Cena 1
(Um toque de suspense começa tocar ao fundo)
Estacionamento sem movimento. O silêncio da morte que rodeia tal lugar, perturbado pela voz de Marcelo, que teme pela a sua vida.
MARCELO- Baixa essa arma, Jorge. Isso pode machucar.
JORGE(retruca nervoso)- E vai machucar mesmo. (pausa) Como você teve coragem de fazer isso comigo Islene? E você Marcelo, meu amigo. Ter um caso a minha noiva...
MARCELO(tentando converter a situação)- Você está confundindo tudo, Jorge. Eu não tenho nada com a Islene. Eu vim até aqui porque ela me chamou. Ela queria fazer uma surpresa pra você...
JORGE(interrompe-o)- Você acha mesmo que eu sou um idiota, né Marcelo? Acabou. O idiota aqui descobriu tudo, e agora vai acabar com a vida de vocês dois.
MARCELO- Pra que isso? Se você nos matar vai acabar se prejudicando também. Vai ser preso.
JORGE- A vida pra mim agora tanto faz. Até quando vocês iriam manter tudo isso? (Para Islene) E você sua vagabunda? Eu te tratando como uma verdadeira rainha e você me vendo de cima. Nunca me deu valor.
ISLENE(retruca séria)- Quem manda ser burro! É um manézão mesmo.
MARCELO(retruca nervoso)- Cala essa boca Islene! Ele vai nos matar.
ISLENE- Mata nada! Isso é um babaca.
JORGE(grita furioso)- Cala a boca vadia!
MARCELO(se aproxima)- Calma Jorge!
JORGE- Não se aproxima!
Se aproveitando da distração de Jorge com Marcelo, Islene retira o seu revólver da bolsa já com o silenciador e dispara um tiro no peito de Jorge.
JORGE(resmunga antes do tiro)- Sua...
Jorge cai no leito da morte.
MARCELO(assustado)- Islene!
ISLENE- Você achou mesmo que esse idiota podia fazer alguma coisa contra a gente?
MARCELO- Você matou ele. E agora?
ISLENE- Você vai sumir com o corpo dele daqui.
MARCELO(questiona imediatamente)-Eu?
ISLENE- É claro. Você quer ser preso? Vamos colocá-lo no seu carro e você o joga num penhasco bem longe daqui.
MARCELO(nervoso)- É perigoso Islene. Eu não vou fazer isso.
ISLENE- Rápido sua besta, antes que chegue alguém aqui. Me ajuda colocá-lo dentro do seu carro, vai! Abre o porta-malas.
Marcelo a obedece, e Islene guarda o seu revólver na bolsa e pega Jorge pelos braços.
ISLENE- Pega nas pernas dele aí!
Assim Marcelo faz, e os dois colocam o corpo de Jorge dentro do porta-malas.
ISLENE(continua)- Agora some com ele daqui e deixa o resto por minha conta, vai!
Muito nervoso, Marcelo adentra no carro e sai em alta velocidade.
Enquanto isso, Islene sobe correndo para o seu apartamento, pega o seu celular e liga para Marcone, síndico do prédio.
ISLENE- Marcone, eu preciso muito falar com você. Sobe aqui no meu apartamento agora mesmo.
Cena 2
(O toque de suspense continua tocando)
Já na rodovia, Marcelo dirige em alta velocidade muito nervoso.
MARCELO(resmunga nervoso)- A minha vida agora acabou. Eu vou me envolver num escândalo imenso. Marcelo Golveia agora acabou.
Marcelo acerela ainda mais o carro e com os nervos à flor da pele, acaba perdendo o controle do mesmo quando vê uma carreta vindo em sua direção numa curva, e então o carro despenca de um penhasco e explode em baixo.
Cena 3
Na mansão, Hondina está na cozinha com Chico, esse por sua vez, tomando uma xícara de café.
CHICO- Sabe Hondina, às vezes eu me pego pensando pra onde a dona Elvirinha foi que sumiu sem deixar rastro. Ela era uma mulher tão alegre, sempre de bem com a vida e tinha um apego tão grande ao Yuri. Será que ela conheceu algum homem e fugiu com ele?
HONDINA- Eu acho que não Chico. Eu acho que essa história é bem mais suja do que a gente imagina.
CHICO- Tomara que ela não tenha morrido.
Nesse momento, o telefone da casa toca e Hondina segue atender.
