Cena 1
(Um instrumental cômico começa tocar ao fundo)
Já no restaurante que marcou de se encontrar com o tal pretendente, Sheila corre a vista pelo salão, mas nervosa segue para o toalete retocar a maquiagem.
SHEILA(resmunga após retocar a maquiagem)- Pronto! Estou pronta. É hoje que eu desencalho meu pai.
Sheila regride para o salão do restaurante, corre a vista mais uma vez pelo mesmo a procura do seu amado, mas não o vê.
SHEILA(resmunga)- Será que ele não veio?
Nesse momento, um senhor de oitenta e sete anos sentado ao fundo acena para ela.
SENHOR- Aqui.
SHEILA(resmunga decepcionada)- Que isso meu pai?
Frustrada com o que acabara de vê, Sheila deixa o restaurante as pressas.
SENHOR(questiona da mesa)- Aonde vai paixão? Vem cá! Vamos conversar.
Cena 2
Já deitado, Marcelo está dormindo, quando então Aída adentra no quarto e fica a lhe observar em silêncio. Movida ainda por um forte sentimento, ela deita a cama e coloca a cabeça sobre o seu peito, porém ele se vira e não lhe dar atenção, deixando-a muito magoada.
Cena 3
Amanhece o dia.
Após uma noite mal dormida, Zeca está sentando a mesa colocando o anúncio da venda do seu táxi na internet.
ZECA- Pronto! Agora só me resta levantar a cabeça e ganhar as ruas enquanto ainda tenho o meu poçante.
Cena 4
(A música "taxista" de Roberto Carlos começa tocar ao fundo)
Já nas ruas, Zeca começa o seu dia de trabalho. Não demora muito, ele pega o seu primeiro passageiro.
ZECA- Bom dia! Tudo bem com o senhor? Pra onde vamos?
Cena 5
Em sua sala, Jorge está tentando se concentrar pra analisar um documento, porém seu pensamento ainda está preso ao dia anterior que viu Marcelo saindo do hotel onde mora Islene, e somando a isso, as taças de champanhe no balcão da cozinha da sua amada que estava em trajes íntimos.
JORGE(resmunga)- Eu preciso tirar essa história a limpo!
Jorge levanta-se e vai até Sheila, que está organizando uns documentos para Marcelo.
JORGE- Dona Sheila, o Marcelo já chegou?
SHEILA- Já sim senhor.
JORGE(se aproxima)- Assim que ele sair você me avise, mas não comenta isso com ninguém. Segredo nosso.
Jorge retira algumas células de cem do bolso, e coloca em sua mão.
JORGE(ênfase)- Segredo nosso!
SHEILA(sem entender nada)- Tá bem!
Cena 6
(A música "Fogo e gasolina" de Roberta Sá e Lenine começa tocar ao fundo)
Islene está correndo no calçadão acompanhada de Aída, que para em meio a corrida tensa.
AÍDA(cansada)- Hoje eu não tô no clima, Islene.
ISLENE(para ao seu lado)- O que foi que o Marcelo já fez dessa vez?
(A música para e o instrumental "Berceuse pour une nuit" começa tocar ao fundo)
ISLENE(retruca cabisbaixo)- O Marcelo me traí, Islene.
ISLENE- Você descobriu alguma coisa?
ISLENE- Ainda não. Mas são as atitudes dele que depõem contra ele.
ISLENE- Seja mais clara!
AÍDA- Ele não me procura mais como mulher. Ele pouco se importa comigo. Nosso relacionamento esfriou de vez.
ISLENE- Você já sabe a minha opinião. O melhor remédio é você se separar dele. Esse relacionamento só está te fazendo mal.
AÍDA- Islene, eu quero saber quem é a vagabunda que ele anda me traindo. Eu quero dar um flagrante no Marcelo .
ISLENE(retruca)- Seria muita humilhação...
AÍDA- Mas eu quero vê com os meus próprios olhos. Eu quero vê até que ponto o Marcelo foi capaz de chegar.
ISLENE- Você não merece passar por isso Aída...
