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Taehyung é meu irmão e meu melhor amigo. Não importa a circunstância, nós sempre vamos nos ter e estaremos lá um pelo outro.
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•••Eu observava meu amigo pelo canto dos olhos, enquanto ele tinha suas íris pregadas na tela plana média que havia em meu quarto, acompanhada de meu computador. Os olhos do rapaz vivido e de coração forte estavam bêbados de tédio, podia sentir seu pensamento longe, suas mãos que brincavam com a manta negra que dividíamos não tinha nenhum vestígio de vigor. Senti que ele estava vagando em dias atrás.
- Esta fazendo de novo Anã. – ele diz com a voz serena sem desviar a atenção do monitor.
- Desculpa. – respondo voltando meus olhos á meu filme favorito. – Vou tentar me controlar.
Ele assentiu sem esboçar muita reação e seguimos com meu ritual noturno. Eu ouvia as frases que tanto moravam em minha mente há anos e as sussurrava como um blefe já realmente rotineiro junto dos atores.
"Bom, eu... Olha, foi tudo. Foi o meu mundo e as pessoas que pertencem a ele. E a inércia da minha vida que me leva e me deixa incapaz de impedir isso."
A voz da moça de dezessete anos soava como o ar natural que perpassava por meus pulmões a cada puxada profunda que eu dava e se instalava em meu coração durante todos os anos, desde que a longa metragem fizera parte de meus dias pacatos. Sua voz era doce e suicida, assim como um dia a minha fora... Ou deveria dizer; ainda era? Ela e todo o seu esplendor fictício eram muito mais do que apenas alguém fazendo papel de ninguém. Era como se eu visse um pouco de todos nós ali. Os personagens de minha realidade pareciam ter seus reflexos em todo o roteiro do filme.
Lembrava-me do meu próprio roteiro que se perdera em algum lugar do passado. Rose DeWitt Bukater era de fato, assim como eu, uma garota mimada, solitária, impulsiva e além de tudo convivia com o medo constante de quem se tornaria se continuasse a seguir a vida em sua própria bolha. Os pensamentos conversavam comigo de forma amigável, vinham-me como um maremoto gentil.
Os minutos se passavam e mais e mais meu corpo ia se dissipando em uma neblina esmaecida acompanhada de palavras e mais palavras se rodeando, formando um círculo. Não eram palavras minhas e tampouco de Taehyung que permanecia quase imóvel se não fosse pelo som do cerrar de seus dentes, mas vinham dele; do meu primeiro e ilusório amor.
"Eu tenho o ar de meus pulmões e algumas folhas de papel em branco. Gosto de acordar de manhã sem saber o que vai acontecer. Quem irei conhecer, aonde vou parar. Eu acho que a vida é um dom e não pretendo desperdiça-la. Nunca se sabe a mão que se irá receber em seguida. A gente aprende a aceitar a vida como ela se apresenta. Fazer cada dia valer a pena"
Jack Dawson era a linha tênue entre minha alma gêmea que era meu melhor amigo e meu criador de folhas cor de rosa, que poderia vir a ser um verdadeiro e tenro amor. Eu via Taehyung de todos os ângulos possíveis enquanto repetia as palavras sábias de meu primeiro amor Jack: amor inocente de criança, amor de cinema. Aquelas palavras eram a versão mais pura e verdadeira de meu amigo, faziam parte de sua essência desde a primeira vez em que meus olhos fitaram suas malas de viagem gastas e tão solitárias quanto seus olhos ébano gentis. Por outro lado, Dawson representava meu menino de algodão. Sem medo de um dia após o outro, em guerra com o receio e a coragem batendo ao peito por alguém que precisava ser vista e de alguma forma ser salva. Por alguém que só ele parecia enxergar em meio à tanta escuridão. Esse era Jeon para mim. Esse fora Dawson para Rose. Ambos com o arder e o brio do descobrir, construir e até reconstruir se fosse possível. Ambos com a loucura e a impulsividade estampada em suas íris. Ambos com suas paixões suicidas.
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Non-Fiction"Descobri que vencer meus medos me força a acreditar que quando tudo acabar não será você e eu e sim eu e meu silêncio. Aprendi que reprimindo a mim mesma não é a melhor maneira de ser alguém, mas descobri que vinte e três horas por dia posso ofusca...