Cena 1
Já voltando em si, Zeca fala para Simone:
ZECA- Você salvou a minha vida.
De imediato, Simone começa reconhecer o seu rosto, aliás, não o rosto de Zeca seu grande amor do passado, mas sim de Marcelo Golveia.
SIMONE(tensa)- Você... Você é o Marcelo Golveia.
Nervosa, Simone se levanta limpando a sua boca com a mão.
SIMONE(continua)- Se eu soubesse que era você, eu tinha te deixado morrer afogado seu miserável.
ZECA- Eu não sou o Marcelo...
SIMONE(interrompe-o)- Seu monstro! Eu odeio você.
Simone se afasta correndo. Todavia, acaba esquecendo seu celular jogado na areia. Zeca, por sua vez, se levanta e segue caminhando aos tombos e acha-o. Sem pensar duas vezes, ele pega-o e guarda no bolso.
Cena 2
Já sentada a mesa, Aída está tomando o seu café da manhã, quando então Elvirinha vem descendo as escadas com seu salto quinze e toda arrumada.
ELVIRINHA- Bom dia!
AÍDA- Bom dia dona Elvirinha! A senhora vai sair?
ELVIRINHA(retruca sentando-se a mesa)- Não. Não que eu saiba.
AÍDA- Toda arrumada!
ELVIRINHA- Eu não me arrumo pra sair. E me arrumo pra mim. Eu quero tá bem comigo mesma, porque eu sou a pessoa mais importante do que todo o resto.
Aída solta uma risada e retruca:
AÍDA- Eu já tinha até esquecido desse detalhe. A senhora como sempre uma mulher empoderada.
ELVIRINHA- Eu me amo, só isso.
AÍDA- E o seu...
ELVIRINHA(completa)- Desio.
AÍDA- Isso. O seu Desio, não vem tomar café?
ELVIRINHA- Ele está lá na piscina. Ele só toma café depois das dez.
Nesse momento, Zeca adentra na mansão e sobe direto para o quarto, as ignorando.
AÍDA(comenta)- Passou à noite fora!
Elvirinha solta uma risada e retruca:
ELVIRINHA- Aguarde as cenas dos próximos capítulos!
Cena 3
(A música "Yiri Yiri boum" de Dois Africanos começa tocar ao fundo)
Na piscina, Desio esnoba Hondina.
DESIO- Me sirva mais uma taça de champanhe!
Furiosa com a folga de Desio, Hondina fica a lhe encarar.
DESIO- O que está esperando? Vamos, me sirva! Me sirva serviçal.
HONDINA- Com o maior prazer!
Hondina enche uma taça de champanhe e joga na cara de Desio, que se aborrece.
DESIO- Sua... Sua empregadinha...
HONDINA- Eu não sou obrigada. Eu não sou a sua empregada e tampouco a sua pariceira. Portanto, levante-se e o senhor mesmo se sirva. Ou então, se quiser ser servido tenha modos e me respeite.
Hondina se retira furiosa, deixando Desio a reclamar.
DESIO- Sua abusada. Você vai sair dessa casa hoje mesmo. Empregadinha arrogante. Reconheça o seu lugar...
Da porta, Hondina vira-se para Desio e dá-lhe uma banana.
Cena 4
Após tomar um banho, Zeca se arruma para ir pra empresa. Entretanto, Yuri bate na porta e entra muito sério.
YURI- Agora você vai me falar porque fez isso com a vovó? Eu exijo uma explicação.
Zeca fica a lhe encarar em silêncio.
Cena 5
Já em casa, Simone atira o seu vidro de perfume no chão, furiosa por ter salvado a vida de Marcelo, ou melhor, de Zeca.
SIMONE(resmunga)- Eu não acredito que eu fiz isso! Eu não acredito que eu salvei a vida daquele assassino. (pausa) Que ódio de mim mesma. Que ódio! A essa hora ele já estaria ardendo no inferno. (pausa) Mas não tem problema. Eu vou me vingar. Eu vou me vingar daquele desgraçado. Ele não perde por esperar.
Cena 6
Zeca se aproxima e retruca para Yuri:
ZECA- Yuri, eu sou um novo Marcelo! As coisas que aquele antigo Marcelo fez ficou no passado e só cabe a Deus perdoar ou não. (pausa) Eu quero que você me veja como outra pessoa. Um novo Marcelo. Eu sei que é difícil. Eu já estou percebendo que aquele Marcelo fez muito mal, mas eu não sou como ele. Eu sou diferente. Eu sou um novo Marcelo.
YURI- Você é patético, sabia? Fala como se estivesse se eximindo de culpa. Como se fosse outra pessoa de verdade. (pausa) Você é uma decepção. Que vergonha ter uma pessoa como você como pai. (pausa) Olhando pra você assim me dar vontade de vomitar. Como é possível uma pessoa ser tão mal? Você me fez sofrer muito, sabia? Quantas noites eu chorei por causa da minha vó. Quantas noites em claro esperando ela entrar por aquela porta. (pausa) Você é um monstro!
