capítulo seis - respire fundo

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     O céu ainda estava escuro quando eu me levantei. Não precisei arrumar muita coisa, já estava tudo no mesmo lugar do dia anterior. Minha única preocupação era saber se Yeonjun estava ali desta vez. Mas, para o meu alívio e o bem do meu emprego, ele estava sentado no tapete da sala, com uma xícara nas mãos, olhando pela janela da varanda. Tinha uma coberta longa em volta dos ombros.

— Bom dia. — ele disse, ainda sem olhar para trás.

— Achei que ainda estivesse dormindo.

— Não, acordei já faz um tempo. Aproveitei que tinha que acordar cedo e vim ver o sol nascer. Senta aqui.

Me aproximei dele e me sentei ao seu lado. Uma brisa gelada tomou conta do meu corpo, vinda da porta da varanda aberta, e Yeonjun estendeu a coberta de uma forma que cobrisse nós dois. Agradeci mentalmente por ser longa o suficiente para isso. Estávamos no meio do inverno e, por mais que o apartamento fosse aquecido, o frio da manhã era realmente cruel.

— Já tá quase na hora. — ele disse.

Em silêncio, pude ouvir os primeiros sons do dia aos poucos se espalharem pelo ambiente. Os passarinhos cantando, os carros na rua... Finalmente, os primeiros raios de sol atravessaram a varanda, nos atingindo em cheio. O calor trazia uma sensação gostosa, misturada com aquele ventinho gelado, já não tão incômodo. Olhei para Yeonjun e ele estava de olhos fechados.

— Eu senti falta disso. — ele disse, respirando fundo.

— É realmente muito bom.

Yeonjun inspirava e expirava devagar, parecia tentar absorver toda a energia trazido pelo sol e pelos sons da natureza lá fora. Como se estivesse meditando, ele repetiu esse processo algumas vezes antes de soltar as mãos sobre as coxas e se virar para mim.

— Bom, o sol nasceu. Vamos gravar?

Eu me levantei, rindo um pouco.

— Bom dia, Choi Yeonjun. Nem parece a mesma pessoa que fugiu de mim duas vezes.

— Eu fugi das gravações, não de você.

— E qual a diferença?

— Muita diferença.

Ele já estava em pé, na minha frente. Jogou a coberta no sofá e me olhou por alguns segundos antes de levar sua xícara para a cozinha.

— Eu vou no banheiro rapidinho, você pode ir se arrumando se quiser.

Ele riu e se aproximou de mim mais uma vez.

— Desse jeito tá muito ruim pra você?

Ele usava uma roupa preta, como de costume. Seu cabelo estava solto e cobria parte de seu rosto. As mangas compridas da blusa cobriam todas as suas tatuagens, mas era difícil saber se o motivo era apenas o frio ou a real necessidade de escondê-las.

— Eu sei lá, você é artista, tem todo esse lance de maquiagem.

— Você disse pra eu ser eu mesmo. Não gosto de maquiagem, ainda mais de manhã.

Eu olhei para ele por um momento, aquele cabelo no rosto... Aquilo não daria um bom enquadramento na câmera, principalmente sabendo que as pessoas queriam ver ser rosto, suas expressões, seus olhos. Não demorou muito tempo para Yeonjun perceber que eu o encarava.

— O que foi?

— Seu cabelo. Tá cobrindo toda sua cara. — virei ele de costas pra mim e usei uma das pulseiras no meu punho para prender seu cabelo num coque.

24/7 • yeonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora