𝖼𝗁𝖺𝗉𝗍𝖾𝗋 𝖨𝖨𝖨

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05/09/2020

Millie Bobby Brown

O barulho insuportável do despertador me acorda. Seis da manhã. Abro os olhos lentamente e paro o alarme. É hoje, o belo dia chegou. Volta as aulas. Não vou dizer que é um fardo, eu gosto da escola, de ver meus amigos, que, embora sejam poucos, sei que são verdadeiros. O único problema são outras pessoas. Eu não sou de brigar com ninguém, nunca nem odiei ninguém de verdade — até agora, eu acho. —, mas tem gente que insiste em não ir com a minha cara. Na verdade, tem gente que insiste em não ir com a cara de ninguém que não seja de seu "grupinho" social. Ou seja, os populares. Mas, de verdade? Eu não me importo.
Levanto da cama depois de checar o celular e vou para o banheiro. Lá tomo banho e faço coisas que todos fazem. Opto com um blusão vermelho e um short, não muito curto, mas o blusão quase o tapava. Nos pés, meu all star preto de sempre. Deixo meus cabelos soltos.
E assim, desço para encontrar minha maravilhosa família.
Já estavam minha mãe e Eric na mesa. Ava provavelmente ainda dormia, sua escola era um pouco mais tarde, e o meu irmão mais velho ainda não tinha decido também. Nós não progredimos muito durante esse quase um mês. Ele sempre me provocava e eu posso dizer com todas as palavras que eu odeio alguém pela primeira vez. Não trocávamos mais de três palavras, e essas três palavras eram provocações. Meu Deus, que ser humano eu virei?! Cadê a Millie doce que não odeia ninguém e não faz mal a uma mosca??! É, eu também penso nisso as vezes. Mas tá na hora de crescer.
Comprimento os dois adultos na mesa e me sento na cadeira, pegando um waffle.
Já estava quase terminando o café quando o menino resolve descer. Ele se senta. Eric é minha mãe o comprimentam e ele responde seco. Pelo menos respondeu, nem isso ele faz comigo.
Acabo o café e me levanto, subindo novamente para pegar minha mochila.
Finn já estava lá fora, já que havia descido com sua mochila. Vou em sua direção e paro ao seu lado, ainda sem trocar uma palavra.
— Mills, Finn dirige, ele já sabe onde fica a escola. — Eric disse. Como é??? Eu vou depender dessa praga para ir pra escola??! — Tudo bem por você? — É claro que não!!!
— Hum... Tá. Claro. Contanto que ele não me sequestre, me assassine e jogue meu corpo no rio, tudo bem, sim. — Eu disse, soou brincalhão mas não era essa a intenção. Eric ficou meio assustado mas riu. Finn tinha um sorriso de lado. Idiota do caralho.
Tchau, crianças. Se cuidem e juízo. Ouviu bem, Finn? — Eric finaliza e entra na casa.
— Não foi uma má ideia. — O cacheado diz.
— O que? — Eu tento ser o mais seca possível.
— A de te sequestrar.
— Ah. Ia ser legal pra você me matar, né?
— Não, eu não ia te matar.
— Ah não? Qual seria o motivo do sequestro, então? — Cruzo os braços.
— Pra ninguém ouvir seus gritos enquanto eu fazia coisas com você. E essas coisas não seriam contra a sua vontade. — Ele fala, simples e vai em direção ao carro.
Fiquei ali, estática. Ele falou sério? Claro que não, sua boba, era pra te deixar com vergonha. Respirei fundo. A melhor opção é fingir não ter entendido. Né?
— Como assim? Me matar com certeza seria contra a minha vontade. — Andei até o carro, ele já estava dentro dele. Abri a porta e adentrei o veículo, a fechando logo depois. Ele riu anasalado.
— Eu sei que você entendeu, menina. Mas não se anima, não. — Ele liga o carro e dá partida.
— Idiota. — Murmurei, revirando os olhos.
Ficamos calados o caminho inteiro.

