Chá de carinho

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oizinho (:

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O atrito gelado com o meu corpo me faz gemer desgostoso. Está quente como o inferno, apesar de uma tempestade estar caindo do lado de fora. Retiro o termômetro da axila e só confirmo o que já sabia.

Eu odeio ficar doente.

Resfriados me levam de volta à minha infância, com sopas sem sal, chá ruim e banhos frios para diminuírem a temperatura do meu corpo. Outro ponto negativo; eu me torno extremamente carente quando estou doente.

Puxo a coberta para cobrir o meu corpo inteiro. Eu deveria ligar para alguém, talvez a Úrsula pudesse me trazer um remédio, ou o Taehyung poderia me abraçar... Ah, não. Deixa pra lá. Não quero que ele me veja assim, todo manhoso, carente e melequento.

Eu sou tão idiota. Tenho a imunidade extremamente baixa e ainda insisto em sair na chuva, como semana passada, quando o Taehyung disse que cantaria em um pub e eu me desloquei no meio de um temporal para ir ver. Valeu a pena, mas... Que droga.

Saio de meus pensamentos quando escuto o barulho de chaves na porta. Finalmente uma vantagem da Úrsula saber onde guardo a reserva. Continuei na mesma posição até sentir um peso do outro lado da cama.

- Jeongguk?

Merda. Viro para o lado, só para encontrar o Tae me fitando com preocupação.

- Como você sabia onde estava minha chave?

- Debaixo do tapete? – ele arqueou a sobrancelha incrédulo. – Sério?!

Resmunguei, me contorcendo de desconforto no corpo.

- Vai embora... – pedi fechando os olhos, mas merda, meu corpo não colabora comigo, pois tudo o que fiz foi me agarrar as pernas dele.

Taehyung riu gostoso e começou a mexer nas minhas coisas no criado mudo.

- Por quê não atendeu as minhas ligações?

Murmurei um gemido, sem conseguir responder. Estava gostoso demais ficar agarrado nele.

- Meu Deus Jeonggukie, você está com 38 graus – abri os olhos quando ele começou a passar a mão no meu rosto. – Você precisa tomar um banho.

- Ah não – reclamei. – Nem vem. Me deixa aqui deitado e vai embora, não quero que você me veja assim todo vulnerável. – virei para o outro lado.

Ele riu, me abraçando por trás. Meu Deus, que confortável.

- Eu já te vi em situações piores, ou melhores, como de quatro por exemplo, o que te deixa muito mais vulnerável.

- Meu Deus do céu – ri. – Cala a boca, Tae.

Ele me apertou mais e deixou um beijo no meu pescoço. Gemi manhoso.

- Você tá muito quente... Por favor, toma um banho morno.

- Não quero...

- Eu esfrego suas costas – sugeriu, roçando o nariz geladinho na minha bochecha. – você gosta quando eu faço isso. O que acha?

Maldito. Ele já sabe os meus pontos fracos.

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- Ah, isso é tão bom. – murmurei satisfeito.

A água estava mais fria do que morna, mas eu não ousaria reclamar de nada enquanto ele estivesse passando a mão pelas minhas costas. Arrepios gostosos caminhavam por todo o meu corpo.

- Por quê não atendeu as minhas ligações? – essa pergunta de novo.

- Não queria te atrapalhar.

- Eu estava preocupado.

Mordi o lábio para conter um sorriso.

- Você não consegue mais ficar longe de mim, é isso.

Senti ele se aproximar de mim, ignorando o fato de que ele vai ficar todo molhado, e me deu um beijo na bochecha.

- Descobriu o meu segredo.

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Depois de me vestir com roupas quentes e emprestar algumas para o Tae, pois as deles ficaram todas molhadas depois que eu o puxei para me abraçar, ele estava há meia hora tentando fazer uma sopa.

Como minha casa era pequena, a minha cama ficava de frente para a mini cozinha, então tudo o que eu podia fazer ao observar o seu desastre na cozinha era rir.

- Dá pra você parar de rir Jeonggukie? – ele pediu rindo, lutando contra o frango para cortá-lo.

- Você tá cortando no ângulo errado. Assim vai ser impossível – mais risadas.

- Eu desisto! – ele levantou as mãos para o alto antes de pegar a carteira.

- O que vai fazer?

- Vou ir ali na esquina comprar uma sopa.

- Não precisa. Tá chovendo muito.

- Eu já volto – sorriu e então saiu pela porta.



Sentados na minha cama, o observando me dar sopa na boca, eu decidi que não deixaria o Taehyung ir embora da minha vida nunca mais. Que merda. Ele é muito incrível.

- Você está melhor? – perguntou manso, colocando a destra na minha testa para sentir a temperatura.

- Tô sim.

Ele levou a comida para a cozinha e jogou tudo no lixo, logo depois voltou com a xícara de chá.

- Pelo menos isso eu consigo preparar.

Ri, tomando um gole do chá ruim.

- Eu odeio chá. – resmunguei. – E aceite que eu sou o cozinheiro desta relação.

Ele riu assentindo. Taehyung sentou ao meu lado, enquanto fazia um cafuné na minha cabeça.

- Sabe... – começou a falar e eu deixei a xícara do lado para me deitar. Deitamos um de frente para o outro. – Você... Você pode me ligar quando estiver doente.

Sorri. – Obrigado Tae.

Ele sorriu de volta e começou a se aproximar, mas eu o empurrei rindo.

- Não chega perto, não quero que fique doente.

Ele se aproximou mesmo assim, agarrando-se a mim, e colocando minha cabeça em seu peito. Eu não conseguiria negar nem se eu quisesse. – Aí você vai poder cuidar de mim. – sorri. Ele nos cobriu com a coberta e eu o segurei com mais força.

Ele me contou sobre sua semana no trabalho, e eu percebi naquela noite que suportaria os banhos gelados, chá ruim e sopa sem sal se fosse o Taehyung a cuidar de mim.

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