele comia um hambúrguer bastante calórico enquanto estávamos sentados nas escadas da porta do meu apartamento. Jimin nos chamou para jogar boliche com alguns amigos, então estávamos o esperando para podermos ir.

Tae parou de comer quando percebeu que eu estava o olhando fixamente. Eu adoraria poder ler a mente dele, mas Taehyung era excêntrico demais para isso.

- Quer um pedaço Ggukie?

Eu amava esse apelido. Senti o meu coração acelerar e então, as palavras que estavam me corroendo desde que ele disse que estava apaixonado por mim hoje cedo, escaparam:

- O que nós somos?

Ele franziu a sobrancelha, deixando o resto do sanduíche de lado.

- Como assim?

Suspirei. Minha cabeça doía, mas era melhor estragar tudo antes que eu acabasse ficando mais confuso.

- Você está ficando com outras pessoas? – perguntei rápido.

- O que? Claro que não. – ele respondeu chocado e depois arregalou os olhos. – Por que? Você 'tá?

- Não... – não suportei o toque carinhoso da sua mão no meu rosto, então me afastei um pouco para o lado, arrancando um suspiro dele.

- O que está acontecendo Jeongguk?

- Você é idiota ou não percebe as coisas que fala? – minha vontade era de rir da expressão confusa dele e do meu desespero. Mas apenas consegui soltar um muxoxo desconfortável. – Taehyung, nós estamos usando pulseiras iguais – apontei para elas, me sentindo cada vez mais leve enquanto as palavras saíam da minha boca. – Não ficamos com outras pessoas. E olha só, eu quero ficar o tempo todo perto de você. E, hoje, agorinha mesmo, você disse que estava apaixonado por mim.

Ele deu de ombros, sorrindo. – E daí?

Ele só pode estar de brincadeira. Como é que ele consegue agir tão naturalmente diante de uma situação dessas?

Ri nervoso.

- Você... Eu... Caramba! Eu tô muito confuso, nem sei o que estou falando. – suspirei, olhando para frente. – esquece, deixa isso pra lá.

Olhando de lado, ainda podia vê-lo sorrir daquele jeito que me faz derreter, e logo o senti se aproximar de mim. Taehyung passou o braço pela minha cintura e encostou o queixo no meu ombro, me olhando com aqueles olhinhos pidões, que infelizmente, me deixavam a mercê dele.

- Ggukie?

- Que?

- Quer namorar comigo?

Oi? Virei o rosto para ele, buscando qualquer indício de brincadeira de sua parte, no entanto, o seu rosto estava sério como eu nunca havia visto antes.

- Você tá louco? – murmurei baixo, sentindo minhas mãos soarem de nervoso.

- Por que? Não é o que você está tentando dizer?

Era? Eu queria namorar com ele?

Comecei a rir sem achar graça realmente, na verdade, estava tão nervoso que podia sentir minhas bochechas quentes. Taehyung começou a rir do meu ataque de risos, e quando me dei conta estava com a cabeça no seu ombro, tentando acalmar minha respiração enquanto observava o céu abandonar o azul claro do dia para o escuro da noite.

Finalmente consegui sorrir.

- Eu quero.

- Eu sei – riu mais um pouco. - Seus ataques de risos dizem muita coisa.

Levantei a cabeça para olha-lo. Eu acho que nunca vou conseguir parar de admirar a beleza dele; e nem entender como ele, logo ele, capaz de contradizer todos os meus princípios, esbarrou comigo em um encontro às cegas.

- Não sei como você consegue agir tão naturalmente com isso tudo. – disse e ele me olhou com um sorriso na boca.

Ficamos um tempo assim, encostados um no outro e nos olhando. Ambos sabíamos que aquele momento não precisava de palavras para nos expressarmos e eu agradeço pelo Taehyung ser tão fácil. Ele meio que equilibra a minha confusão.

Depois de um tempo, ele molhou os lábios com a língua antes de se inclinar para pressionar a boca na minha. Era um beijo diferente. Não era o beijo que dávamos antes de transarmos, ou o beijo de quando nos víamos depois de uma semana cheia de trabalho e faculdade, nem aquele beijo que trocávamos quando não conseguíamos dizer certas palavras.

Este aquecia o meu corpo e lubrificava a minha boca. Sua língua escorregava pela minha com calma, sem pressa, e eu soltei um suspiro quando ele se afastou, puxando o meu lábio com ele.

E eu gostava de como ele era capaz de acalmar os meus pensamentos com um beijo.

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- Agora que a gente namora... Podemos tentar aquela posição?

- Nem pensar.

- Por favor Jeonggukie... Namorados tem que se sacrificar um pelos outros.

- Não.

- Eu te compro a nova coleção de gibis do homem de ferro.

- Você acha que eu sou fácil né? - ri - Ok, eu faço. 

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