versão da april: o doce som da sua voz

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Sofia apresentava-se na minha frente sentada de pernas cruzadas como as crianças faziam na hora do conto. Conversava sobre as suas malucas ideais para a sua peça de teatro até que lhe surgiu outro tema digno de se dizer: interessante.

-Já te resolveste com os teus sentimentos amorosos? – perguntou-me.

-Resolvemos tomar uma ação.

-Progresso – Sofia passou a mão no queixo satisfeita – estou deveras interessada, conta-me.

-Beijei-o.

Aprecio imenso ouvir uma história desde o seu começo até o tão esperado final. Mas por vezes, chega a ser ansioso de tal maneira que prefiro saltar todas as páginas e ler apenas a última. Talvez seja essa razão de não ler. Além disso, estava inquieta para ver a reação de Sofia.

Ela bateu no meu ombro com alguma força e arregalou os seus olhos ao mesmo tempo que gritava.

-O QUÊ!?

-Para falar a verdade, foi ele que me beijou, mas eu cooperei – corrigi-me.

-E dizes-me isso assim de relâmpago? – mexeu os braços animada.

-Queres mais detalhado agora? – trocei.

-Por favor – debruçou a sua cabeça sobre as mãos.

Contei-lhe, expondo todos os pormenores usando as palavras mais doces que foram criadas na terra. Se ela queria ouvir uma história, teria de ser bem contada.

-... depois ao sair de sua casa, ele puxou-me pela mão e roubou-me mais um dos meus beijos – olhei-a de rosto rosado – ele, é tão, querido.

Sofia decidiu expressar mais uma vez a sua felicidade num grito. E de mãos agitadas, aproximou-se para me dar um rápido abraço.

-Não quero roubar-te os holofotes, mas... eu também o beijei!!

-O James? – perdi o raciocínio.

-Não – riu-se – que horrível amiga seria eu. O Noah!

Suspirei num grito de alivio e espanto.

-Esqueci-me! Portanto, o meu empurrão deu certo.

-Sim – passou a mão no cabelo e pôs um pouco à frente da sua cara envergonhada.

-Antes que me contes tudo. Eu sei que falei com ele sem a tua autorização – admiti – tinha a certeza que iria dar certo e não podia deixar fugir os vossos sentimentos. Foi aí que soube que não podia deixar ir os meus – sorri. Desamarei o lenço do meu cabelo deixando-o cair sobre os meus ombros.

-Mas as tuas intenções eram boas, e deu tudo certo, então não importa – Sofia sorriu-me.

Posei o lenço em cima da mesa de mistura.

-Diz-me então como foi o teu conto de fadas – olhei-a e ela restringiu o seu sorriso, mas não por muito tempo, pois ele voltou a crescer.

-Ele desceu as escadas do teatro tão rápido que tropeçou no último degrau. Heroína que sou, saltei do palco e perguntei se ele estava bem. Ele disse-me que sim e depois ficou paralisado nos meus olhos por alguns segundos – riu-se – pensei que ele ia ter um ataque ao algo do tipo, então... bati-lhe.

-Bateste-o?

-Apenas uma chapada, nada demais. Ele está bem okay!? – ri-me e ela continuou a história – depois piscou os olhos umas cinco vezes e disse-me: eu sinto o que tu sentes, não me faças perguntas, apenas... apenas... E eu percebi, não podia haver duvidas naquele lindo discurso e cruzar de olhares. Beijei-o e depois ele puxou-me para mais perto dele. Obviamente, Lewis estragou tudo e bateu palmas enquanto dizia: namorar é fora de horas. Mas, quando ele disse a palavra namorar, só me deu mais vontade de o beijar, e fi-lo.

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