diário de james: a nova companhia

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Já passou dois meses após o ocorrido, francamente eu pensei que iria largar este diário mais cedo, mas ainda sinto a necessidade de continuar a escrever. Só assim sinto que estou conectado contigo, e a ultima coisa que preciso neste momento, é esquecer-te.

Levantei-me cedo como habitual, e decidi procurar algo para ler. Como tu já dizias, a nossa casa é uma biblioteca, então nunca vai faltar livros.

Decidi procurar um livro mais juvenil, então fui numa pequena caixa ao lado de uma imensa prateleira. Dei uma folheada, mas parece que já os tinha lido todos. Como sabes, quando surge a vontade de ler algo, tenho de o fazer na exata hora.

Sendo assim, peguei em algum dinheiro e sai de casa, pois mesmo tendo uma biblioteca, ás vezes não encontro o que pretendo. Aproveitei e pensei em passar no supermercado. Normalmente não gosto de sair muito para locais públicos, então prefiro fazer as duas para evitar conversas.



                                     ★     ★     ★



Ao entrar na livraria, ouvi o som do espanta-espíritos a bater na janela da porta. No mesmo momento uma rapariga se dirige a mim com um enorme sorriso. Suas palavras saiam numa forma doce, mas tudo o que ela dizia, parecia estar escrito num guião.

Ela trabalhava ali há pouco tempo, pensei, pois eu nunca a vira antes. Deixei-lhe claro que já sabia o queria, e segui para as prateleiras de leitura juvenil. Ela fica parada e depois volta para o balcão, mas agora sem o sorriso. Às vezes posso ser um pouco indelicado, mas sinto que todas as pessoas falam comigo apenas para ajudar-me, pois todos aqui na cidade sabem a minha história, mesmo não me conhecendo de todo. É normal, pois nunca ninguém havia ganhado a lotaria aqui, então todos ficaram curiosos em saber quem era esse tal vencedor. Até olhavam para mim espantados, como se deixasse ouro nas minhas pegadas. Assim que souberam que morreste, ficavam tentando conversar comigo, queriam me ajudar, diziam eles. A questão é, eu não preciso de ajuda, eu estou bem, porque que eles se preocupam se nem sequer me conhecem?

Fiquei olhando para os livros que não conhecia há procura de novos escritores, gosto de ler o trabalho de iniciantes e ver eles a crescer na leitura. Acabei por encontrar um, e achei interessante, falava da magia por detrás das borboletas. Sempre apreciei essa junção de temas, magia e natureza. Ainda mais porque muitos pensam que não existe tal coisa.

Fui até há caixa e paguei o livro, aproveitei e pedi desculpa pelo meu rude comportamento. A mesma aceitou, mas depois começou a fazer umas expressões como estivesse interessada em mim. Então antes que fizesse algo pior, despedi-me dela e segui o meu caminho.



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Assim que finalizei as minhas compras, voltei para casa. A meio do caminho começou a chover, então tive de ficar numa paragem próxima de mim, pois não queria danificar o meu livro.

Fiquei apenas sentado a olhar a chuva a cair à espera que a mesma para-se, mas acabo por despistar-me ao ouvir um barulho de um gato. Segui o som e encontrei-o, era extremamente pequeno, e estava preso num buraco. Peguei-o com cuidado e voltei novamente à paragem.

O seu pelo apesar de molhado sentia-se a sua suavidade. Sua cor era laranja e com tons amarelados, que combinava com os seus lindos olhos verdes. Decidi chama-lo Ginger, combinava com ele.

Até fiquei feliz de o encontrar, sempre quis ter um, mas as tuas alergias não cooperavam.

Logo que parou de chover, eu segui o meu caminho, mas agora com um novo parceiro. Acho que ele gostou de mim, porque permaneceu a viagem sentado no meu colo sem miar, e nunca tirou os olhos de mim.

Quando cheguei a casa pequei em algumas mantas e fiz uma cama para ele. Fui ao frigorifico e dei alguns restos de comida. Ele pareceu estar satisfeito com a comida.

Sentei-me e fiquei apenas a observá-lo, mas assim que o mesmo acabou de comer, preferiu ir para o meu colo do que ficar na sua nova cama. Não me importo de todo.

Isso obrigava-me a ficar sentado até ele acordar, por isso aproveitei e comecei a ler o livro que havia comprado há minutos atrás.

amor nos campos de trigo Onde histórias criam vida. Descubra agora