Chegamos finalmente no prédio as 07:30am. Eu não aguentava mais o silêncio, sou o tipo de pessoa que não consegue ficar sem falar por mais de cinco minutos. Por pouco eu não falava, graças ao meu orgulho calei a boca.
Saí do carro com a minha mochila sem nem esperar ele.
Fui direto ao meu armário, o abrindo, pegando os livros que precisaria e guardando os que não. Do nada, sinto alguém sacudindo de leve meus ombros. Pulo pelo susto e o coração acelera. Sadie logo apareceu em meu lado. Sorrindo, toda feliz.
Sadie Sink, vulgo minha melhor amiga desde o fundamental, vulgo a pessoa que mais confio. Ela é surtada, emocionada, e acima de tudo sensata. Sempre que preciso de conselhos ela está lá. Não sei a magia que ela faz pra sempre estar certa em tudo. Uma das melhores pessoas que alguém pode conhecer.
— Mills!! Bom dia! — Coloco a mão no coração ainda pelo susto. Ela ri.
— Bom dia, praga. O que rolou?
— Vou sair com o Caleb hoje a noite! — Ela dá pulinhos. Caleb Mclaughlin, jogador de basquete, como se fosse um líder. Melhor amigo de Noah, o que o torna nosso melhor amigo também. Sadie sempre teve uma quedinha por ele mas sempre escondeu, agora que aparentemente é recíproco, ela está animada. Eles são lindos juntos.
— Não brinca!!? Tipo, um encontro?!
— Sim!! — Ela continua dando pulinhos enquanto pega na minha mão.
— Isso é incrível! — Rio com ela.
— Mas, então... Como vai sua nova família? — Entrelaçamos os braços e fomos andando até a sala. Nossa primeira aula seria juntas. Suspiro por ter que falar do assunto.
— Meu padrasto é legal, bem gente boa. Ele tá se esforçando. Já meu irmão... Um porre. — Reviro os olhos.
— Puts. Ele está aqui?
— Já deve estar vindo se não entrou ainda. — Sadie pareceu pensar antes de falar.
— E... Ele é bonito? — Tá brincando comigo??? Sim. Pra caralho. Mas também é chato. Pra caralho. Respirei fundo, lhe lançando um olhar reprovador. Ela riu.
— Sim. Ele é.
— Senta.
— QUÊ?! — Arregalei os olhos. Sim, Sadie era sem filtros, falava o que vinha na cabeça. Isso era bom em alguns momentos e ruim em outros. Corei. Por que eu corei??
— Ele é bonito e mora na mesma casa que você. Senta, uai. — Ela fala como se fosse a coisa mais normal do mundo. Pra ela, era. Mas pra mim, virgem e inocente — nem tanto —, era constrangedor. Acabei rindo e ela também. — Você é impossível. — Espero a risada cessar. —Mas sério. Ele é insuportável. Grosso pra caralho e vive me provocando.
Contei tudo a Sadie, inclusive o "sequestro". Ela riu feito uma hiena.

Tivemos as três primeiras aulas e o recreio chegou. Eu e Sadie nos sentamos em uma mesa, esperando Noah, que não demorou para chegar já com sua bandeja. Noah Schnapp, meu melhor amigo desde o pré. Confio de olhos fechados. Sempre me apoia e me dá força. Também é o melhor amigo que alguém poderia ter, ele sempre está lá pra você.
— Oi, Vadia Ruiva e Brownie. — Também é o dono dos apelidos. Nós odiamos? Sim. Mas era legal essa intimidade.
— Fala, Snapchat. — Sadie diz, também não deixamos barato.
— Como foram as férias? — Noah começou a comer seu lanche.
— Millie tem um meio-irmão gostoso que fala que quer comer ela. — Arregalo os olhos pra ela e Noah faz o mesmo.
— Sadie arrumou uma transa com Caleb. — Disse rápido, apontando pra ela.
— MILLIE?! — Começamos a rir.
— E falando nele... Olha quem tá vindo. — Noah aponta com a cabeça indicando pra olharmos pra trás. Assim fazemos. Caleb se aproximava. Com Finn. Universo, por que você me odeia?
É o... — Sadie ia falar mas eu a interrompo com um aceno de cabeça e uma carranca. Sua boca fica em formado de O. — Noah, esse é o meio-irmão gostoso da Millie. — A ruiva sussurra e leva um tapa no braço, dado por mim. Ela solta um "ai" e apalpa o lugar batido.
Caleb chega logo depois.
— Oi, gente. Esse é Finn. Ele é novo e disse que conhece e a Millie. — Inferno. Olho para Caleb, que está parado com Finn ao seu lado, que me encarava indiferente. Estavam do lado da mesa.
— Sim, ele... Ele é o filho do namorado da minha mãe, Cale. —Eu digo coçando uma parte da testa.
— Oh! Então é ele! Não tivemos muito tempo de conversar. — Caleb diz. Sou um sorriso forçado.
—Sadie Sink. — Minha melhor amiga estende a mão direita para Finn, que a aperta com sua esquerda. Permanecia com a cara indiferente.
— Eu sou Noah Schnapp. — Noah acena, já que estava meio distante para um aperto de mão. Wolfhard dá um sorriso mínimo, sem emoção alguma.
— Bom... Vou sentar com o Finn hoje. Ele não está muito enturmado ainda, tem problema? Amanhã sento com vocês.
— Tá tudo bem, Caleb. — Finn diz. Olha só, parece que o babaca não pensa só nele. Ou talvez porque ele goste de ficar sozinho. Sua cara.
— Não, tudo bem nós dizemos. Pode ir, Cale. Finn, adoramos te conhecer, espero que amanhã se sente conosco. — Sadie diz. Eu reviro os olhos. Acho que Wolfhard percebeu, pois sorriu de lado. Já vi que aquela porra era uma mania dele. E que eu odiava. Não sei se porque era intimidador e irritante ou porque o tornava mais atraente.
— Obrigado, Sads. Te vejo hoje a noite, né?
— Conte com isso, Mclaughlin.
Ok, eles eram fofos pra caralho e isso me causava inveja. Claro que eu estou 100% feliz por eles, mas se um pode não é justo o outro não poder. É, realmente o universo me odeia.
Eles passaram por trás de mim e Sadie, Finn estava atrás de Caleb e quando ele passou por mim, se agachou, ficando na altura da minha orelha e disse:
— Você tem mania de revirar os olhos, não é, irmãzinha? — O idiota ainda bagunça o meu cabelo antes de se afastar. Ergo-lhe o dedo do meio enquanto ele ainda estava virado pra minha direção. Ele apenas sorri de lado e volta a andar. Percebo que Sadie e Noah seguravam o riso.

Grande dia, Millie. Grande dia.

my stepbrother | fillieOnde histórias criam vida. Descubra agora