amor nos campos de trigo

versão de april: assuntos da nova casa

Entrei no carro e fui até à casa dos meus pais para poder contar as novidades. Assim que entrei deparei-me com o meu irmão que estava a escrever algo sentado no sofá.

Tiro o casaco e penduro num bengaleiro que havia perto da porta de entrada. Sigo até Simon e ele põe-se em pé. Mesmo ele sendo mais novo que eu, temos a mesma altura. Seus cabelos encaracolados em tons castanhos são a primeira coisa que observo, e depois passo as minhas mãos no mesmo. Ele reclama sempre, mas depois dá um leve sorriso carinhoso.

-Então, sempre conseguiste uma casa? – disse olhando para mim com um olhar encantador e curioso.

Olhei para o chão com um especto triste que fez o sorriso dele desaparecer.

-Consegui! – exclamei aos pulos, e ele abraçou-me.

-Quando vamos vê-la?

-Talvez amanhã. Preciso de falar com os pais, onde eles estão?

-Saíram, mas em pouco tempo chegam.

Sentamo-nos no sofá a conversar um pouco.

No fundo vou ter saudades de tudo. Das rotinas, do barulho dos talheres a bater nos pratos enquanto conversavam sobre coisas do trabalho. Dos cheiros dos doces que a minha mãe sempre faz todos os fins de semanas. Das discussões com os meus pais que acabam sempre em risadas. E dos filmes que víamos juntos sempre após jantar.

Como disse antes, não vou para longe, mas muitas coisas vão mudar, e algumas delas vão ser difíceis de me despedir. São nestes momentos que percebemos que até os pequenos detalhes vão nos deixar saudades.

Olho em volta para as molduras de fotografias nossas.

-Sempre achei uma tolice ter fotos nossas em molduras espalhadas pela casa inteira, mas agora eu quero encher a minha delas – sorri.

-Estás a ficar adulta – deu-me um leve soco no ombro e riu-se.

-Parece que sim.

Ouvi a porta a abrir-se e os meus pais entraram.

Emily, minha mãe. Seus cabelos ficavam pelos ombros, vermelhos, exceto nas suas raízes que possuíam a sua cor natural, que seria castanho. Possuía grandes argolas nas orelhas, uma maquilhagem que ressaltava os seus olhos, e roupas luxuosas. Gostava sempre de andar bem vestida para elevar a sua confiança. Apesar de parecer uma pessoa com um alto ego, na verdade era muito doce e gentil.

Já o meu pai, Michael, era mais simples. Cabelo curto e escuro, uma pequena barba e apenas vestia uma t-shirt e calças de ganga. Era a sua roupa habitual. O que mais se destaca nele é o seu sorriso, com ele encanta todos.

Eles se aproximaram de mim à espera de uma resposta.

-Sim eu consegui!

Eles abraçaram-me com toda a força.

-Vamos sentir a tua falta aqui – disse Emily com um olhar orgulhoso.

Apesar das saudades, eles sabiam que era um passo importante que tinha de tomar.

Falei-lhes um pouco de como era a casa, e eles mostram bastante interesse em querer vê-la. Até podia ser hoje, mas disse-lhes que tinha de resolver umas coisas do trabalho, precisava de mais alguns dias de férias para organizar a casa, pois não esperava arranjar uma tão cedo. Para não falar que nem comecei a embalar as minhas coisas.

Eles disseram que ajudavam no que fosse preciso. E assim o fizeram, pois passamos a tarde a meter as minhas coisas em caixas.

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