AÍDA- Eu posso contar com você?
ISLENE- É claro que pode. Você sabe que eu sempre estou do seu lado.
AÍDA- Você é mais que uma prima! Você é uma irmã, Islene.
ISLENE- Você também Aída. Você é a irmã que eu nunca tive.
Islene abraçá-a.
ISLENE(continua)- Eu vou te ajudar dar um flagrante no Marcelo, mesmo sabendo o quanto isso vai te fazer mal.
AÍDA- Serei eternamente grata. Eu quero mostrar pro Marcelo do que eu sou capaz. (pausa) Agora eu vou indo pra casa , Islene. Mais tarde a gente se fala.
Aída dar um beijo no rosto de Islene e se retira.
ISLENE(resmunga com planos obscuros em mente)- Esse casamento ridículo está com os dias contados. Você não perde por esperar a cena brilhante que eu vou preparar pra você, priminha.
Islene solta uma gargalhada.
Cena 7
Cai a tarde.
Marcelo está deixando a sua sala, e fala para Sheila que está entretida com alguns documentos:
MARCELO- Vou indo dona Sheila. Se perguntarem por mim, diga que fui resolver uns problemas pessoais .
SHEILA- Sim senhor.
De imediato, Sheila vai até a sala de Jorge, bate na porta e entra.
SHEILA- Com licença seu Jorge! O seu Marcelo acabou de sair.
JORGE(retruca tenso)- Obrigado Sheila.
Sheila se retira e Jorge pega o seu revólver que está dentro da sua gaveta.
JORGE(resmunga)- Se for o que eu tô pensando, você não volta mais pra essa empresa, Marcelo Golveia.
Jorge levanta-se, coloca o revólver na cintura, deixa a sua sala em direção ao elevador e desce para o estacionamento. Quando chega no mesmo, ele vê Marcelo saindo de carro, então, ele imediatamente entra no seu carro e o segue.
Cena 8
Anoitece.
Alguns minutos mais tarde, Marcelo estaciona no estacionamento do prédio e imediatamente sobe para o apartamento de Islene.
Nesse momento, Jorge também estaciona ali perto e fica dentro do carro muito tenso.
Assim que chega em frente ao apartamento de Islene, Marcelo toca a campainha e não demora muito, ela abre a porta deslumbrantemente.
ISLENE(pula nos seus braços)- Oi, meu amor.
MARCELO(encantado)- Está linda! Tudo isso é pra mim?
ISLENE- É claro que é. Hoje eu quero fazer um programa diferente com o meu amor. Vamos a um bom restaurante...
MARCELO(recioso)- É perigoso Islene...
ISLENE- Não tem perigo algum. Eu vou saber me comportar. (Dá-lhe um selinho) Eu só vou pegar a minha bolsa.
Islene regressa ao quarto, pega a sua bolsa e volta ao encontro de Marcelo, que está sentado no sofá a sua espera.
ISLENE- Vamos.
(O instrumental "Danger" começa tocar ao fundo)
MARCELO- Vamos.
Marcelo e Islene se retiram.
Cena 9
No estacionamento, Jorge permanece dentro do carro criando coragem pra subir no apartamento de sua noiva.
JORGE(resmunga apreensivo)- A Islene não seria capaz de fazer isso comigo.
Nesse momento, Islene e Marcelo estão chegando ao estacionamento de braços dados.
ISLENE(para Marcelo)- Essa noite será inesquecível!
Logo, Jorge vê os dois juntos e imediatamente tira o revólver da cintura.
JORGE(resmunga)- Malditos!
Marcelo abre a porta do carro para Islene, todavia, antes de entrar eles acabam sendo surpreendidos por Jorge, que diz:
JORGE- Será que posso acompanhá-los também?
Islene e Marcelo voltam o olhar imediatamente para Jorge, que já está com o revólver em punho.
ISLENE(retruca tensa)- Jorge, não é nada disso que você tá pensando...
JORGE(retruca furioso)- Cala essa boca vadia! Eu vou mandar vocês pro inferno.