Cena 1
Wal questiona Yuri:
WALL- Como você se sente Yuri? Como você se vê em relação as pessoas a sua volta?
YURI(retruca após alguns segundos)- Impotente, fraco e sozinho.
WALL- Por que?
YURI- Eu cresci vendo o meu pai e a minha mãe brigarem muito. Cada discussão que eles tinham me deixava péssimo. (Pausa) O meu pai também parece não gostar de mim porque eu não sou igual a ele. Eu não quero trabalhar num escritório aprisionado entre quatro paredes. Eu quero ser livre, sabe? Eu sinto que sou uma grande decepção para ele.
WALL- Ele já te falou isso?
YURI- Não.
WALL- Então, talvez isso seja apenas coisa da sua cabeça. As pessoas são distintas, Yuri. Cada uma tem uma vocação, um dom diferente...
(O instrumental "On the road again" começa tocar ao fundo)
Assim, se estende a conversa de Wall e Yuri por quase uma hora.
WALL(já de pé)- Espero que essa conversa tenha sido proveitosa, Yuri. Hoje, eu queria mais te ouvir. Te conhecer, entende? Você é uma pessoa muito especial, nunca duvide disso. Espero que você volte para continuarmos a nossa conversa. Um bom dia!
Mais calmo, Yuri se retira e ao abrir a porta já dá de cara com André sentado em uma cadeira na recepção a sua espera. De imediato, Yuri se aproxima.
ANDRÉ(levanta-se e questiona-lhe)- E aí, como foi?
Cena 2
Sentadas na mesa a tomar café, Simone conta para Sheila o que acabara descobrindo. Sheila, por sua vez, entre em choque.
SHEILA- Tô passada a ferro!
SIMONE- Mas não comenta isso com ninguém, Sheila.
SHEILA- Eu notei uma certa diferença, mas eu pensei que fosse normal. Então, quem está na empresa é o irmão gêmeo do seu Marcelo! O seu grande amor do passado, Simone.
SIMONE- É uma história absurda, mas é verdade Sheila.
SHEILA- Ninguém está sabendo que ele é...
SIMONE- Não. Ninguém sabe, só eu e você agora.
Cena 3
Em seu quarto, Elvirinha está arrumando seu figurino de logo mais à noite, quando então Zeca bate na porta e entra.
ELVIRINHA(tensa)- Você.
ZECA(retruca timidamente)- Será que podemos conversar?
ELVIRINHA- Eu estou muito ocupada separando o meu figurino que vou usar logo mais à noite...
ZECA- É importante o que tenho para falar.
ELVIRINHA(tensa)- Marcelo, eu sei que a gente conversou, eu te perdoei. Mas nossa relação não será mais a mesma de antes...
ZECA(retruca)- Me fala um pouco do dia que eu nasci, mãe. Me fala como foi pra senhora descobrir que estava grávida...
ELVIRINHA(sensibilizada)- Você sabe muito bem que eu não gosto de falar sobre isso, Marcelo.
ZECA- Foi por causa da morte do meu irmão?
ELVIRINHA- Se for sobre isso que você quer conversar comigo, é melhor dar meia volta e se retirar, Marcelo. Eu não vou falar sobre isso com você.
ZECA- A sua amiga Dulce...
ELVIRINHA(nervosa)- Eu já falei pra você que eu não quero falar sobre isso, Marcelo.
ZECA- Eu não sei nem por onde começar. Eu não sei as palavras certas para te falar...
ELVIRINHA(nervosa)- Se você não vai sair, eu saio.
Elvirinha vai retirando, porém Zeca retruca:
ELVIRINHA- O filho que a senhora pensa que está morto, está vivo.
Elvirinha para e volta seu olhar para Zeca.
ELVIRINHA(retruca furiosa)- Isso não é brincadeira que se faça, Marcelo. Respeite a minha dor. Tenha pelo menos um pingo de consideração por mim.
ZECA- Eu não sou o Marcelo. Eu sou o Zeca.
