{sixteen} your song

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Acho que chorei o caminho todo até meu apartamento. O motorista me ajudou a descer todas as coisas do carro e deixar no elevador, eu agradeci e apertei o botão do meu andar. Quase apertei o da cobertura sem querer, por puro costume. Quando o elevador parou, me assustei ao me deparar com um corredor curto e algumas portas ao invés de uma sala de estar enorme. Costume do caralho.

Arrastei as coisas até minha porta e abri, tendo uma curta visão do meu apartamento pequeno, vazio. Depois de guardar tudo, eu me larguei no sofá. O silêncio me incomodava demais. Eu passei os últimos dias sempre na companhia de uma pessoa ou mais, era estranho me ver sozinho assim, de repente. Senti o cansaço começar a fazer efeito no meu corpo e me deitei ali mesmo, no sofá, mas não consegui pegar no sono. Era silencioso demais. Vazio demais. Solitário demais.

Me levantei e saí do apartamento, disposto a caminhar um pouco. Eu andava pela calçada tentando esvaziar a mente, mas era impossível não pensar em... tudo. No fato de que meu chefe havia visto aquelas imagens porque eu tinha sido burro o bastante para enviá-las, no fato de que eu estava desempregado e também nele, é claro.

Choi Yeonjun.

O nome mais citado nas premiações, nos charts, nos noticiários e agora o nome mais presente na minha cabeça. Eu só não conseguia entender o porquê. Foram pouquíssimos dias, como eu consegui me envolver daquele jeito? Eu nunca fui do tipo que me entregava, não tão fácil assim. Mas Yeonjun tinha aquela coisa... não sei explicar o que era. Era verdade que ele me deixou intrigado desde o primeiro momento que eu o vi, com aquele moletom, depois com a regata larga, as tatuagens, o cabelo cheiroso, o sorriso perfeitinho... Que droga, por que eu não conseguia parar de pensar?

Tentando desviar meus pensamentos, eu olhei em volta. Acabei notando um petshop um pouco à frente e decidi ir até lá. Bichinhos sempre me acalmavam. Fui recebido por piados de passarinhos assim que entrei e uma senhora sorridente me recebeu atrás de um balcão.

— O que procura, filho?

— Ah, eu só estou dando uma passada, obrigado.

— Fique a vontade.

Fiz uma reverência em resposta e continuei olhando, até notar um cercado ao lado do balcão. Me aproximei e vi um gatinho cinza, era realmente lindo. Parecia desses que a gente vê na TV.

— Pode pegar no colo de quiser, ele é mansinho. — a senhora disse.

No mesmo instante eu o peguei no colo e ele se aconchegou nos meus braços. Não era tão pequeno, mas cabia perfeitamente. O bichinho se sentiu tão confortável que adormeceu ali mesmo.

— Deixaram ele aqui na porta essa madrugada, dentro de uma caixa, probrezinho. — ela se aproximou e acariciou a cabeça do gato — Tão tristonho, mal bebe água.

— Ah, tadinho... — eu olhei para dentro da cerca e peguei o potinho de água que estava ali, aproximando da boca do gatinho — Vamos, você precisa se hidratar...

O bichinho abriu os olhos e cheirou o pote de água antes de tomar quase tudo. A senhora me olhou com um sorriso tão grande quanto suas rugas a permitiam sorrir.

— Acho que ele gostou de você, menino. Leve ele!

— Ah, não sei... Eu nunca cuidei de um bichinho antes e ultimamente não tô sabendo nem me cuidar. — eu disse e ela riu. — Quanto custa?

No mesmo instante, a moça negou com a cabeça, ainda sorrindo.

— Eu não vendo animais, filho. — ela olhou para o gatinho e o acariciou novamente — São vidas, entende? Não tem preço. Se quiser cuidar dele e dar todo o amor que ele merece, pode levar.

24/7 • yeonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora