versão de april: o desconhecido

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Ainda adormecida sinto algo molhado e áspero a passar na minha cara. Abro os olhos e vejo que era o Beethoven a lembre-me.

-Bom dia para ti também – levante-me e ele correu até à porta aos saltos – vejo que acordaste com energia.

Olho para o relógio e já era uma da tarde.

Desço as escadas e Beethoven vem atrás de mim. Abro o frigorifico à procura de algo, mas na verdade não tinha muita fome.

Olhei para a porta da rua e ele estava lá a olhar para mim – queres passear? – ele dá um guincho – está bem, vou vestir-me.

Subi as escadas e vesti umas leggings e uma t-shirt. Peguei numa trela e voltei a descer as escadas.

Vou até à porta e o mesmo começa aos saltos impedindo de colocar a coleira.

-Que se passa contigo? Não costumas ser assim agitado – estranhei.

Peguei nele e abri a porta. Pus ele no chão e pareceu ficar mais calmo por estar na rua. Mas assim que vou tento prender a trela, ele começa a correr.

-Beethoven vem cá! – gritei mas ele continuou a correr em direção às várias árvores que nos rodeavam.

Respiro fundo e começo a correr. Enquanto isso chamava por ele e assobiava, mas ele não desistia. Por conta de estar a gritar e com o facto que não corria assim à um tempo, comecei a ficar esgotada. Mas mantive-me forte com medo de o perder.

Por momentos comecei a ver um grande campo amarelo, e quando me aproximei percebi que era um campo de trigo.

Parei por uns momentos para respirar – ei, volta aqui! – gritei.

Respirei fundo novamente e com um grande sorriso corri pelo campo de trigo de braços abertos. Comecei a lembrar de memórias antigas. Por alguns segundos nem sentia os meus pés, como se tivesse a sonhar.

Acabo por ter uma ideia e finjo cair no chão, depois gritei barulhos em manifestação de dor.

Segundos depois Beethoven aparece ao meu lado e lambe-me a cara.

-Sabia que ia te apanhar – disse e prendi a trela na sua coleira.

Permaneço deitada a olhar para céu e a observar os movimentos que o vento fazia com o trigo. Beethoven deita-se como se já tivesse gastado as suas energias todas.

Olho para o sol e por um instante fico cega. Quando a minha visão volta ao normal vejo um rapaz à minha frente. Estaria eu a sonhar?

-Estás bem? – ouvi ele a falar.

Ponho o braço na frente do meu rosto a tapar o sol e olho para ele. Seu cabelo era de cor escura e alguns dos seus fios formavam pequenos caracóis. Era alto, e um pouco pálido. O seu sorriso por mais que estive-se escondido era doce, e as suas poucas palavras de preocupação saiam de uma forma agradável.

-Estou bem obrigada – sorri.

Ele ficou um pouco parado, como se pensa-se em algo. Depois sentou-se do meu lado a olhar para o céu sem dizer nada.

amor nos campos de trigo Onde histórias criam vida. Descubra agora