𝖼𝗁𝖺𝗉𝗍𝖾𝗋 𝖷𝖷𝖵𝖨𝖨

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02/03/2021

Millie Bobby Brown's POV

Blusa azul ou rosa? — Pergunto, indecisa, ao cacheado que se encontrava entretido com o celular sentado em minha cama.
Logo que me escuta estende o olhar pra mim, verificando as blusas.
— Hmm. Azul.
Pego a azul e me dirijo até o banheiro.
— Ei, ei, vai pra onde? — Me interrompe. Me viro e o encaro, como se fosse óbvio.
— No banheiro?
— Pra que? — Faço a expressão mais confusa que consigo.
— Hm, trocar de blusa? — Ergo a blusa azul, como se estivesse falando com alguém obtuso.
— Pra que ir no banheiro?
Abro minha boca, mas me perco, ele já tinha visto muito mais que só um sutiã e eu ainda não tinha me tocado nisso, afinal ele nunca esteve em meu quarto me ajudando a escolher roupas. Ele me olha como se agora eu fosse o ser obtuso.
— Duh.
— Mas... é inadequado.
— Não, não é. Anda, troca.
Coro, mas tiro a blusa rapidamente, tal movimento quase me fez desequilibrar e ele chega a até estender a mão pra me segurar.
— Com calma, Brown. Devagar.
Desnorteada, pego a blusa azul e paço os braços pelas margas curtas.
— Não acredito que depois de tudo ainda tem vergonha de mim. — Diz, provocativo.
— Não é... vergonha. Só que... isso é novo pra mim.
Passo a cabeça e ajeito a blusa em meu corpo.
— Pronto, viu? Doeu?
Nego com a cabeça, sorrindo minimamente.
Ele vem em minha direção e me beija rapidamente, já que eu digo, perto de seu rosto:
— Anda, desce primeiro.
Ele assente e me dá um selinho final, se dirigindo para a porta, a fechando ao sair e descendo para a cozinha.
Respiro fundo pensando no quão leve eu estava. Pego uma jaqueta jeans e desço.

No café, Eric fazia piadas, Ava ria como nunca e minha mãe os repreendia por ela ter quase engasgado, mas ria também.
Minha mão estava de encontro com a de Finn embaixo da mesa, e as vezes trocávamos olhares.
Eles eram a minha família agora e eu não poderia pedir uma melhor, pensava que a partir do dia em que os dois homens chegaram minha vida mudaria completamente pra pior, mas foi o oposto.
Minha relação com Finn não era de irmandade, nunca foi, mas ele era sim a minha família. Minha casa.

— Tá, mas Team Edward ou Team Jacob? — Pergunto a Finn, enquanto íamos para a escola e o carro se locomovia, pintando a estrada.
Crepúsculo? Sério, Millie? — Ri.
— Tá zoando que você não gosta?!
— Não!! — Rimos. — Mas minha mãe adorava e era Team Edward, então...
Paro por um segundo percebendo que Finn havia citado sua mãe de forma feliz, de forma leve, não pra contar de seus traumas. Não sabia qual seria a sua reação, então apenas fungi que ouvi uma frase "comum".
— Sua mãe tem um gosto ótimo!
— É, ela tem. — Meu menino sorri, triste.

Chegamos na escola, e de mãos dadas subimos a escadaria.
Chegando ao corredor, começo a ouvir risinhos muito próximos de mim, então automaticamente viro minha cabeça pra trás, tinha um grupo de meninos muito parecidos com Finn, que riam e cochichavam olhando pra nós, mais especificamente pra mim.
Vejo pelo canto no olho Finn fazendo o mesmo movimento que eu e olho pra frente, logo desviando para meus pés.
Meu namorado volta a olhar pra frente e permanece calado, me encarando enquanto eu me encolhia a seu lado.
Logo depois, percebo Lilia Buckigham passando ao nosso lado junto com mais três meninas, nossas mães costumavam ser amigas e ela vivia indo lá pra minha casa, mas não era uma criança muito amigável e fazia de tudo para infernizar minha vida. Minha mãe, quando me viu um dia com uma parte dos meus longos cabelos cortada, fez o mesmo com qualquer relação com a mãe de Lilia, que mimava a garota como de fosse o centro do universo.
Ela imitava o ato dos meninos e ria até mais alto, consigo a ouvir dizendo algo como "será que já tirou a inocência dela?"
Aposto que meu namorado também ouviu, já que me olhou com um olhar preocupado, mas não disse nada. Não tinha nada pra dizer.
Chego ao meu armário, cabeça baixa, e o abro, organizando meus materiais desconfortavelmente. O garoto ao meu lado, quieto até o momento, finalmente disse:
— Mills?
Finjo que não ouço e continuo, sem olhar pra seus olhos, arrumando minhas coisas. Por algum motivo eu sentia vergonha de o encarar. Me senti uma presa indefesa enquanto ouvia rodadas de alguns atrás de mim.
— Millie..? — Repete.
Finalmente o encaro, como se não tivesse ouvido da outra vez.
— Sim? — Digo, como se nada tivesse acontecido.
Não entendia por que agora. Nunca aconteceu antes, então por que resolveram zoar justo hoje?
O menino suspira.
— Não liga pra aquilo, hm?
— Aquilo o que? — Afobo, arrumando minhas coisas e quase deixando o livro de história cair.
— Não precisa fingir que não viu, Mills. Tá tudo bem. — Volta a segurar minha mão e a aperta.
Olho pros meus pés, desconfortável, mas não tinha o que responder.
— Millie? — Ouço a voz de Sadie e olho sutilmente pra cima, ela vinha em nossa direção com Noah. — Tá tudo bem? Por que não nos encontrou como o de costume?
— Eu...
Fui interrompida por uma voz desconhecida de primeira, mas quando virei o olhar pro corredor reconheci:
— Novo jantar, Wolfhard? — Era Joseph Robinson, do time de basquete, junto com os próprios.
Viro o rosto queimando rapidamente, olhando pra baixo novamente.
Sadie se encontrava boquiaberta ao meu lado, Noah não estava muito diferente.
Finn soltou minha mão e colocou a sua em meu ombro, ficando com seu braço nas minhas costas, como se fosse me proteger de alguma forma. Eu queria que desse certo.
— Ignora, Mills. — Diz ele, com os dentes cerrados. Eu estava de certa forma feliz por ele não ter ido atrás e arrumado briga. Não queria dar nenhum tipo de visibilidade para o ocorrido e nem mais atenção voltada pra mim.
Minha melhor amiga agora parecia indignada, eu sabia que ela queria ir tirar satisfações com o tal Robinson.
— Fica aqui, tá tudo bem. — Digo, tentando passar credibilidade.
— Tudo bem? Aquele menino te tratou como um nada, como se fosse só um depósito de pau, ele te chamou de "janta", — Fez aspas com o dedo, gritando. — eu vou até lá.
— Não vai, não. Fica, por favor. Chega. — Imploro, segurando seu braço.
Ela parece entender, mas ainda tinha uma expressão de tremenda raiva em seu rosto, Noah ainda parecia perplexo.
O sinal toca e eu apoio a mochila num ombro.
— Vejo vocês no intervalo. — Digo, desanimada e me viro rapidamente para a sala que agora teria história.
— Não quer companhia? — Noah grita.
Não consigo responder, apenas vou em direção a sala, ouvindo inúmeros risinhos no corredor.

my stepbrother | fillieOnde histórias criam vida. Descubra agora