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Estar em um relacionamento, também é sobre ajudar o seu parceiro em todos os momentos de sua vida. É sobre cuidar e amar. Discutir e crescer. Quando se é jovem e imagina um amor para a vida toda, você não visualiza também as dificuldades, apesar de elas estarem lá para todos verem. Estar em um relacionamento para mim era sexo por uma noite, conversas vazia pelas manhãs e telefones trocados por eventualidade. Não tinha sentimento, parceria e cuidado fora da cama. Com Taehyung, tudo mudou. Se é uma coisa de almas gêmeas, se é o destino ou se não é, ele apenas se tornou mais de uma transa, desde a primeira noite.
Estar em um relacionamento com ele era também ajudar a superar os medos.
Como no início ainda, quando éramos apenas bebês andando pela primeira vez nessa coisa confusa e conturbada de sentimentos. Eu lembro de uma manhã de domingo que ele me levou a praça central para me ensinar a andar de bicicleta, pois eu nunca tinha superado o medo de infância após cair quando tinha dez anos de idade. Taehyung colocou capacetes em mim, riu quando eu tentei suborna-lo para desistirmos da ideia, e me segurou por todo o trajeto até eu sentir confiança em pedalar com as minhas próprias pernas. A sensação do vento batendo no meu rosto foi a coisa mais gostosa que eu já senti a minha vida, e eu só estava feliz por ele ter estado ali por mim.
Taehyung também me ajudou a superar o medo de entrar em bancos por conta da morte dos meus pais. Me ajudou a pensar menos e viver mais, a ser menos inseguro e o mais importante, ele me ajudou a não ter medo de amar e de me entregar à alguém. Eu devolvi como pude, mas foi somente após o seu acidente que Taehyung realmente precisou da minha ajuda.
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Ele acabou conseguindo dois meses de folga no trabalho para se recuperar. Nesses dois meses, o único lugar que ele pisava além da nossa casa, era a esquina para comprar comida. Taehyung tentava disfarçar dizendo que estava tomando cuidado para se recuperar melhor, mas eu sabia que ele estava com medo de sair na rua de novo.
Quando ele precisou voltar ao trabalho foi um pouco mais complicado. Ele chorou no banheiro de manhã, enquanto eu tentava acalma-lo pela fresta da porta. O que conseguimos foi que Jimin desse carona para ele todos os dias de manhã – já que não tínhamos um carro ainda – e o buscasse no fim da tarde. Taehyung estava bem com isso. Mais dias passaram e ele ainda não queria sair de casa. Não queria mais visitar restaurantes na quarta feira, passear com a Hanna nos fins de semana e nem ao menos andar comigo em um dia de calor à noite.
Então eu tomei uma decisão. Aconteceu numa sexta feira à noite quando Jimin foi buscar Tae no trabalho e passou no meu serviço para me buscar também. Foi no caminho para casa, após parar no sinal ao lado da praça central que eu pedi para Jimin parar o carro.
- O que foi? – Jimin perguntou com o cenho franzido e eu tentei dar o meu melhor olhar de só segue a onda.
- Eu realmente quero comer burritos agora. Vamos Taehyung? – olhei para ele sentado do meu lado, e o Tae arregalou os olhos.
- Jeongguk... Eu não- ele suspirou.
- Tae... Vamos, é rapidinho, você consegue.
- Vai lá Tae – Jimin também tentou encoraja-lo.
Taehyung olhou para Jimin, depois para mim e para o parque, então olhou para mim de novo.
- Eu não quero.
- Tae...
- Não consigo, por favor – pude ver seus olhos encherem de lágrimas, e a vontade que eu tive de desistir da ideia e me enfiar debaixo das cobertas com ele quando chegassemos em casa foi enorme, mas eu precisava ser forte, como ele sempre tem sido por mim.
- Tudo bem – dei de ombros e abri a porta do carro. – Então me espere em casa, vou levar um de chocolate pra você.
- Mas está tarde, Jeonggukie, é perigoso andar sozinho – ouvi seu resmungo quando já estava do lado de fora e dei um sorrisinho reconfortante.
- Então vem comigo.
Ele balançou a cabeça, como uma criança com medo de fantasmas. Suspirei.
- Então me espere em casa Tae.
Fechei a porta e me coloquei a andar antes que ele pudesse dizer algo. Se eu quisesse que Taehyung realmente enfrentasse seus medos eu precisava ser duro. Por isso, quando eu já estava um pouco longe do carro, tive a certeza de que escutei a voz dele me chamar.
Sorri antes de me virar a tempo de vê-lo correndo.
- Você não pode voltar sozinho – falou emburrado e segurou minha mão, olhando em volta.
- É, eu sei.
Então nós compramos burritos e nos sentamos nas cadeiras de madeira para comer. Ele até estava rindo e feliz, mas foi somente quando fomos voltar para casa que ele apertou minha mão com força e paralisou.
- Tae... – vi ele olhando fixamente para os carros passando na avenida que nos separava do outro lado e suspirei. – Tae, está tudo bem.
- Ele estava bêbado Jeongguk. Como uma pessoa pode ser tão irresponsável assim? E eu estava na faixa!
Apertei sua mão na minha e aproximei meu nariz da sua bochecha, alisando ali enquanto ele fechava os olhos.
- Eu sei que é errado e difícil pra você, mas amor, você não pode passar o resto da vida dentro de casa – ri fraco e ele me acompanhou, ainda de olhos fechados. Dei um beijinho úmido perto de sua orelha e ele assentiu. – Eu tô com você agora, tá bem? Vamos passar juntos.
Taehyung sorriu de olhos fechados e apertou minha mão, antes de voltarmos a caminhar.
Não ia ser uma coisa fácil e rápida. Taehyung não pararia com seus traumas da noite para o dia. Tudo o que bastava para ele saber, é que eu estaria bem ali, do lado dele e segurando sua mão. Sempre.
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Sina
Romance|taekook • fluffy| Sina: adjetivo de destino, predestinado. Jeongguk não tinha paciência para relacionamentos. De todos os tabus existentes, este era o seu maior, até conhecer Taehyung em um encontro às cegas. Mas entre insegurança e sentimentos, Je...