Cena 1
De volta a mansão, Zeca já se encontra com duas maletas recheadas de dólares.
Estão em cena Aída, Dario, Elvirinha, Desio, Hondina e Simone, essa última por sua vez, muito nervosa.
ZECA(apreensivo)- Eu vou indo!
DARIO(se aproxima)- Eu vou com você, Zeca.
ZECA- Eu vou sozinho...
DARIO(insiste)- Eu vou com você e tá acabado! Eu fico no carro por garantia.
ZECA(se aproxima de Simone)- Eu vou trazer o nosso filho de volta para os seus braços, meu amor.
Zeca beija a sua testa e se retira acompanhado de Dario, deixando todos apreensivos.
HONDINA(apreensiva)- Que Deus o proteja!
Cena 2
(Um toque de suspense começa tocar ao fundo)
Já no carro, Zeca e Dario se dirigem em direção a estação ferroviária. Alguns minutos depois, finalmente eles chegam ao destino final. Dario estaciona.
ZECA- Daqui eu vou sozinho!
DARIO- Qualquer coisa, grita que eu estou aqui.
Dario leva a mão até o cabo do seu revólver que está na cintura.
ZECA(retruca olhando para o seu revólver)- Não vai precisar disso não.
Zeca desce do carro com as duas maletas e segue caminhando apreensivo. Já dentro da estação, ele é surpreendido por Marcelo, que saí de detrás do trem velho abandonado com um boneco coberto nos braços simulando Zequinha, e um revólver já em punho.
MARCELO- Olha se não é o meu irmãozinho! Espero que tenha vindo sozinho.
ZECA- Eu cumpri com a minha palavra. Eu vim só e trouxe o dinheiro que você me pediu. Agora me devolve o meu filho.
Marcelo solta uma risada.
Cena 3
De volta a mansão, todos estão apreensivos e logo a ausência de Simone é notada por Hondina.
HONDINA(questiona)- Alguém viu a dona Simone?
DESIO- Ela saiu?
AÍDA- Eu não vi ela saindo!
ELVIRINHA(nervosa)- Quer saber, eu não vou ficar aqui de braços encruzados sabendo que o meu filho e o meu neto estão correndo risco de vida. Eu vou ligar pra polícia agora mesmo.
Elvirinha pega o seu celular e cumpre o que falou.
ELVIRINHA- É da polícia?
Cena 4
(Um instrumental melancólico começa tocar ao fundo)
Na rodoviária municipal, Eugênia pega um ônibus com destino à São Paulo.
EUGÊNIA(resmunga já sentada na poltrona)- Meu filho! Eu vou cuidar de você. (Pausa) Eu vou ser a sua mãe.
O ônibus dar partida e ganha a estrada.
Cena 5
(Um toque de suspense começa tocar ao fundo)
De volta a estação ferroviária, Marcelo confronta Zeca, que teme pela vida do seu filho.
MARCELO- Bastardo desgraçado! Pensou que iria conseguir tomar tudo que era meu, né? Mas se enganou. Você agora está nas minhas mãos.
ZECA- Não me interessa nada disso, Marcelo. Dinheiro pra mim tanto faz. Eu sempre consegui viver sem. Eu só quero o meu filho de volta.
MARCELO(furioso)- Mentiroso! Você é um falso, seu bastardo de merda! Coloca as maletas no chão e abre-as.
Assim Zeca faz.
MARCELO(vislumbrado)- Meu dinheiro! Agora fecha e me entrega.
Zeca o obedece e fecha as maletas.
MARCELO- Agora as coloca no chão!
Assim Zeca faz, e Marcelo se aproxima e se agacha para pegá-las, porém Zeca acaba vendo que Marcelo tem em seus braços um boneco. Furioso, ele parte pra cima dele e da garra do seu braço.
ZECA- Seu desgraçado! Cadê o meu filho?
MARCELO(relutando)- Larga! Eu vou matar você, seu bastardo...
ZECA- Solta, seu merda!
Os dois travam uma tensa luta corporal, mas Marcelo acaba conseguido empurrar Zeca e ele acaba caindo e batendo com a cabeça no trilho do trem e desmaiando.
MARCELO(após lhe empurrar)- Desgraçado!
Nesse momento, três viaturas vem se aproximando. Todavia, sem notar tal aproximação, Marcelo pega as maletas com dinheiro e sai correndo, mas acaba recebendo três tiros nas costas. Sem mais forças para lutar, ele cai por cima das maletas, que se abrem e o vento começa carregar os dólares.
(A música "Dinheiro na mão é vendaval" de Paulinho da Viola começa tocar ao fundo)
Logo, Simone dar três passos em sua direção ainda com o revólver em punho, se revelando a assassina.
SIMONE- Morre desgraçado!
Nesse momento, dois policiais se aproximam, e ordena-lhe:
POLICIAL(com o revólver sacado em sua direção)- Larga o revólver! Larga o revólver!
Logo, Simone solta a arma no chão e é algemada por um dos policiais.
Cena 6
Dario ajuda Zeca a se levantar, que logo recupera a memória, e entra em desespero ao lembrar do seu filho.
