Cena 1
O policial algema Simone, e ordena os demais:
POLICIAL- Vasculhem tudo até encontrar a arma do crime!
Os demais policiais adentram na casa e vasculham todos os cantos a procura do revólver.
SHEILA(questiona nervosa)- O que você fez Simone?
SIMONE(retruca tristonha)- Desculpa Sheila!
O policial se retira com Simone. Não demora muito, um outro policial acaba encontrado o revólver que Simone usou embrulhado numa toalha dentro da gaveta do seu guarda-roupa.
POLICIAL(para o outro policial)- Encontrei a arma do crime!
Ele e os demais regressam a sala.
POLICIAL(para Sheila)- A senhora será intimada a comparecer a delegacia.
SHEILA(retruca nervosa)- Mas eu não fiz nada!
POLICIAL- Estava acobertando a meliante em sua casa.
SHEILA- Mas eu não sabia de nada!
POLICIAL(retruca)- Tenha um bom dia!
Os policiais se retiram.
Cena 2
Elvirinha e Desio estão chegando em casa. Hondina e Chico que estavam na cozinha se aproximam ansiosos por notícia.
HONDINA- E o doutor Marcelo, dona Elvirinha?
ELVIRINHA- Está se recuperando Hondina. Ele vai sobreviver, graças a besta aqui que mesmo depois de tudo que ele fez, ainda teve coragem de lhe devolver a vida. (pausa) Agora eu só preciso de um banho pra tirar esse cheiro horroroso de hospital impregnado em meu corpo.
Elvirinha sobe para o quarto e Desio a acompanha.
Cena 3
Na sala de espera, Aída acaba recebendo a visita de Dario.
DARIO(se aproxima timidamente)- Aída.
AÍDA(surpresa)- Dario!
DARIO- Eu soube do que aconteceu.
AÍDA- Que mundo é esse que estamos vivendo?
DARIO- Eu soube que já prenderam a moça...
AÍDA(questiona imediatamente)- Moça?
DARIO- Sim. Foi uma mulher que atirou no Marcelo. Eu pensei que você já estivesse sabendo.
AÍDA- Não. O delegado Almeida esteve aqui falando com a dona Elvirinha, mas ela não me falou nada.
DARIO- Eu acabei de ficar sabendo.
AÍDA(séria)- Só pode ser a amante dele! Desgraçado.
DARIO- Já tomou café? Vamos comer alguma coisa na padaria aqui do lado...
AÍDA- Agora eu perdi até a fome!
DARIO(se aproxima)- Fica bem. (trocam olhares) Vem comigo!
Cena 4
Já na padaria , Dario e Aída estão tomando um café.
AÍDA(nervosa)- Eu sempre falei pro Marcelo: eu perdoo tudo, menos traição.
DARIO- Esquece o Marcelo. Vamos tomar o nosso café em paz.
AÍDA(retruca)- Obrigada por tudo, Dario. Você tem sido um grande amigo...
DARIO- Você sabe que a minha intenção é ser muito mais que um amigo!
(A música "Ainda bem" de Marisa Monte começa tocar ao fundo)
AÍDA(sem jeito)- Dario, eu ainda sou casada...
DARIO(coloca sua mão sobre a mão dela)- Eu nunca te esqueci, Aída. Eu nunca esqueci o teu cheiro, o teu toque, o teu beijo...
Movido por um forte sentimento, Dario beija-a. Nesse momento, Islene vem chegando e ao vê tal cena, para na porta e fica olhando em silêncio.
Cena 5
Já na delegacia, Simone está sendo levada para cela de detenção, onde estão detidas Diva, Sulanca e Abigail.
POLICIAL(empurra-a para dentro da cela)- Entra aí!
Muito abalada emocionalmente, Simone fica em silêncio encostada nas grandes. Após fechar a cela, o policial se retira. Diva se aproxima e questiona Simone:
DIVA- O que foi que tu fez galega?
SIMONE(retruca após alguns segundos)- Eu atirei num empresário.
DIVA(solta uma gargalhada)- Tá maluca garota! Tu se meteu com gente grande. Vai apodrecer aqui dentro.
