diário de james: destinado a ser feliz

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Hoje por nenhum motivo acordei mais tarde, talvez o meu ser não queria acordar, para perder as boas coisas da vida, como o nascer do sol ou os pássaros a fazer os seus ninhos.

Desci as escadas esfregando os olhos ainda com a minha visão meio nublada.

Sem perceber, dou um passo em falso e escorrego das escadas, dando com força no chão de madeira. Levanto-me devagar, mas agora com a minha visão melhorada. Olho para o chão e vi que tinha feito um pequeno buraco.

Assim que me aproximei e olhei para o mesmo, notei que tinha algo debaixo da tábua.

Puxei com alguma força para cima e vi uma caixa escrito o nome Rose.

Deves estar-te a perguntar porquê que a tua caixa de lembranças da mãe está escondida. Bem, eu pedi à Flora e à Anna para a esconderem. Eu não me sentia bem a ver aquelas coisas.

Mas parece que mais uma vez, coisas estranhas acontecem.

Porquê que eu acordei tarde? Acordo sempre cedo. Porquê que resolvi ficar sem ver nada e cair ao ponto de partir a tábua?

Eu pouco escrevia aqui no início, não tinha muito que dizer, mas com estes acontecimentos tenho coisas para dizer. Será que és tu a fazer isso? Diz-me.

Enfim, não me vais responder de qualquer maneira, não sei porquê que insisto em perguntar.

Sentei-me no chão e puxei a caixa para fora. Se a encontrei, talvez significava que a tinha de a abrir.

Assim que levantei a tampa, a primeira coisa que vi foi uma foto tua e da minha mãe. Na foto via-se que ela era um pouco mais alta que tu, tinha os seus longos cabelos loiros que eram tão claros que pareciam que brilhavam. Tinha um lindo vestido verde que parecia ter sido feito de ceda, que combinava com os seus olhos. Na sua cabeça tinha uma coroa de flores de margaridas. Meu pai parecia menos mágico, seus cabelos eram curtos e escuros. Tinha vestido um casaco xadrez e umas calças de ganga.

Pus a foto de lado e olhei novamente para a caixa. Tinha a mesma coroa de flores que ela usava, mas esta já estava meio murcha. Passei as minhas mãos sobre ela e voltou a ter vida novamente.

Ginger aparece e salta para dentro da caixa, e depois deita-se no meio da coroa. Fiquei a olhar para ele por alguns segundos e dei um sorriso.

Porquê que sorri? Porquê que estes acontecimentos me estão a fazer sorrir? Eu não mereço isto, eu mereço estar triste por ter estragado a vida aos meus pais, e não ser feliz nas costas deles.

Levantei-me e abri a porta da rua e sentei-me no chão.

Fechei os meus olhos e pensei para mim.

Eu não posso fazer isto, fui destinado a sofrer pelas minhas consequências.

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