𝖼𝗁𝖺𝗉𝗍𝖾𝗋 𝖨𝖵

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09/09/2020

Millie Bobby Brown

Já era quase 22pm e eu estava acabando um livro. Nele dizia que era raro encontrar quem veja o mesmo mundo que o seu. O que era verdade, acho que nunca concordei tanto com um quote de livro.
O terminei. Já era bem tarde, então resolvi dormir logo, ou tentar.
Rolava de um lado para o outro, abria e fechava os olhos. Que ótimo. Obrigada insônia.
Cheguei a conclusão que descer para pegar água seria uma boa, então desci.
Descia as escadas bem devagar para não acordar ninguém, já que provavelmente passava de meia noite.
Cheguei na cozinha. Estava um breu, não conseguia ver nada, apenas senti um cheiro de queimado. Não, não exatamente de queimado, de cigarro. Tinha alguém ali, fumando.
Um medo me percorreu de primeira, mas a curiosidade depois, eu ia descobrir quem fazia aquilo.
Fui me aproximando do cheiro e comecei a ouvir um sopro, o som de sabe lá quem, soltando a fumaça.
— Quem tá aí? — Perguntei. Já estávamos ficando agoniada daquele suspense.
Como esperado, ninguém respondeu. Mas de repente, senti a pessoa se aproximando, escutei os passos dela em minha direção. Automaticamente, dei passos para trás, mas foi em vão. Já me encontrava apavorada. Acho que a pessoa também não tinha noção de onde eu estava, então só veio pra cima de mim. O pânico me atingiu. Atingiu tanto que eu caí de costas para o chão. Eu tentei gritar, mas a pessoa colocou sua mão na minha boca. Meus olhos já quase saltavam da órbita, ele tinha caído em cima de mim, e sim, ele. A estrutura do corpo era de um homem, simples, ou era Eric, ou o outro. E tcharan. A luz do poste da rua nos atingiu da janela, já que caímos na direção dela. E eu vi quem era. Era ele. Exatamente ele.
Caralho. — Eu falei em choque quando ele me soltou.
— O que porra você tá fazendo aqui?! — Ele diz, ríspido. Franzi o cenho, em puro desacreditamento.
— A casa é minha?! Eu faço o que eu quiser nela, você é que não tem o direito de fumar na casa dos outros de madrugada! — Explodi.
— Princesa, acho que a casa não é mais tão só sua, não é mesmo? — Arregalei os olhos, quem ele pensa que é?!
Vocês se mudaram para a casa da MINHA mãe. Casa da minha mãe, logo, é herança minha.
— Tá, mas quem mora aqui hoje? E outra, sua mãe já morreu, por acaso? — Eu queria enforcá-lo. Filho da puta do caralho. Eu odeio esse garoto.
— Eu te odeio.
— Posso conviver com isso. — Minha feição de raiva só aumentou, o que me fez não falar mais nada, só descer o olhar para um pouco abaixo de seus olhos, em uma forma de confronto. Mas não funcionou muito, já que meu olhar desceu mais. Pra lá. Observei sua boca. Era carnuda e avermelhada. E tentadora. Só ali, eu percebi o quanto estávamos próximos, ele estava em cima de mim. Meus seios encontravam em um pouco acima de seu peitoral, ele tinha as duas mãos apoiadas no chão, do lado da minha cabeça, para não deixar que seu peso caia completamente em mim. Olhei para seu rosto de novo. Estava escuro, apenas a luz do poste da rua nos iluminando da janela, mesmo assim ele ficava bonito. Tinham sardas nas bochechas, seus olhos pareciam o oceano de tão profundos, seus cabelos cacheados e volumosos, negros como os olhos. Percebi que ele também olhava para a minha boca. Minha respiração pesou. Estávamos próximos demais. Muito mais que só irmãos ficam.
— Controla a respiração, Millie. Parece que correu uma maratona. — Ele sussurrou e eu corei. Sabia que ele estava exagerando mas também sabia que ele percebeu o que causa em mim.
— Estou normal. — Tentei dizer. Igual tentava olhar para qualquer coisa naquela cozinha, que não seja a boca dele. Estava difícil.
— Olha pra mim, então. Qual o problema? — Idiota, idiota, mil vezes idiota. Continuei encarando a pia. Não disse nada, apenas tentava controlar minha respiração. E então, ele fez a pior coisa que podia fazer, depois de me beijar. E com pior coisa eu quero dizer algo que eu me culparia depois. Se ele me beijasse ali, eu não vou mentir, iria gostar. Bastante. Céus, eu pareço uma cachorra. Eu odeio ele, e não o contrário. E eu não quero beijar ele. Tentei colocar isso na minha cabeça, o que foi em vão quando ele puxou meus rosto pelo queixo, me obrigando a olhar pra ele. Tinha o sorriso ladíneo. Merda.
— S-sai de cima de mim. — Eu disse em puro desespero, se ele não o fizesse, eu iria o beijar. E eu não queria. Sendo bem sincera, eu não queria que ele saísse. Ele não se moveu. Estava se divertindo me torturando, era óbvio. E eu não ia perder esse joguinho. O empurrei para o lado com a pouca força que tinha. Percebi que estava mole. Levantei rapidamente e fui em direção da escada.
— Boa noite, Brown. — Escutei ele dizer da cozinha. Não respondi, ainda estava me "recuperando". Pensei que se ele com uma aproximação mais perigosa me causou isso, imagina se ele me beijasse. Ou pior. Senti vergonha de mim naquele momento. Queria cavar um buraco, me jogar lá e não sair nunca mais. Como eu iria encarar ele de novo?!
Desisti da água, nem lembrei dela, aliás. Apenas entrei em meu quarto, me joguei na cama e demorei pelo menos três horas pra dormir.

my stepbrother | fillieOnde histórias criam vida. Descubra agora