Capítulo 10 - parte 1

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"OS SERES HUMANOS ME ASSOMBRAM''

— A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS

Miguel

Eu sou um homem adulto, que não foi educado para brincar com o coração das mulheres, e mesmo diante do fracasso que foi meu último relacionamento, nunca fui capaz de brincar com o sexo oposto, nunca consegui ser esse tipo de homem que apenas se aproveita do que o sexo tem a oferecer. Por isso sei definir o que está acontecendo comigo. Poderia fingir que não sei quais os meus sentimentos, poderia dizer que estou confuso, mas sei exatamente o que sinto, e eu estou apaixonado pela Nicole.

Não sei dizer quando foi que isso aconteceu, afinal, pensei que nunca mais fosse capaz de amar alguém, mas quando esse sentimento domina nosso coração é impossível ficar indiferente a ele.

Não tem como negar o que sinto, não quando penso nela todos os momentos do meu dia, cheguei a sonhar com seu doce e singelo sorriso. Eu fico observando todas suas reações quando estou com ela, mesmo que ela ainda seja retraída, tímida ao extremo, já consigo a ver desabrochando aos poucos, criando uma confiança que não existia antes vejo fogo em seu olhar, que antes só havia gelo.

Minha mãe não fala nada, mas pela forma que me olha sei que sabe como me sinto, esse é meu problema, sempre fui muito transparente, nunca soube esconder meus sentimentos e esse é o meu medo, que ela perceba e não me deixe entrar em sua vida, que fuja de mim, sei que ela tem seus motivos, sei que algo muito ruim já lhe aconteceu, também sei que minha mãe sabe o que é, por isso todo esse senso de proteção que ela nutre pela Nicole, dona Neide a colocou em baixo de suas asas, como se fosse sua filha. Se quisesse poderia pedir para algum policial puxar sua ficha, ou poderia investigar, mas não quero tirar o direito e a liberdade dela ter sua privacidade intocada, só espero que um dia ela confie em mim o suficiente para me contar o que tanto lhe aflige.

Estou sentado em minha sala, folheando alguns relatórios, mas com o pensamento longe, em certa garota que me acompanhou no treino ontem. Na verdade tentou, sorrio ao recordar o quanto ela reclamou de dores e não chegou a correr nem vinte minutos direito.

— Está rindo de que chefe? — Paulo um dos policiais civis que está de plantão hoje entrou na minha sala, como sempre sem bater. — Deixa, houve um acidente na pista, perto da entrada da cidade, parece que a coisa foi feia, a PM já está a caminho, vamos comigo?

Morar em uma cidade pequena além de não ter tantos perigos quanto em um grande centro, não é comum acidente, e quando eles acontecem todos querem ir, afinal nossa cidade tem menos de vinte mil habitantes, todos se conhecem, então precisa de todos os reforços para conter as pessoas curiosas da cidade.

*

Chegamos e a área já está isolada, por ser um pouco distante do centro da cidade não tem muitas pessoas acompanhando, além é claro de já está muito tarde.

— O que aconteceu? — perguntei para um dos PM que estavam ali

— O carro foi jogado para fora da pista. — Acompanhei seu olhar em direção ao carro no meio do mato, uns 15 metros longe da estrada. — Pelos documentos o motorista não é daqui, homem branco, 30 anos, havia acabado de sair da cidade, se chama Nicolas Perez.

— E o outro carro? — Olhei ao redor tentando encontrar alguma evidência do outro veículo.

— Fugiu, ninguém sabe quem é — bufei por saber que ainda existem tantas pessoas inconsequentes no mundo, que além de causar acidentes, foge sem prestar o devido socorro. — Nós ligamos para o último contato da vítima, é a sua irmã já está vindo para cá.

ÚNICO REFÚGIO ( DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora