diário de james: plantas e emoções

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Desde que a flora contou-me da possibilidade da tal rapariga ter as visto, passo o dia olhando para as janelas. Ela pode voltar e fazer-lhes mal, nunca se pode esperar coisa boa vindas do desconhecido.

Peguei no meu caderno e sentei-me no banco de jardim onde normalmente ficava a ler quando tu cuidavas das plantas. Sempre apreciei o modo como as tratavas, o carinho e a importância que as davas. A mãe ficaria feliz em ver-te.

Mas não te preocupes, eu tenho substituído o teu lugar, sei que elas precisam e isso é a única coisa que me resta fazer.

Flora voa e senta-se no meu ombro. Perguntou o que escrevia agora e respondi que estava a descrever este momento. Ela riu-se e disse: então descreve isto.

Ela voou do meu ombro e deu alguns rodopios no ar deixando um vasto rasto de pó brilhante desenhando um coração que desapareceu segundos depois.

Ela é sempre tão positiva, o que faz-me questionar porque nos damos tão bem.

Perguntei o que Anna andava fazendo e ela disse que a mesma estava a verificar o estado das plantas, como fazia sempre todas as tardes.

Flora saltou para cima da minha cabeça e deitou-se de costas para baixo colocando os seus pequenos braços cruzados. Comentou que gostava de ter novas plantas na casa de vidro, coisa que eu estava disposto a tratar, porém com os meus pensamentos fixados na rapariga do campo acabei por me distrair.

Pensei em uma Faucaria, uma espécie de suculenta que floresce algumas flores amarelas.

Ela adorou a ideia como eu presumia, adora suculentas por serem plantas que não necessitam de muita água para sobreviver. Ela diz que mostram a base da vida, porque não precisamos de muitas coisas para sobreviver apenas a nossa família, que seria a terra, e de amor, que seria o sol.

Por mais que não esteja dentro desse tipo de pensamentos, aprecio quando ela une as emoções com as plantas.





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Aproximei-me de uma caixa recheada de vinis e tirei um que tu dizias ouvir muito quando eras novo. Abri a maleta em tons castanhos que também era um gira discos e coloquei o disco no prato. Estranhamente quando liguei o mesmo não girou. Dei uma vista e movi no prato mas realmente não percebia nada do assunto. Logo significava que teria de ir no centro da cidade levar para arranjar. De qualquer modo eu já tencionava ir para comprar a planta que antes mencionei.

Antes dizia que era um pouco ridículo ter um gira discos em forma de mala, mas neste caso, andar a pé durante meia hora com tal coisa na mão iria cansar meus braços. Mas com as suas alças torna tudo mais confortável. Tinhas razão, afinal iria dar jeito um dia.

Olhei pela janela e pude ver o céu coberto de nuvens.

Poderia ir hoje, mas além de aparentar chover em poucos minutos, já era tarde e isso significa que haverá mais movimento. Sendo assim vou aguarda o dia de amanhã.

amor nos campos de trigo Onde histórias criam vida. Descubra agora