❄Inverno&Primavera❀ - Cap 4

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CAPÍTULO SOB REVISÃO

Deem suporte á história, votem e comentem. Boa leitura!

"No Inverno se intensifica o processo de introspecção pessoal. As pessoas se recolhem, voltam-se mais para si mesmas, procuram no interior do lar atividades que combinam com este período de concentração existencial, como arrumar armários, consertar oque está à espera de reparos, costurar o que necessita ser restaurado."

Eu permanecia em meu estado invernal no interior de meu eu a tanto tempo que nem me lembrava mais quando foi que tudo começou. Mesmo antes dos olhos estreitos do lobo entrar em minha vida, houveram vários momentos onde instalaram-se dentro de mim temperaturas tais como no Alasca e ninguém viu nenhum resquício de nevascas ou partes congeladas. Dra. Soraia disse-me uma vez que muito provavelmente poderia ser devido ao fato de meu desenvolvimento extremamente solitário, sem irmãos ou irmãs, primos ou amigos por perto, nada além de eu e meus pais apenas. Na grande parte dos momentos onde refletia sobre, confesso que preferia crer em suas palavras, era tão mais simples e abraçava aquela psicologia sem muitas margens de erros, outrora havia minha intuição dizendo coisas que não condizia em meus ouvidos que já não prestavam a atenção nessa parte minha desde que em meios ao meu décimo segundo aniversário me conquistou o peito fundo, com seus lábios brancos, a atentar contra minha própria vida.

Quando sua intuição lhe diz coisas assim: você a abandona sem remorso.

Hoje, em meio aos vinte e três, depois de alguns muitos meses longe eu me encontrava no mesmo lugar que algumas vezes quase conseguiu me curar do incurável, deixando-me ao menos tratável. Sentia como se fosse uma velha novidade estar na clínica marcando uma consulta com a senhora de cabelos grisalhos e olhos como safiras azuis, ela foi essencial para tantas partes atuais em mim... E mesmo assim, o que rondava minha mente ali em pé sozinha remexendo as mãos em profunda ansiedade de estar fora de casa, era que dessa vez não havia a superproteção de meus pais, hoje relapsos, não havia nem mesmo uma sombra amiga, era apenas eu e todos os meus lados que ansiavam pela minha melhora e por mais amor comigo mesma. Eu merecia.

Ao experimentar um pouco da liberdade apavorante aos pelos finos de meus braços, senti-me levemente o tom da excitação subindo por minha nuca apenas por pegar o cartãozinho que a recepcionista me deu com a data e a hora da consulta. A agradeci e caminhando com as pernas lentas até a porta, ainda com os olhos fixos no pequeno pedaço de papel que eu consegui sozinha, os sabores da conquista preencheram minha boca e eu quis mais, eu queria um pouco mais daquilo. Pensei por alguns minutos e não pude deixar de lembrar de uma velha e querida lembrança; seu nome era Allessia e um dia ela havia sido uma enorme parte da minha vida, recordei com alegria nos dedos ao confirmar o nome da rua próxima, que eu lembrava ser onde ela morava. Em uma ou quatro piscadas fortes apenas procurei por seu numero da agenda do celular e desejei que ela atendesse, eu e a pequena flor primavérica que havia em meu pulso naquele momento tomando meu corpo. Era bom.

Um toque, dois se seguiram para três e ao quarto; me inquietei. Algo em mim por um segundo pensou em desistir mais rápido do que a decisão de ligar.

Antes dos pensamentos escuros como o céu nublado me jogassem de volta a meu quartinho, a voz esganiçada que eu conhecia bem se fez presente do outro lado do telefone, de imediato abri um sorriso selado de alívio, nem mesmos seus trejeitos vocais ou sua risada contagiante haviam mudado depois de tanto tempo. Pensei que me sentiria desconfortável com tal ousadia de minha parte, mas a naturalidade entre nossas vozes foi uma enorme surpresa.

- Eu ainda não consigo acreditar que é você mesmo. – ela grita do outro lado do telefone animada – O que você tem feito, me conta!?

- Na verdade... - começo com receio - Eu estou aqui na rua, em baixo do seu prédio. – meus olhos se apertavam ao me auto convidar de forma indireta e minha boca formava uma careta. – Se for uma hora ruim eu não vou ficar...

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