Yuri regressa para o seu quarto aos plantos.
Cena 7
Algumas horas mais tarde, Aída está saindo do banco quando então acaba se esbarrando com Dario.
AÍDA- Aí, desculpa! (Ao reconhecê-lo) Dario!
DARIO- Olha o destino nos unindo de novo!
Os dois ficam a se encarar.
Cena 8
(A música "Flor do Ipê" de Marisa Monte começa tocar ao fundo)
Em um quiosque próximo dali, Aída e Dario tomam um café enquanto conversam.
AÍDA- E você, vai ficar por quanto tempo aqui no Brasil?
DARIO- Eu voltei pra ficar. Quero recomeçar aqui no Brasil de novo. Vou futuramente investir em um negócio próprio.
AÍDA- Já tem ideia em que área?
DARIO- Por enquanto é só um projeto. Não quero falar ainda sobre, até porque ainda me falta verba.
AÍDA- Então parque você não fica trabalhando na Construtora?
DARIO- Eu e o Marcelo juntos? Eu não quero proximidade com aquele crápula...
AÍDA- A Construtora também é minha, Dario. Se você aceitar, estará cuidando também dos meus interesses.
DARIO- Eu não sei se é uma boa ideia...
AÍDA- Você num está pensando em abrir um negócio pra você? Aproveita essa oportunidade pra ganhar dinheiro. (Leva sua mão até a de Dario) Você tem o meu apoio.
DARIO(sorrir)- Obrigado.
Cena 9
Na sala da presidência, Zeca está tentando analisar alguns documentos. Mas sem conseguir se concentrar, ele para, faz um flashback e relembra quando foi socorrido por Simone.
ZECA(resmunga)- Eu não consigo tirar essa mulher do meu pensamento! Parece que eu já a conheço de algum lugar. Aquele rosto, aquela voz... É tudo tão familiar.
Cena 10
O instrumental "baiones" começa tocar ao fundo)
Hondina está na cozinha preparando a janta, quando então Desio adentra acompanhado de Elvirinha.
DESIO(nervoso)- Essa empregadinha imunda jogou champanhe na minha cara, pitchula. Eu só tinha pedido uma taça de champanhe e ela além de se recusar a me servir, ainda praticou esse ato insolente. Eu quero essa abusada no olho da rua!
ELVIRINHA- Calma Pitchulão! Por que você fez isso Hondina?
HONDINA- Porque esse... (Pausa) Esse Pitchulão aí me faltou com respeito.
ELVIRINHA(para Desio)- Isso é verdade Pitchulão?
DESIO- Essa empregadinha está mentindo! Eu só queria que ela me servisse. Ela ganha pra isso. Essa insolente!
HONDINA- Enquanto o senhor não aprender a mim respeitar, eu não lhe sirvo mais nem um copo de água. Agora se o senhor me dá licença, eu vou voltar a fazer a minha janta.
DESIO(para Elvirinha)- Você não vai fazer nada pitchula?
ELVIRINHA- Respeite-a meu bem. A Hondina é praticamente da família. Ela trabalha aqui desde quando eu mudei pra cá com o falecido.
Elvirinha se retira deixando Desio na cozinha muito nervoso.
Cena 11
Anoitece.
Chove forte lá fora. Zeca está deixando a sua sala e desce até o estacionamento, onde encontra Sheila tentando se amparar da chuva debaixo do parapeito do prédio.
ZECA(questiona-lhe)- Tá indo pra casa?
SHEILA(retruca)- Tô tentando seu Marcelo, mas eu estou esperando o UBER que até agora não chegou.
Ouve-se o barulho do trovão.
ZECA- Eu estou de carro. Vem comigo, que eu te dou uma carona.
SHEILA- Não. Não precisa se incomodar seu Marcelo...
ZECA- Venha logo e deixe de conversa!
Zeca entra no carro e em seguida abre a porta para Simone, que entra apressadamente.
ZECA- Só me dizer o endereço que chegamos lá já!
Cena 12
Minutos depois, Zeca chega com Sheila em seu apartamento. A chuva continua a cair cada vez mais forte.
ZECA(para Sheila)- Tá entregue.
SHEILA- Agora o senhor entra comigo e espera essa chuva passar um pouco.
ZECA- Não é preciso...
SHEILA- Não me faça essa desfeita. A casa é simples, mas é aconchegante.
Cena 13
No apartamento, Simone está sentada no sofá comendo pipoca e assistido a novela Malhação. Não demora muito, Sheila entra acompanhada de Marcelo.
SHEILA- Pode entrar seu Marcelo.
Imediatamente Simone volta seu olhar para Zeca, que por sua vez, também volta seu olhar para ela.