Abrindo o jogo

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Cena 1
(O instrumental "berceuse pour une nuit começa tocar ao fundo)
Surpreendida com a presença repentina de Aída, Islene desconversa:
ISLENE- Ainda bem que você chegou, Aída. Eu preciso muito falar com você.
AÍDA(retruca se aproximando)- Isso é jeito de falar com a Hondina, Islene?
ISLENE(sem jeito)- Eu estava só brincando! A Hondina é uma querida...
AÍDA- Brincando ou não, você vai pedir desculpas a ela. Você sabe muito bem que a Hondina é como se fosse da família.
ISLENE(sem jeito)- É claro que sei! Eu vou me desculpar com ela sim, e com você também Aída. Eu estou muito nervosa.
AÍDA- O que foi que aconteceu?
ISLENE- Uma coisa muita chata. Uma coisa que eu só vou te contar porque eu sou a sua prima e sua amiga.
AÍDA- Você está me deixando preocupada!
ISLENE- Vamos conversar num lugar mais reservado.
AÍDA- Vamos até o escritório.
As duas seguem até o escritório, onde se trancam. Aída questiona preocupada:
AÍDA- E então Islene, o que de tão grave aconteceu?
ISLENE- Eu fico até sem jeito de te falar, mas você precisa saber. O Dario invadiu o meu apartamento ontem e tentou me agarrar a força.
AÍDA- Como é que é?
ISLENE(chorando)- Eu tomei um grande susto, Aída. Você sabe que eu mal o conheço. Eu não sei o que deu nele, e nem como conseguiu descobrir o endereço do meu apartamento...
AÍDA(retruca nervosa)- Desgraçado! Você acredita que ele veio me procurar hoje pra falar que você que tinha invadido o apartamento dele?
ISLENE- Eu não fiz nada pra pra ele, Aída. Você sabe que eu nem o conheço direito. Esse homem é um louco! Eu tô com muito medo. Eu tô com muito medo que ele possa fazer alguma coisa contra mim.
AÍDA- Ele não vai fazer nada contra você, fica tranquila! Aquele desgraçado vai me pagar.
Cena 2
No quarto, já mais calmos, Zeca e Elvirinha conversam.
ELVIRINHA- Como a Dulce teve coragem de fazer isso comigo? Ela se dizia ser a minha melhor amiga. Ela viu o quanto que eu sofri. Eu acreditei que você tivesse morrido porque eu tive um parto muito difícil. Eu não cheguei nem a te ver. Ela levou você de mim, e fez de tudo para que te enterrássemos imediatamente. Eu chorei sobre o seu caixão...
ZECA- Vamos esquecer tudo isso. Apesar de ter feito isso, a Dulce cuidou muito bem de mim. Ela foi uma excelente mãe. Nunca me deixou faltar nada. Trabalhou de sol a sol para me garantir pelo menos o básico. O que importa agora é daqui pra frente. Vamos recuperar todo o tempo perdido.
ELVIRINHA(abraça-o)- Sim meu filho.
Cena 3
No quarto, Sheila e Simone conversam. Sheila, por sua vez, muito ansiosa.
SHEILA- Hoje à noite eu vou me encontrar com um gatinho que conheci no Tinder, amiga.
SIMONE- De novo?
SHEILA- Ele é muito lindo, Simone. Másculo, barbudo... Aí que sonho! Eu vou te mostrar as fotos dele.
Sheila pega o seu celular, e mostra as fotos para Simone, que começa a rir.
SIMONE- Só você mesmo Sheila...
SHEILA- Qual é? Vai dizer que não achou bonito o boy magia?
SIMONE- Ele é bonito sim. Mas eu não tinha coragem...
SHEILA- Eu comprei uma calcinha comestível!
Simone não consegue conter a gargalhada.
SHEILA(continua)- Esse boy não vai sair vivo desse encontro!
SIMONE(gargalhando)- Você é muito louca!
Cena 4
Anoitece.
Aída, Yuri, Elvirinha, Desio, Hondina e Chico estão reunidos a mesa. Hondina e Chico, por sua vez, estão de pé.
ZECA- Eu chamei todos vocês aqui, porque eu tenho uma coisa muito importante para falar. Eu já conversei com a minha mãe mais cedo, mas eu fiz questão da sua presença aqui.
Todos se olham curiosos.
AÍDA(retruca)- O que de tão importante você tem pra falar, Marcelo?
ZECA(retruca)- Eu não sou o Marcelo, Aída. 
Todos se olham confusos.
AÍDA- Como assim não é o Marcelo?
ZECA- Eu sou Zeca, seu irmão gêmeo.
(Toca um toque de suspense)
Todos se surpreendem com a revelação.
AÍDA(levanta-se)- Que brincadeira é essa?
ZECA- Não tem brincadeira, Aída. Eu não sou o Marcelo. Eu estou aqui me passando por ele por intermédio da sua prima.
AÍDA(nervosa)- Você tá maluco...
ZECA- A Islene me convenceu a assumir o lugar do Marcelo, e eu acabei aceitando por está passando por um momento delicado. Até então, eu não sabia de nada. Eu não sabia que era irmão gêmeo dele. Eu não sabia que fazia parte dessa família.
AÍDA- Isso é um absurdo...
ZECA- A sua prima que se diz ser sua melhor amiga não vale nada, Aída. Ela me colocou aqui com um único objetivo: arrancar todo o dinheiro dessa família.
AÍDA(nervosa)- Você está mentindo! Isso não é verdade.
ZECA- A verdade é que eu cansei dessa farsa. Eu quero a minha vida de volta. Eu quero voltar a viver a vida do Zeca.
CHICO(surpreso)- Eu notei uma certa diferença no senhor. Eu sabia que tinha alguma coisa de errado...
HONDINA- Eu também tinha notado algo de estranho, mas eu acabei ficando quieta...
ELVIRINHA(levanta-se e se aproxima)- Esse é o meu Raul. O meu filho que eu sempre chorei a sua morte, mas que na verdade sempre esteve vivo.
(Um toque de suspense começa tocar ao fundo)
Muito abalada, Aída sobe para o quarto as pressas. Já no quarto, ela começa relembrar o que Dario lhe falou, a forma que viu Islene falar com Hondina e agora, une tudo isso ao que Zeca lhe falou. Logo, também, ela relembra a versão de Islene sobre Dario.
AÍDA(resmunga)- Ela não seria capaz... Não, a Islene não seria capaz.
Muito nervosa, Aída pega a sua bolsa que está sobre a cama e se retira apressadamente.
Cena 5
Em seu apartamento, Islene está rindo da cara de Aída, por ter acreditado na sua versão.
ISLENE- Tem que ser muito burra mesmo, viu! Burra e otária. (Pausa) O Dario você já não tem mais, priminha. Eu falei que iria tirar tudo que é seu, e eu não vou descansar enquanto não vê você resumida a nada.
Nesse momento, a campainha toca e ela segue atender. Ao abrir a porta, ela da de cara com Aída ainda muito nervosa.
ISLENE(surpresa)- Aída!
Aída dá-lhe um tapa.
AÍDA- Sua falsa!
ISLENE(retruca com a mão no rosto)- Tá maluca Aída?
AÍDA- Você agora vai me contar toda a verdade, Islene.
(Toca um toque de suspense)

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