Cena 1
Já na rua, Yuri pega o celular e liga para André.
YURI- André, eu saí de casa e tô sem ter pra onde ir. Será que você poderia me ajudar?
Cena 2
Alguns minutos depois, Yuri já se encontra na frente da porta do apartamento de André, que não demora a lhe receber.
ANDRÉ(ao abrir a porta)- Yuri.
YURI- Será que eu posso ficar aqui com você?
ANDRÉ- É claro que sim, meu amor.
André estende-lhe a mão e Yuri pega-a timidamente.
Cena 3
Na mansão, Elvirinha confronta Aída, que está deitada na cama de Yuri tristonha.
ELVIRINHA- Você expulsou o Yuri dessa casa, Aída? Você expulsou o seu filho dessa casa por ele ser gay, é isso mesmo?
AÍDA(ergue a cabeça e retruca)- Eu não expulsei ninguém daqui. Ele foi embora por livre e espontânea vontade.
ELVIRINHA- Não é o que parece. O menino saiu dessa casa feito um furacão. Eu vou ligar pra ele agora mesmo, e Yuri vai voltar pra essa casa ainda hoje.
Elvirinha se retira em direção ao seu quarto. Já em seus aposentos, ela pega o celular que está sobre a cama e liga para Yuri.
ELVIRINHA- Yuri, aonde você está? Eu exijo que você volte pra casa hoje mesmo. Não ouça as loucuras da sua mãe.
YURI(retruca deitado a cama)- Eu estou bem, vó. Não se preocupe não.
ELVIRINHA- Tem certeza?
YURI- Absoluta.
Nesse momento, André entra no quarto com uma panela de brigadeiro e senta ao lado do seu amado.
ELVIRINHA(retruca)- Você sabe que pode contar comigo, né?
YURI- É claro que eu sei. Mas eu tô bem. Fica tranquila. Te amo!
(A música "Quem sabe isso quer dizer amor" de Milton Nascimento começa tocar ao fundo)
Yuri desliga e começa comer o brigadeiro com André, que passa o dedo sujo de brigadeiro no seu rosto.
YURI(passa a mão no rosto)- Isso não vale!
ANDRÉ- Ah, não!
Yuri também suja o seu rosto e os dois acabam se beijando.
Cena 4
Alguns dias depois...
(A música "Sinônimos" de Chitãozinho e Xororó e Zé Ramalho começa tocar ao fundo)
Após ter estourado a bolsa, Zeca conduz Simone até o seu carro, que está estacionado na frente da mansão.
SIMONE(nervosa)- Tá doendo, Zeca! Aí...
ZECA- Calma amor!
Zeca abre a porta do carro e a ajuda entrar. Nesse momento, Hondina vem saindo da mansão com a malinha do bebê e se aproxima.
HONDINA- As roupas do menino, Zeca.
ZECA- Obrigado, Hondina.
Zeca pega-a e coloca no carro. Em seguida, ele fecha a porta, arrodeia o carro, entra e sai em alta velocidade.
Cena 5
No apartamento de André, Elvirinha e Desio visitam o casal.
ELVIRINHA- Eu já falei que a festa de casamento vai ser no nosso Balada dos Pitcholos, que por sinal está fazendo o maior sucesso! Já fomos convidados por um canal de televisão para contarmos a nossa história.
YURI- Fico muito feliz, vó.
ANDRÉ- Eu também, dona Elvirinha.
ELVIRINHA(passa a mão em seu rosto)- Graças a você meu neto!
DESIO- Tem visto a Aída, Yuri?
YURI(retruca tristonho)- Ela nunca mais me procurou. Poucas vezes me responde no zap.
DESIO- Ela agora está nos Estados Unidos com o Dario.
YURI- Eu soube.
ELVIRINHA- Fica triste não filho. Um dia ela vai se dar conta de como está sendo injusta com você. Vá viver a sua vida e ser muito feliz ao lado do seu namorado e futuro marido, que eu não quero neto meu vivendo em concubinato com ninguém.
Todos soltam uma breve risada.
Cena 6
(O instrumental "On the road again" começa tocar ao fundo)
Já no hospital, Simone está em trabalho de parto. Zeca acompanha o nascimento do seu filho.
DOUTOR- Respira e faz força que ele já está nascendo.
SIMONE(grita fazendo força)- Aí...
Logo, o médico pega o pequeno nos braços e leva-o até os braços de Simone.
SIMONE(emocionada)- Meu filho!
Muito emocionado, Zeca se aproxima e passa a mão em sua cabeça levemente.
ZECA- Nosso filho, meu amor. Nosso filho.
Cena 7
Meses depois...
Já na mansão, Simone e Zeca comemoram o aniversário de um ano de Zequinha.
Estão em cena Elvirinha, Desio, Aída, Dario, Sheila, Silene, Hondina, Yuri, André e Eugênia, essa última, por sua vez, babá de Zequinha.
Todos cantam parabéns, enquanto Simone e Zeca ajudam Zequinha apagar a vela.
SIMONE- Aêêê! Parabéns meu amor.
Em meio a comemoração, a porta da frente se abre e Marcelo adentra muito sério.
(Um toque de suspense começa tocar ao fundo)
MARCELO(questiona)- Ninguém me convida para o aniversário?
Todos voltam seus olhares espantados para Marcelo.
AÍDA(em choque)- Marcelo!
ELVIRINHA(pasma)- Você tá vivo?
MARCELO(retruca debochando)- Eu achei que vocês iam ficar felizes em me vê, mas parece que todos aqui estavam esperando que eu estivesse morto. Eu tô bem vivo! Eu sobrevivi e voltei para a minha casa.
Aída se aproxima nervosa.
AÍDA- Não é possível! Não pode ser!
MARCELO- Eu estou vivo, Aída. Eu estou bem vivo.
Elvirinha se aproxima nervosa.
ELVIRINHA- Eu também sobrevive, Marcelo. Você não conseguiu me matar me abadonando naquele lugar. Eu tô viva, seu desgraçado.
AÍDA(questiona-lhe)- Como você conseguiu sobreviver?
MARCELO- Eu fui resgatado por um homem, que me levou pra sua casa, e a mulher dele curandeira conseguiu me devolver a vida. Eu sobrevive para a felicidade de alguns e a tristeza de outros. (Volta seu olhar para Zeca) E também já estou sabendo de você, irmãozinho gêmeo. Já sei que assumiu o meu lugar, e depois que descobriu ser meu irmão acabou com a farsa. (Solta uma risada) Você conseguiu enganar a todos direitinho. Eu sei muito bem qual é o seu verdadeiro interesse aqui. Se fazendo de bom moço só pra conseguir arrancar o dinheiro que o papai me deixou. Mas se engana você se pensa que vai tomar tudo que é meu. (Se aproxima furioso) Tudo isso aqui é meu! Essa casa, a construtora e tudo que o papai deixou é apenas meu. Você é apenas um bastardo, que nadou , nadou pra morrer na praia.
ELVIRINHA(toma a frente furiosa)- Basta Marcelo! Basta! A única pessoa que não tem nada aqui é você. Eu estou viva, e sou a única dona de tudo isso aqui. Enquanto vida eu tiver, você não coloca o dedo em um centavo meu.
Com os nervos os nervos à flor da pele, todos ficam se encarando.