HONDINA- Mansão Golveia, boa noite! (pausa) Meu Deus!
CHICO(questiona-lhe)- O que foi Hondina?
HONDINA(retruca pasma)- Chico, o seu Marcelo se envolveu num acidente de carro e parece que morreu.
CHICO- Meu Deus!
Cena 4
Em seu apartamento, Islene conversa com Marcone.
ISLENE- Marcone, eu quero que você delete todas as imagens registradas pelas câmeras de segurança no estacionamento do prédio.
MARCONE- E o que eu ganho com isso?
ISLENE- Um bom dinheiro.
Islene retira um maço de dinheiro de dentro da sua bolsa e entrega para Marcone, que retruca:
MARCONE- Eu quero mais alguma coisa...
ISLENE(retruca séria)- Fala logo o que é!
MARCONE- Eu quero uma noite de amor com você.
ISLENE- Faz o que eu te pedi, que depois a gente conversa sobre isso.
MARCONE- Eu vou confiar na sua palavra, mas não tenta me passar a perna que você não sabe do que eu sou capaz.
Cena 5
(Um instrumental tenso começa a tocar)
Os bombeiros apagam o fogo que se espalhou após a explosão do carro, e resgatam um corpo carbonizado.
Cena 6
Após saber do acidente de Marcelo através de Hondina, Aída entra em desespero em seu quarto.
AÍDA- Não. O Marcelo não pode ter morrido. É mentira Hondina... Pega o meu celular. Eu vou ligar pra ele.
Nesse momento, Yuri entra no quarto muito nervoso.
YURI- O papai morreu?
HONDINA- Ainda não sabemos o certo Yuri. Ele se envolveu num grave acidente de carro...
YURI(nervoso)- É culpa minha. (pausa) É culpa minha.
Yuri regressa correndo para o seu quarto aos plantos e se tranca no mesmo. Hondina o acompanha.
HONDINA(bate na porta)- Yuri, abra essa porta. Yuri.
Muito nervoso, Yuri pega uma agulha que está sobre a sua escrivaninha e começa ferir os seus pulsos.
Cena 7
Amanhece o dia.
Na sala, Aída conversa com o delegado Almeida.
Estão em cena além dos dois, Hondina, Chico e Yuri, esse último por sua vez, sentado no alta da escada em silêncio chorando.
ALMEIDA- O corpo encontrado não foi o do seu Marcelo, mas sim de outro homem.
AÍDA- Então, o Marcelo ainda pode está vivo?
ALMEIDA- Eu não quero parecer indelicado, mas eu acho muito improvável dona Aída. O acidente foi bem grave. As chances são quase nulas.
Nesse momento, Islene invade a mansão muito nervosa.
ISLENE- O Marcelo morreu?
AÍDA- Islene.
ALMEIDA- Ainda não foi encontrado o corpo do senhor Marcelo, mas a polícia segue a procura.
ISLENE- Isso não pode está acontecendo.
AÍDA- Eu sinto muito pelo Jorge, Islene.
ISLENE- Eu estou arrasada Aída.
Aída levanta-se e abraça-a.
Cena 8
Na barra da Tijuca, Zeca está deixando um passageiro.
ZECA- Eu não costumo vim por essas bandas daqui não. É a terceira ou quarta vez que tô vindo por aqui em anos como taxista.
PASSAGEIRO- Você é da Lapa mesmo?
ZECA- Sou sim. Fui nascido e criado na periferia. E do contrário do que muitos pensam, na periferia também tem pessoas honestas e trabalhadoras.
PASSAGEIRO- Eu sei. Eu vou ficar nessa casa aí da frente.
ZECA- Tá entregue.
PASSAGEIRO(paga e retruca)- Tenha um bom dia, Zeca.
ZECA- O senhor também.
Zeca volta pela outra mão, quando então Islene está saindo da casa de Aída e acena para ele, que para em seguida.
ZECA- Bom dia! Pra onde vamos?
Islene entra com a cabeça baixa sem lhe dar atenção e retruca ainda indiferente:
ISLENE- Pode seguir em frente.
ZECA- Eu não sei o que aconteceu com a senhora, mas procura ficar bem. Eu acabei de perder a minha mãe, estou cheio de dívidas, e mesmo assim estou aqui...
ISLENE(volta seu olhar para ele furiosa)- Eu não quero saber... (surpresa) Marcelo! Você tá vivo?