SULANCA(questiona)- Tu era amante do cara?
SIMONE- Não. (pausa) Ele matou o meu marido e eu queria me vingar.
ABIGAIL(retruca gargalhando)- Tu se vingou dando um tiro no teu próprio pé.
Todas dão risada de Simone.
Cena 6
Constrangida, Aída se afasta de Dario, e Islene se retira da padaria sem ser notada.
AÍDA- Dario...
DARIO- Me desculpa, mas eu não resisti.
AÍDA(levanta-se nervosa)- Eu vou voltar pro hospital.
Aída se retira e Dario sorrir confiante.
DARIO(resmunga)- Ela também não me esqueceu.
Cena 7
(A música "Ainda bem" de Marisa Monte volta a tocar)
Ja no hospital, Aída entra no banheiro e para em frente ao espelho.
AÍDA(resmunga)- Esse beijo...
Aída liga a torneira e lava o rosto.
Cena 8
(O instrumental "Berceuse pour une nuit" começa tocar ao fundo)
Alguns minutos mais tarde, Islene chega em casa e furiosa, atira um vaso de flor contra a parede.
ISLENE(grita atirando o vaso contra a parede)- Maldita! (pausa) Você não vai ficar com o Dario, Aída. Eu lhe tirei o Marcelo, vou tirar o seu dinheiro e vou lhe tirar também o Dario. Você não vai ser feliz, porque eu não vou deixar.
Cena 9
Anoitece.
(O instrumental "Amores distantes" começa tocar ao fundo)
Já acordado e no quarto, Zeca recebe a visita de Elvirinha.
ELVIRINHA(se aproxima tensa)- Salvei a tua vida mesmo você não merecendo.
ZECA(retruca sério)- Eu só quero que a senhora saiba que aquele Marcelo morreu. (pausa) Aquele Marcelo que fez tanta maldade está morto e enterrado. Esse que vos fala é um novo homem: um novo Marcelo. (pausa) Eu sei que é difícil pra senhora, mas deixa eu provar que sou um novo homem. Eu prometo que vai ser tudo diferente. (pausa) Eu vou fazer tudo diferente.
ELVIRINHA- A minha vontade era de te bater muito. Te dar todas as surras que eu não te dei quando você era criança. (pausa) Eu te matei tantas vezes em minha imaginação quando estava perdida naquela selva. Eu como ninguém queria te vê morto aos meus pés, mas hoje olhando pra você... Hoje, eu não sinto mais aquele ódio avassalador que eu sentia antes. É uma coisa que eu não consigo explicar, sabe? É como se eu não tivesse diante daquele Marcelo... Daquele Marcelo que me largou no meio do nada pra eu morrer. (pausa) Talvez tenha uma explicação pra isso: eu sou mãe. Não dizem por aí que uma mãe independente do que a sua cria faça está sempre ao seu lado para lhe defender.
ZECA(emocionado)- Deixa esse Marcelo entrar na sua vida. Deixa esse Marcelo recomeçar. Eu garanto pra senhora que ele vai fazer tudo diferente. (pausa) Agora me dá um abraço! Faz de conta que esse é o primeiro abraço que a senhora está me dando. Faz de conta que a senhora está me pegando nos braços pela primeira vez.
Elvirinha fica a lhe encarar emocionada.
ZECA(insiste)- Me dá um abraço!
Sem conseguir conter as lágrimas, Elvirinha o abraça.
ELVIRINHA(beija o seu rosto)- Seu moleque!
ZECA- A senhora vai vê como agora será tudo diferente.
Cena 10
Na cela, Simone está deitada em cima de um velho colchão, quando então o policial vem se aproximando e lhe chama.
POLICIAL- Simone.
SIMONE(retruca)- Sou eu.
POLICIAL- Visita.
Simone levanta-se, aproxima-se e o policial lhe coloca as algemas e a conduz até a sala de visita, onde se encontra Aída muito séria.
POLICIAL(após colocá-la sentada a cadeira de frente para Aída)- Dez minutos!
O policial se retira.
AÍDA(levanta-se nervosa)- Então é você a amante do meu marido, num é sua cachorra vagabunda?