Revenge Scheme by a Crown Prince - BL

Capítulo 33

Os caracteres dispersaram-se transformando-se em partículas douradas que preencheram o ar. Nie Yan observou tudo com espanto e arregalou os olhos quando as partículas se juntaram e formaram uma imagem.

-É uma memoria? – questionou-se estreitando a vista para ver melhor o que se estava prestes a desenrolar.

Á sua frente apareceu um vale entre dois montes, ele reconheceu logo o que era.

-DaeYi? – murmurou unindo as sobrancelhas. – Porque me enviaram isto?

Pensou em encerrar tudo e devolver por ser um engano, mas a curiosidade falou mais alto, por isso limitou-se a sentar e assistir:

Eu nasci nesta Semi-Casa e foi lá que fui criado durante toda a minha vida

As pupilas de Nie Yan encolheram, aquela era a voz de nada mais nada menos do que o Mestre de DaeYi, Yi Tian Li.

O que significa isto?!

Nie Yan não se sentia culpado, mas sim apreensivo. Ele prejudicou muito a vida daquele homem, primeiro desvendou todos os segredos obscuros da sua Família e depois deixou o seu pai para trás á merecer da morte.

Aquele homem tinha todas as razões para o odiar. Ele não se surpreenderia se a meio daquele texto fosse amaldiçoado.

Como filho primogénito do Líder da Semi-Casa DaeYi, o meu dever seria aprender as doutrinas e as tradições da família assim como os princípios e valores da Semi-Casa. No entanto eu sempre tive uma aversão aos estudos e praticas. Não gostava de empunhar uma espada, mas também não queria ler um livro, cresci sem nenhuma paixão.

Passava os meus dias a fugir dos Mestres e a ouvir do meu pai, mas por mais que ele quisesse que eu fosse um bom herdeiro, nunca liguei para isso. Uma vez tive uma discussão enorme com ele, onde ameacei abandonar a Semi-Casa e qualquer relação com ela. Isso enfureceu-o, mas eu não liguei. Nesse dia corri para o campo dos pomares, costumava ir para lá quando discutia com o Líder DaeYi. O meu som favorito em todo o mundo era o do vento a passar pelos ramos das arvores e as folhas a baloiçar, talvez seja porque o meu elemento primordial é ar, de qualquer forma, não tenho interesse em saber.

No dia anterior tinha lá estado, subi a uma das macieiras e descansei sobre um dos ramos. Infelizmente, ele já estava frágil devido às tantas vezes que me deitei sobre ele e acabou por partir. Por isso surpreendi-me quando, naquele dia, deparei-me com esse mesmo ramo preso na arvore. Estranhei-o, por isso aproximei-me e reparei que havia uma fita de cabelo vermelha uni-lo ao resto da arvore com um pequeno encantamento. A surpresa deu lugar a uma gargalhada, que idiotice pensei, porque alguém gastaria a sua energia para arranjar um ramo de uma arvore?

Apesar de tudo, fiquei curioso, queria saber quem era a pessoa idiota que teve aquela ideia, por isso desfiz o nó da fita e enrolei-a á volta do meu pulso.

O ramo voltou a cair.

No dia seguinte despachei-me mais cedo dos meus afazeres, o meu pai tinha-me obrigado a passar o mantra da Semi-Casa cinquenta vezes como punição por lhe ter levantado a voz, mas isso não é importante. Onde é que eu ia? Pois sim, corri até ao campo dos pomares e desiludi-me um pouco quando vi que o ramo continuava no chão. Decidi esperar.

Subi á macieira e descansei sobre outro ramo. A copa da arvore era densa o suficiente para me esconder. Acabei por adormecer e só voltei a abrir os olhos quando ouvi alguém a reclamar por baixo de mim:

-De novo! – protestou uma voz feminina.

Virei o corpo de forma a conseguir vê-la. Não a conhecia, mas usava o emblema da Semi-Casa DaeYi, e parecia ter mais ao menos a minha idade, talvez fosse um ou dois anos mais velha. Era uma discípula.