𝖼𝗁𝖺𝗉𝗍𝖾𝗋 𝖷𝖵

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Quando acordei, já eram dez da manhã, é, não sei que horas fui dormir mas com certeza foi bem tarde. Também não lembro de ter andado até meu quarto.
Levantei, e fui direto em direção ao banheiro. Ao entrar, me observo no espelho e começo a reproduzir tudo o que aconteceu. Eu dormi nos braços de Finn e foi maravilhoso, a sensação era de segurança e eu me lembro dele acariciando meu cabelo, foi... mágico. Me abraço para tentar imitar a sensação de ter sido abraçada por ele mas não é igual, me arrepio ao lembrar das suas mãos grandes passando levemente por minha cabeça, meu braço, minhas costas...
Sorrio, sem pensar nas consequências daqueles pensamentos. Pela primeira vez eu não me importava, eu não sentia medo.
Entrei no chuveiro e tomei um banho quente e rápido, o clima estava bem frio hoje, já que era inverno. Já era inverno... o natal!! Esqueci completamente, coloquei uma blusa de manga comprida branca e um casaco preto fino por cima, embaixo uma calça jeans e uma meia nos pés, prendi uma parte do meu cabelo mais liso que o normal pra trás deixando algumas mechas da minha franja soltas e fui correndo olhar o calendário, era dia 23 e a véspera de natal era amanhã, como não percebi?! Acho que estava distraída demais com outra pessoa nessa casa do que com Ava comemorando para minha mãe, wow.
Desço para comer algo, minha mãe e Eric já tinham ido trabalhar e Ava já estava na escola, não sei onde se encontrava Finn.
Pego uma torrada e um iogurte e me sento na mesa, vendo pessoas fingindo ter uma vida perfeita no instagram.
Termino de comer e subo, não me controlei e bati na porta de Finn. Nada. No segundo toque ele abre a porta com uma cara inchada de sono e meio irritada, ele estava sem camisa e com uma bermuda preta.
— Millie? — Sua voz mais grossa e rouca que o normal pelo sono era quase terapêutica.
— Oi, acordou agora?
— É. — Ele sorri de lado. — Fez o que eu te indiquei, né? — Ele provavelmente se referia a eu ter fingido estar doente. Assenti, ignorando um pouco do meu orgulho, ele sorriu mais. — Vou trocar de roupa.
— Ah, não... — Resmunguei. Ele levantou as sobrancelhas. Merda. Corei instantaneamente e ele deu um sorriso malicioso. — eu quero dizer... não quero atrapalhar você... pode voltar a dormir.
— Não consigo mais depois que acordo.
— Oh. — Estava sem graça, muito sem graça.
— Mas tá tudo bem, valeu a pena. — Mal pude ouvir a última parte pois ele fechou a porta. Mordi a ponta do dedão, só conseguia pensar na vergonha. Tá, eu gosto dele sem camisa, mas ele não precisa saber disso, inferno.
Fui para o meu quarto e comecei a ler O menino do pijama listrado.

Pouco tempo depois, escuto alguém bater na minha porta e eu me levanto, já sabendo de quem se tratava. Sorri automaticamente. Antes que eu pudesse abrir a porta ele entrou.
— Vamos terminar Harry Potter? — Perguntou. Ele agora vestia uma camiseta preta com uma calça da mesma cor.
— Ah, claro.
Descemos, nos sentamos no sofá, não tão grudados como ontem mas não tão distantes, nossas pernas se encostavam e eu poderia facilmente segurar sua mão se quisesse. E comecei a pensar, eu queria? Sim. Eu queria e não podia mais enganar a mim mesma, mas não sabia se ele queria. Isso é uma merda, sentir isso é uma merda. O que exatamente eu sentia?
Deixei as perguntas que não sabia responder ainda pra lá quando ele da play em O Enigma do príncipe.

Antes dele acabar, nos assustamos com a porta abrindo e minha mãe entrando. Nos afastamos rapidamente, não estávamos grudados, mas era arriscado.
— Millie?
— Oi, mãe
— Não estava doente?
— Estou, mas já estou melhor. — Menti.
— Sua cabeça parou de doer?
— Sim, tá tudo certo. — Sorrio falsamente. Ela olha pra Finn e depois para a televisão.
— Por que não foi para a escola também, Finn?
— Fui dormir tarde ontem.
— Ah, claro. — Ela não parecia muito convencida, mas não falou nada. Deixou suas coisas em cima da mesa e foi ao banheiro. Olhei para Finn, rindo, ele já me olhava, também segurando o riso, foi só nossos olhares se encontrarem para nós explodirmos de gargalhadas. Estar com ele era resumido assim. Gargalhadas.
Quando elas finalmente cessaram, nós estávamos mais perto, nossos rostos estavam, e ele me olhava profundamente, acredito que eu fazia o mesmo. Aqueles olhos negros pareciam penetrar o fundo da minha alma, antes eu não gostava disso, mas agora...
Começo a sentir algo em minha barriga, era como se eu fosse vomitar, um frio percorria naquele local.
Oh, não. Isso são... borboletas no estômago?

my stepbrother | fillieOnde histórias criam vida. Descubra agora