ZECA(nervoso)- Meu filho! Cadê o meu filho? Ele fugiu! Ele fugiu com o meu filho...
Nesse momento, o policial vem se aproximando com Simone algemada.
DARIO(para Zeca)- Calma! Ele morreu.
ZECA(com os olhos fixos em Simone)- Simone!
SIMONE(retruca séria)- Eu matei ele. (Pausa) Eu matei ele, Zeca.
ZECA- Não.
SIMONE- Agora vai atrás do nosso filho!
O policial conduz Simone até a viatura.
Cena 7
Anoitece.
Na mansão, Zeca e Dario estão chegando cabisbaixos. De imediato, todos se aproximam ansiando uma resposta.
ELVIRINHA(questiona)- E o Zequinha? Cadê o meu neto?
DARIO(retruca)- Ainda não o encontramos!
AÍDA- Como assim?
ELVIRINHA(questiona)- E o Marcelo?
ZECA- A Simone o matou.
ELVIRINHA(retruca em choque)- Quê?
DARIO- Ele ia fugindo com o dinheiro...
HONDINA(questiona nervosa)- Mas e o menino?
DARIO- A babá fugiu com ele, mas a polícia já está em ação.
Cena 8
(Um toque de ação começa tocar ao fundo)
O ônibus vai seguindo viagem para São Paulo, todavia, não demora muito e três carros da polícia começam lhe perseguir. Logo, Eugênia percebe e entra em desespero.
EUGÊNIA(resmunga)- Não. Eles não vão tirar você de mim, não.
POLICIAL(grita para o motorista quando a viatura emparelha com o ônibus)- Encosta! Encosta!
De imediato, o motorista encosta o ônibus no acostamento, os policiais descem das viaturas e invadem o ônibus. Eugênia tenta disfarçar, mas logo é notada.
POLICIAL(com o revólver em punho)- Acabou, Eugênia! Me entregue o menino.
Mesmo a contragosto, Eugênia entrega-lhe Zequinha e é algemada.
Cena 9
(A música "Freak le boom boom" de Gretchen começa tocar ao fundo)
Sem mais esperanças de encontrar um príncipe encantado, Sheila está em uma boate a dançar, quando então um belo homem de branco que está no balcão a lhe encarar chama a sua atenção. Logo, ela se aproxima, e diz;
SHEILA- Oi. Tudo bem?
CELSO- Tudo ótimo! (Pega a sua mão e beija-a) Celso, prazer!
SHEILA- Todo meu, gostoso. Se você quiser, podemos ir pra outro lugar.
CELSO(estende-lhe a mão)- Vamos!
Sheila pega em sua mão e os dois se retiram até o estacionamento, onde tem um cavalo branco a lhe esperar.
SHEILA(surpresa)- Um cavalo branco!
CELSO- Eu sou o seu príncipe encantado!
Celso a coloca na garupa do seu cavalo e parte estrada a fora.
SHEILA(grita em êxtase)- Encontrei o meu príncipe encantado!
Mas logo, ela acaba acordando e percebendo que tudo não passou de um sonho. Revoltada, ela levanta-se, segue até a cozinha e se serve com um copo de leite sentando-se a mesa posteriormente.
SHEILA(após beber o leite)- Essa história de príncipe encantado é uma ilusão!
Cena 10
Amanhece o dia.
(O instrumental "Lamento Sertanejo" começa tocar ao fundo)
O caixão com o corpo de Marcelo é enterrado sem a presença de nenhum familiar ou amigo, mas logo Elvirinha vem se aproximando tristonha com uma rosa. Sem conseguir conter as lágrimas, ela resmunga ao lado da sua sepultura:
ELVIRINHA- Você que escolheu esse caminho, meu filho. (Pausa) Eu tentei, mas não consegui te mudar.
Elvirinha coloca a rosa sobre o seu túmulo e se retira.
Cena 11
Três dias depois...
Após conseguir a sua liberdade de volta com muitos esforços do seu advogado, Simone está deixando a delegacia. Todavia, já do lado de fora, ela depara-se com Zeca e o seu filho a sua espera.
(A música "Sinônimos" de Chitãozinho e Xororó e Zé Ramalho começa tocar ao fundo)
Sem conseguir conter a emoção, ela corre para os braços de Zeca e do seu pequeno Zequinha.
SIMONE(pega-o no colo)- Meu filho! (Pausa) Eu amo vocês.
Após muitas trocas de carinho, os três se retiram.
Cena 12
Anoitece.
No Teatro Municipal Elvirinha, Desio, Simone, Zeca, Sheila e Hondina aguardam a peça que Yuri e André irão apresentar.
ELVIRINHA(comenta)- Ansiosa para vê o meu menino brilhar!
ZECA(confere a hora e retruca)- Já era pra ter começado!
Nesse momento, Dario se aproxima e senta-se próximo a todos.
DARIO- Cheguei.
ELVIRINHA(questiona)- E a Aída?
DARIO(retruca tenso)- Ela não vem. Eu tentei, mas ela tá irredutível.
Nesse momento, a cortina se abre no palco e Yuri (Personagem Migué) começa cantar a música disparada muito feliz.
YURI- Prepare o seu coração
Pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar