Minha vocação nunca foi um mistério para mim. Não lembro exatamente quando esse pensamento surgiu pela primeira vez, mas desde muito cedo eu soube o que eu queria ser, ou melhor, o que eu seria quando crescesse. Enquanto a maioria das crianças estava ocupada demais aprendendo a tocar algum instrumento ou praticando algum esporte, eu passava a maior parte do meu tempo escrevendo, sobre literalmente qualquer coisa. Mas coisas reais, acontecimentos cotidianos, até mesmo fatos ensinados na última aula de história. E não fábulas, contos de fadas e toda essa baboseira de jardim de infância (que eu, particularmente, achava uma perda de tempo). Meu hobby era a informação, e eu me considerava muito, muito bom nisso.
"O que você vai ser quando crescer, Soobin?"
Jornalista.
Não seria exagero se eu dissesse que enviei minhas candidaturas segundos após a abertura das inscrições para faculdade, mas não fiquei nem um pouco apreensivo em relação a ser ou não aceito. Eu tinha pressa de começar, mas não temia a possibilidade de não entrar na faculdade, pois eu sabia que entraria.
E então a carta chegou, eu me formei no ensino médio e vivi as últimas férias de verão da minha vida antes de finalmente começar a viver de verdade. Os próximos anos da minha história podem ser brevemente resumidos em estudo e preparação, foi basicamente tudo o que eu fiz enquanto estive na faculdade. No meu último ano, meu foco em conseguir um estágio resultou numa vaga de auxiliar geral no maior canal de TV do país. Minhas funções se resumiam em carregar papelada de reuniões importantes e garantir que o café do CEO fosse com espuma e sem açúcar, e eu conseguia manter o nível de satisfação razoável o suficiente para me efetivarem em alguns meses e eu conseguir um espaço no jornal da manhã, como o garoto do tempo. Eu odiava, mas era o caminho necessário para a futura vaga na mesa de pauta do jornal noturno, que veio meses depois, é claro.
O jornal da noite era o noticiário com maior audiência do país e eu era destaque em todas as matérias em que me envolvia. Era o meu nome o mais citado nas reuniões e todos os âncoras e editores deixavam claro sua preferência em trabalhar comigo quando o assunto era mais sério e importante, mas eu me limitava sempre no que era ou não importante para mim. Jamais quis meu nome envolvido em alguma matéria genérica ou coberturas de qualquer evento. Não, eu merecia mais e era capaz de fazer mais. Eu sabia disso.
Por isso já é de se imaginar a minha reação quando meu chefe, Sr. Chang, disse que eu seria o responsável por um documentário sobre a vida de um cantor de música pop que andava casando problema por aí. Eu tentei explicar que eu não me encaixava para o trabalho e cheguei a fazer uma lista com vários nomes de outros jornalistas mais aptos para a função, mas foi completamente em vão. Era um trabalho grande, e eu era o de maior confiança. Não existia ninguém mais apto que eu.
— Será um trabalho incrível, Choi. — Sr. Chang mantinha um sorriso amarelado enquanto apertava minha mão, sentado do outro lado da mesa de reuniões quase vazia — O Sr. é o melhor jornalista para esse trabalho.
Jornalista, Sr. Chang, não babá de artista.
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24/7 • yeonbin
FanfictionVERSÃO FÍSICA PELA EDITORA INVICTA - 2025 Choi Yeonjun é um dos maiores astros da música mundial, mas suas atitudes recentes vem deixando sua carreira em risco. Em parceria com o canal de TV mais popular da Coreia, sua empresa decide lançar um docum...