ELVIRINHA(se aproxima furiosa)- Que história de Zeca? Eu vou te dar umas tapas...
ZECA(emocionado)- Eu fui criado pela Dulce. Ela me tirou dos braços da senhora recém-nascido alegando que eu tinha nascido morto.
ELVIRINHA(nervosa)- Que história é essa?
(O instrumental "Amores distantes" começa tocar ao fundo)
ZECA(emocionado)- Eu não sou o Marcelo, mãe. Eu sou Zeca. Um garoto pobre criado na periferia. Eu só estou aqui por causa de uma louca que me convenceu a assumir o lugar do Marcelo. Eu só fiz isso porque eu não sabia mais o que fazer. A minha mãe que me criou, a Dulce acabou falecendo e eu fiquei atolado em dívidas devido a sua doença. Eu fiquei devendo o dinheiro da sua cirurgia a um agiota, e eu não tinha com quer pagar. Não foi nada premeditado por mim, que até então não sabia de nada.
Elvirinha cai em planto aos seus pés.
ELVIRINHA- Meu filho! Aí meu filho.
Muito emocionada, Elvirinha abraça-o.
ZECA(retruca em plantos)- Minha mãe.
ELVIRINHA(pega no seu rosto e olha nos seus olhos)- É você meu Raul? É você meu filho? Aí meu filho, como eu chorei a sus morte.
ZECA- Eu sou o seu Raul, mãe. Eu tô vivo. Eu tô aqui com a senhora.
Entre muitas trocas de abraços, beijos e carinho, o amor de mãe e filho é reconstituído.
Cena 4
Em uma lanchonete, Dario e Aída conversam enquanto tomam um copo de suco.
DARIO- Eu tenho uma coisa muito chata pra te contar, Aída.
AÍDA(retruca)- O que aconteceu Dario? Você me ligou tão preocupado!
DARIO- Toma muito cuidado com a Islene. Ela não é quem parece ser, Aída.
AÍDA(retruca tensa)- Do que você tá falando?
DARIO- A Islene invadiu o meu apartamento ontem e tentou me agarrar a força.
AÍDA(solta uma risada)- Você tá maluco? Eu sinto muito, mas você está fazendo uma grande confusão.
DARIO- Era ela, Aída. Eu tenho certeza. Era a Islene.
AÍDA- Você não está bem, Dario. Eu acho melhor você procurar uma ajuda psiquiatra...
DARIO- A Islene é uma vagabunda, Aída. Na sua frente ela se faz de boa amiga, mas por trás ela te mete a faca.
AÍDA(nervosa)- Você tá completamente maluco, Dario. A Islene é minha prima. Eu a considero como se fosse uma irmã. E outra, eu confio de olhos fechados nela. Você só pode ter bebido, ou então perdeu completamente o juízo pra me falar uma sandice dessas. Eu sinto muito, mas eu não tenho mais nada pra falar com você.
Aída levanta-se e se retira furiosa.
Cena 5
Na mansão, Hondina está abrindo a porta para Islene.
ISLENE(retruca ao entrar)- A Aída está?
HONDINA(retruca após fechar a porta)- Ela saiu.
ISLENE- Sabe dizer se ela vai demorar?
HONDINA- Sei não senhora.
ISLENE- Empregada incompetente, viu! Não serve nem pra dar uma informação. Se trabalhasse pra mim, já estaria no olho da rua.
HONDINA- Se a senhora fosse a minha patroa, eu me demitiria na mesma hora. Eu não trabalho pra pessoas como a senhora. Pessoas como a senhora, eu tenho é nojo.
Hondina regressa pra cozinha. Nesse momento, Aída vem chegando em casa, porém Islene não percebe, retruca para Hondina:
ISLENE- Vai sua empregadinha abusada! Teu lugar é no tronco levando umas boas lapadas nas costas.
AÍDA(retruca tensa)- Islene.
De imediato, Islene volta seu olhar para Aída, e assim, as duas ficam se encarando em silêncio.