Cena 1
Rio de Janeiro, Barra da Tijuca- 2019
Mansão Golveia
É noite. Em seu escritório, Marcelo está sentado em sua mesa tomando um copo de uísque de olho no celular que encontra-se sobre à mesa.
MARCELO(confere a hora em seu relógio e resmunga)- Deem notícias seus inúteis!
Cena 2
Lapa.
Gafieira.
(A música "Clareou" de Diogo Nogueira começa tocar ao fundo)
Casais dançam no salão, outros estão curtindo nas mesas a beber. Todavia, em uma das mesas, Herculano está sentado sozinho a conversar por telefone com sua esposa Simone, que se encontra em Goiás.
HERCULANO(confiante)- Fica tranquila, amor. Vai dar tudo certo. O Marcelo vai nos tirar da lama. Eu vou recuperar tudo que perdemos, você vai vê.
SIMONE(preocupada)- Eu não estou com uma sensação boa, Herculano.
HERCULANO- Eu já falei pra você ficar tranquila. Eu tô no caminho certo. Eu vou conseguir muito dinheiro do Marcelo e a gente vai poder se reerguer de novo.
SIMONE(retruca sem conseguir lhe ouvir direito)- Eu não estou conseguindo lhe ouvir direito, Herculano. Tá muito barulho!
HERCULANO- Eu tô voltando pro apartamento agora. Assim que chegar lá eu volto a te ligar. Beijo meu amor. Eu te amo!
Herculano desliga.
HERCULANO(toma sua última dose de cerveja)- Adeus vida de pobre!
Herculano solta uma risada e se retira em direção a porta de saída.
(A música para e em seguida um toque de suspense começa a tocar.)
Mais a frente, Beca e Dinho estão numa moto a sua espreita. Dinho retruca para Beca quando o vê saindo:
DINHO- Olha ele lá!
Sem se dá conta do perigo que o cerca, Herculano segue caminhando entretido com o celular tentando chamar um uber.
BECA(retruca para Dinho)- É agora parceiro!
Beca sobe na moto, liga-a e Dinho monta na garupa já com sua pistola engatilhada. Imediatamente, Beca parte na direção de Herculano e Dinho dispara dois tiros no seu peito, levando-o ao chão já sem vida.
Em seguida, os dois fogem rapidamente.
Cena 3
De volta ao escritório, Marcelo recebe uma mensagem de texto: "A encomenda foi despachada chefia".
MARCELO(em êxtase)- Bingo!
Cena 4
Amanhece o dia.
Lapa.
Na cozinha, Dulce está terminado de passar um café, quando então, Zeca está saindo do quarto apressado.
ZECA(cumprimentá-lhe com um beijo no rosto)- Bom dia mãezinha!
DULCE- Bom dia filho! Estou terminando de passar um café pra gente...
ZECA- Vai ficar para uma próxima mãezinha, que eu já estou muitíssimo atrasado.
DULCE(questiona-lhe preocupada)- Mas não vai tomar café?
ZECA- Eu como alguma coisa na rua.
Zeca pega uma maçã e se retira as pressas.
DULCE(retruca preocupada)- Saco vazio não para em pé não, hem! Esse menino vai terminar me deixando louca.
Cena 5
(A música "Sou taxista" de Roberto Carlos começa tocar ao fundo.)
Já em seu táxi, Zeca dá início ao seu dia de trabalho pelas ruas da cidade.
Em poucos minutos de corrida, ele já pega um passageiro.
ZECA- Bom dia! Vamos pra onde companheiro?
Cena 6
(A música "Timber ft. Kesha" de Pitbull começa tocar ao fundo.)
Mansão Golveia.
Na academia, Aída está malhando distraidamente. Logo, Hondina, sua empregada vem se aproximando com um copo de suco verde.
HONDINA(retruca)- Seu suco dona Aída!
AÍDA(retruca ainda na esteira)- Pode colocar aí na mesa Hondina!
Assim Hondina faz.
AÍDA(continua)- E o Marcelo?
HONDINA- Acabou de sair pra empresa. E hoje, parece que viu passarinho verde. Está feliz que só a senhora vendo.
AÍDA- Pelo menos uma vez na vida, né? E o Yuri?
HONDINA- Ainda está no quarto!
AÍDA- Como sempre! Hondina, separa aquele vestido verde pra mim, que eu vou sair com a Islene daqui a pouco. Ela vai experimentar o vestido do casamento.
Cena 7
Em seu apartamento, Islene e Marcelo estão na cama acabando de fazer amor.
MARCELO- Gostosa!
ISLENE- Meu gostoso!
MARCELO- Você me deixa louco, Islene. Louco!
ISLENE(pega o celular e confere a hora)- Daqui a pouco eu vou experimentar o meu vestido de casamento com a minha amada prima Aída...
MARCELO- Você vai levar essa loucura a sério mesmo?
ISLENE- Você sabe muito bem que eu só largo esse maldito casamento para trás se você se separar da Aída e me assumir como a sua esposa.
MARCELO- Eu não posso fazer isso, Islene. Seria um verdadeiro escândalo que afetaria diretamente a imagem da construtora.
ISLENE- Então, eu vou me casar com o Jorge.
MARCELO- Aquele banana não é homem pra você!
ISLENE- Você já sabe a minha condição. Eu só não caso com o Jorge se você me assumir como a sua mulher. Eu não nasci pra ser a outra, Marcelo. Islene Calatão é mulher pra casar.
Cena 8
Goiás.
Aeroporto Nacional.
Aos plantos, Simone, amparada por seus pais recebe o corpo de Herculano.
Estão no aeroporto além dela e seus pais, o pai de Herculano e um irmão do mesmo.
SIMONE(corre até o caixão)- Herculano, meu amor.
Cena 9
Com seu carro, Islene está chegando na mansão Golveia. De imediato, ela estaciona e segue até a porta, tocando imediatamente a campainha.
Logo, Hondina que está na cozinha segue atender.
ISLENE(entra imediatamente assim que Hondina abre a porta)- A Aída já está pronta?
HONDINA(retruca séria ao fechar a porta)- Não sei.
ISLENE(retruca debochando)- Eu não tenho medo de cara feia não, Hondina. Eu sei muito bem que você não vai com a minha cara, mas vai ter que me aturar, porque eu sou prima da sua patroa e portanto, você vai me vê praticamente todos os dias. Vai ter que me engolir.
Islene solta uma gargalhada e sobe para o quarto de Aída.
HONDINA(resmunga)- Você não perde por esperar, vagabunda.
Cena 10
Com o som do táxi ligado na música "Leilão" de César Menoti e Fabiano, Zeca continua trabalhando pelas ruas do Rio de Janeiro.
Movido pelas lembranças do passado, ele abre o porta-luvas, e pega uma foto de uma linda adolescente, que fora o seu grande amor do passado.
ZECA(resmunga)- Eu nunca te esqueci, Simone. (pausa) As lembranças daquele tempo permanecem bem vivas na minha memória.
Cena 11
Cai a tarde.
Goiás, Abadia.
Debruçada sobre o caixão do seu esposo, Simone chora a sua partida.
Familiares e amigos acompanham esse delicado momento.
SIMONE(em planto)- Aí Herculano, como dói! Como dói meu amor. (pausa) Quem fez isso com você vai pagar. Vai pagar meu amor, porque eu vou me vingar. Eu vou me vingar da pessoa que fez isso com você. (pausa) Eu vou me vingar.