Bônus Nicolas

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Entrei no quarto de hotel ainda em choque, a imagem da Nicole desesperada, chorando e tremendo não saiu da minha mente.

É a minha irmãzinha, prometi protegê-la, pensei que estava fazendo a coisa certa quando insisti em seu casamento com o Lucas, afinal além de ser o filho do meu chefe, é um homem importante, rico e demonstrava ser completamente apaixonado.

Como fui tolo, como deixei o poder, a chance de crescer na carreira política com a influência dos Calheiros, me cegar, eu não percebi o que acontecia com minha irmã.

Abri o frigobar, peguei uma cerveja, sentindo que só agora o sangue voltava a correr pelo meu corpo, estava anestesiado com a imagem de sofrimento que vi na minha pequena e a culpa me consome por dentro.

Como pude ter sido tão tolo?

Tão idiota?

Tão egoísta?

Tão ingênuo?

Tudo sempre esteve escancarado na minha cara, era só eu ter observado um pouco mais que veria que o relacionamento dos dois sempre foi tóxico. Lucas a afastou de todos, mas pensei que ele é só um bobo apaixonado que queria estar com a esposa sempre com ele. Até que quatro meses atrás comecei a me preocupar, não consegui encontrar a Nicole, o celular dela não chamava, toda vez que ia em sua casa ela não estava e o Lucas sempre arrumava uma desculpa. Eu não sabia que minha irmã estava desaparecida.

Até que ouvi minha mãe conversar com Lucas no escritório, já havia passado do meu horário de trabalho, mas estava indo atrás dele, para avisar que queria ir jantar com minha irmã essa noite.

— Lucas, já esperei demais, quero notícias da minha filha, tem quase um ano que ela fugiu do hospital e você ainda não a trouxe de volta — minha mãe gritava, descontrolada. — Eu preciso da minha filha de volta.

— Cala a boca, porra! — Lucas nem alterou o tom da voz, e me encostei mais na porta para poder ouvir melhor a conversa. — Já disse que estou com um detetive atrás dela, logo a encontrarei, eu tinha coisas mais importantes para fazer, estou tentando arrumar essa bagunça que sua filha deixou.

— Se você não tivesse batido tanto nela, a Nicole ainda estaria aqui! — Senti meu coração acelerar, como assim ele batia na minha irmã?

— O que faço com a minha esposa não é da sua conta.

Eu quis entrar em seu escritório e quebrar a cara desse merda, minha cabeça dava voltas, como assim minha irmã havia fugido, como assim ele batia nela e como minha mãe poderia saber disso e não me contar? Eram muitas perguntas e eu tenho certeza que mesmo o pressionando ele não me daria às respostas.

— Você a espancou Lucas, fez ela perder o filho de vocês, como queria que ela não fosse embora? — Senti meu coração parar de bater por um segundo, imaginando a dor que minha irmã havia sentido, sempre foi seu sonho ser mãe, ela dizia que teria um filho e o batizaria com o nome do papai.

Nicole é doce e sempre cuidou de todos ao seu redor, ela nasceu para ser mãe, e saber que ela havia perdido seu tão sonhado bebê, que havia sido espancada por seu esposo e que eu não pude a proteger, o sentimento de culpa se apossou do meu corpo, senti um peso imenso em minhas costas.

Só percebi que estava chorando quando as lágrimas inundaram meu rosto.

— Quero que você pare de se meter onde não foi chamada, ou vou esquecer que é minha sogra, já disse que tenho um detetive atrás dela e eu a trarei de volta, pelos cabelos se preciso for, mas minha esposa vai voltar para casa e eu vou fazer com ela o que eu quiser, eu te paguei para tê-la, esqueceu?

— Não é assim que as coisas funcionam, genro, vou ficar do lado da minha filha e, se preciso, vamos te denunciar.

— Para de falar, merda! — Ouvi uma gaveta sendo aberta. — Vamos logo, quanto você quer dessa vez?

Não pude acreditar quando minha mãe gargalhou diante da insinuação do desgraçado.

— Agora você começou a falar como um genro de verdade.

Essa conversa da mamãe com Lucas não saiu da minha cabeça desde então, desse modo, comecei a investigar, Nicole não tinha prontuário médico no hospital da família, mas uma enfermeira bondosa me confidenciou as inúmeras vezes que minha irmã chegou lá machucada, e que ninguém nunca teve permissão para falar nada. E pude confirmar tudo quando paguei o segurança para conseguir as imagens das câmeras de segurança.

Então todas as peças foram se encaixando, encontrei o detetive que o Lucas havia contratado e ofereci o dobro do valor para que ele desse informações erradas ao Lucas, enquanto procurava minha irmã para mim.

ÚNICO REFÚGIO ( DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora