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Eu venho sendo menos da metade de mim mesma por mais da metade da minha vida e ainda assim eu insistia em verificar meus sinais vitais todos os dias.
Há uma reação em cadeia em nosso coração que consiste em nossa memória muscular nos lembrando quem somos constantemente. Permitindo-nos esquecer de tudo o que ficou para trás e refazer nossos passos, criando um novo universo bem mais pessoal, bem mais acalentador. No entanto, uma vez que uma ferida se instala em nós sempre levaremos uma cicatriz grosseira e profunda com a gente. E marcada uma vez, marcada para sempre. A resiliência não se tratava apenas de ter a habilidade de voltar ao início se mantendo intacto de tudo que passara. Era também um lar para muitos pensamentos órfãos se abrigarem. Eu sentia esses velhos amigos caminhando lentamente em minha mente, indo em direção à porta da Sr.Resiliência para se confessar e quem sabe ficar até para uma boa xícara de chá quentinho, calmante em dias de estado invernal. Meus órfãos eram todos os resquícios dos dias de turbulência, de falta de esperança, dos pesadelos em estado de coma e é claro; Dor. Eles tentavam se encontrar e aprender a fazer parte do habitat resiliente que aos poucos eu conquistara, era bonito de se ver, bonito de sentir.
Viajando sob as memórias gentis de meu coração pude sentir algumas poucas migalhas que essa habilidade me trouxera. Tirando-me do transe que as palavras roucas de Taehyung havia me colocado. Engasgada com as palavras que eu assistia – em minha mente – os órfãos aprendendo, elas vinham á mim como uma cachoeira de sopa de letrinhas e meus olhos se abriam com o impacto de todas elas a minha vista. Elas não queriam ser ditas. Apenas sentidas.
"Acorde.
Apaixone-se outra vez.Declare guerra à gravidade.
Há tantas coisas pelas quais vale a pena lutar...
Me mostre o que fazer para resetar meu coração.
Como eu me perdoo por perder tanto tempo?
Levante-se e apaixone-se de novo e de novo.
Um pouco de cada vez.
É desconfortável, mas certo.
Acorde."Meu amigo estava a minha frente me olhando com pesar, ele gesticulava e balbuciava coisas que meus ouvidos escolhiam não ouvir e meu olhar escolhia ignorar, focando no que minha mente me mostrava. Tudo que eu queria ouvir era o que meu coração tinha para me dizer, e devo confessar que gostei. Ele que quase não me dirigia palavras boas, tinha pra mim versos da verdade em forma de poema e era o que faltava em mim todos os dias quando tirava os pés da cama e os colocava no meu velho carvalho. Tão sofrido quanto meu peito. Meus olhos se estreitavam para Tae, ainda sem dizerem uma só palavra. Eu permanecia hibernando em meus pensamentos, em suas palavras... Em Jungkook.
- Fala comigo Geo... – ele suplicava procurando meu olhar vago. – Por favor. Eu achei que seria melhor deixar você descobrir por ele.
Silêncio...
- Você... – começo com a voz débil e descrente. – Mentiu pra mim? – os fios de lágrimas faziam cócegas em meu maxilar.
Sua boca se abriu procurando uma resposta e logo se fechou. Ele apertava os lábios os contraindo, pensando em o que dizer. Procurando com o olhar baixo por uma razão que eu não pudesse contestar.
- Eu preciso de um tempo. Me deixa só, por favor. – digo firme.
- Não, primeiro vamos falar sobre isso. – sua voz era presunçosa. – Eu te conheço Anã. É melhor falarmos agora. Você surta, eu reconheço que estou errado e a gente resolve. – ele falava dando ênfase nas minhas possíveis ações como se fossem rotineiras. Com vírgulas nas palavras... Como um culto ensaiado.
- Engraçado – digo em riso sarcástico. – Que você fala como alguém que me conhece como ninguém. Mas teve a coragem de omitir uma coisa dessas de mim. – o encaro.
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Stitches
No Ficción"Descobri que vencer meus medos me força a acreditar que quando tudo acabar não será você e eu e sim eu e meu silêncio. Aprendi que reprimindo a mim mesma não é a melhor maneira de ser alguém, mas descobri que vinte e três horas por dia posso ofusca...