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Alle diz antes de se afastar me deixando muda, apenas com o a brisa gelada tocando meu rosto que queimava. Apenas quando ela já estava a uma certa distancia que minha voz sai chamando por seu nome em vão, ela sequer olha para trás indo apressada para o outro lado da rua. Eu ardia em silêncio sentindo minhas pálpebras pesadas junto do fisgar que vinha em minhas vias respiratórias, quando nossa cabeça tonteia e tudo que você acha saber sobre si mesmo se esvai como fumaça quente tapando a visão. Em outras palavras, quando se cala um sentimento agoniante.
Vi-me de pé fingindo não observar os olhos dos desconhecidos em mim, os pássaros agora eram tão mudos quanto eu que sentia os olhinhos miudinhos deles me observando do alto. Talvez pensassem o mesmo que eu. O que viria a seguir? O que aconteceria com a garota que parecia ter sido cruel com a amiga de longa data? A quem pertencia à loucura e a quem pertencia a sensatez? Boa parte de mim permanecia dividida.
Sentei-me derrotada pelas palavras de Alle, as sentindo como um soco nas costas. Meu reflexo não foi diferente de nada do que eu conseguia ser até então, imediatamente indo a meus contatos de emergência e contatando a única pessoa que poderia não só me apontar uma direção, mas compreender toda a situação. O numero chama uma, duas, três e na quarta finalmente posso ouvir sua voz.
- Anã, não posso falar agora – ele diz em sussurro ao telefone. – Ainda não terminou aqui, é urgente?
Todo o esforço que eu fazia para me manter intacta fora de minha zona de conforto foi-se através de mim, como se eu fosse feita de gelatina ou de fato alguém transparente.
- Urgente. – respondo com a voz trêmula olhando aos arredores. – Estou na praça perto da estação. Sozinha.
- E o Jungkook? Não pode te levar? – a voz dele beirava a preocupação. – Aconteceu algo?
- Tem que ser você Tae. Por favor, vem pra cá. Allessia, ela... Ela surtou, eu não sei. – engulo em seco sentido o nó em minha garganta de nervosismo pelo desentendimento. – Vem pra cá, por favor.
- Tudo bem, se acalma e tenta se distrair enquanto eu não chego ok? – assenti com a cabeça como se ele pudesse me ver. – Geo?
- Estou confirmando.
- Logo vou estar ai. – ele diz antes de desligarmos.
Eu sentia uma eternidade olhando para mim do alto das árvores como se meu amigo nunca fosse chegar, estava muito obvio para mim que minha mente não conseguiria desfocar em outra coisa que não fosse o que havia acabado de acontecer ali até Taehyung chegar. Parte de mim lutava com a sensação de culpa – que eu sabia ser insensata – que tentava crescer em mim quando começava a analisar pela centésima vez as palavras de Alle junto de minhas ações. A outra parte que lutava com ela era a minha própria sanidade ainda intacta, gerando tudo com mais frieza e firmando meus pés no chão da realidade, onde nada estava tão errado assim.
Então eu refletia: Quem diabos era a outra parte para vir com os dedos da ansiedade destrutiva até mim daquela forma? Era uma enorme amizade, um imensurável e tenro sentimento que eu nutria por Allessia, mas nem mesmo o desespero do desentendimento que me amargava à garganta eu deixaria que me tirasse de meu chão. Era claramente a beira do perigo para alguém que vivia como eu, para pensar sobre mais um dia onde a impulsividade poderia me dar gotas vermelhas da depressão apenas por sentimentos como aqueles que eu controlava sentada sozinha no parque a espera de meu amigo.
Depressão; ela raramente me deixava intacta por um dia inteiro. Ás vezes eu me rendia e pedia para os céus, – como naquela canção que um dia fizera parte de meu ritual de pré confissão no quarto de Jungkook.
– sua letra em certo verso suplicava para que apenas fosse mais devagar. Eu já havia aceitado a existência dela em meu ser e nada nem ninguém além de mim mesma e o tempo poderia mudar isso, mas que ao menos houvesse algum pingo de piedade da alma transparente que eu sentia ser a minha. Não intensificando os sabores da agonia extrema que vivia em apenas um mero desentendimento. Qualquer que fosse o pico de estresse, medo, confusão, angustia, vazio ou até mesmo um pequeno e inofensivo arranhão, ela estaria lá por lá afiando sua foice com zelo. Se preparando para mim. Fazendo-me visualizar lâminas, cordas, abandonos e penhascos. Fazendo-me passar as mãos pelas cicatrizes grosseiras em meu corpo, algumas que nem mesmo tinham sido forjadas por mim mesma. – Você está pensando demais Georgiana –.
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Stitches
Non-Fiction"Descobri que vencer meus medos me força a acreditar que quando tudo acabar não será você e eu e sim eu e meu silêncio. Aprendi que reprimindo a mim mesma não é a melhor maneira de ser alguém, mas descobri que vinte e três horas por dia posso ofusca...