...e os jogadores entraram.
Acho que desde aquele momento minha voz já dava indícios de falha de tanto eu eu gritei naquele momento. As torcidas faziam muito barulho dos dois lados.
Peter entrou, olhou pra mim dando um sorrindo acompanhodo de uma piscada, até me segurei na grade da nossa frente.
Percebi que outras meninas que estavam do nosso lado também prestavam atenção, mas não era no time delas.
Desde o carro, Peter me disse que no começo queriam deixar o time adversário achar que estavam indo bem e depois... você já entendeu.
O outro time, dessa vez o vermelho, fez alguns pontos e já percebi que o meu time já começava a querer dar a volta por cima. Já estavam empatados em pouco tempo, percebíamos a sensação de susto e terror do outro time, isso era engraçado. Teve alguns momentos que percebia que se fizessem a força verdadeira deles poderiam matar alguém. Se até ali ninguém tivesse mudado algo de lugar ou quebrado...
Até que uma hora Peter foi para bem perto de nós para o preparo de um possível passe de bola, aproveitou o momento e sorriu novamente pra mim. Porém, as meninas do lado começaram a dar risadinhas, cochichar e dar "oizinhos" pro ele.
-Ele sorriu pra mim! Ele é o tipo do sonho de toda garota...- eu escutei uma das meninas dizerem, que não dava pra ser mais forçada na pose e jeito do que aquilo.
Ela tinha cabelo loiro, estava numa pose que daqui a pouco encostava a bunda na nuca. Mas ao mesmo tempo eu tinha dó dela, porque parecia que ela fazia tudo aquilo pra chamar atenção, mas se tirar tudo isso o que sobra? Então apenas deixei de lado, eu confio no Peter.
Então ela continuou:
-Ele vai ser meu!
Esquece sobre deixar de lado, eu ainda confio nele, mas não confiava nela. Meu sangue esquentou tanto que devo ter ficado vermelha, quando vi tinha literalmente amassado o cano da grade onde estava as minhas mãos alguns segundos atrás.
Me petrifiquei olhando pra ela.
-Quer alguma coisa?- ela me perguntou com as sombrancelhas levantadas mas que se jogasse água ali não haveria o que levantar.
Voltei para a realidade, mas não consegui me aguentar e olha que isso é raro.
-Só queria saber o porquê você acha que ele vai se seu.- perguntei o mais calmo possível.
Naquele momento minha amigas e outras pessoas da minha escola tinham percebido o que esta acontecendo e ficaram atentos para o que for preciso.
-Você é cega? Ele sorriu pra mim, então é óbvio que ele vai ser meu.
Eu juro que eu estou tentando ser o mais calmo possível para mostrar total razão e que eu tinha controle de tudo aquilo.
-Não, eu não sou cega e se eu fosse não teria problema, não é?
Ela pareceu ficar sem fala.
-E como você pode ter certeza que ele piscou para você, temos muitas outras pessoas aqui.- eu continuei.
-Pra quem mais ele iria olhar? Para você? Ou para suas amiguinhas ali que parecem se achar demais pro meu caso? São ridículas, tão fazendo papel de idiotas. Você ainda não entendeu, é burra também? Ele vai ser meu!
Na minha cabeça eu apenas imaginava eu pulando pra cima dela.
Podia falar mal de mim o quanto quisesse, mas falar mal das minhas amigas? Ela mecheu com a namorada do demônio. (Pra muitos isso é literalmente)
-Acho que devemos olhar pro espelho antes de falar algo dos outros. Acho que ninguém aqui está parecendo que tá tentando aumentar a bunda pela pose, também posso dar certeza de que nenhuma aqui de nós tem uma média de quanto? Três ou quatro? Sabe, pra que tudo isso? Pra impressionar os outros e ter gente pra te dar atenção enquanto você simplesmente maltrata-os pra se sentir bem? E quando tirar tudo isso? Além de que aquele ali que você disse que vai ser seu- eu fiz aspas com os dedos- você tem razão ele é o tipo de sonho de toda garota, mas quem tem ele sou eu. Sim, ele piscou pra mim, ele é MEU namorado. E se você pensa nesse momento que quer ficar com ele, adivinha, também não somos nós alguém idiota e ridícula.
No final escutei um grito no fundo:
-Pra amassar carne de vaca é só bater.- não me segurei e dei uma risadinha.
Tudo aquilo eu havia dito com calma e mostrando certeza, com uma reação como se eu quisesse que ela tentasse compreender e racionar tudo o que eu dizia.
Alguns vão pela parte física, mas eu não sou a favor de violência e eu sou boa num tipo de controle da parte psicológica. Não são apenas as palavras, meu olhos escuressem a cor e deixam quem está os olhando vidrados, eu não tinha muito controle sobre isso.
A garota ficou parada, percebi que abriu um pouco a boca de vez em quanto tentando procurar o que dizer.
Naquele momento vi todos de azul gritando, pulando, gritando e comemorando. Tínhamos ganhado.
Fiz o mesmo que o resto da escola.
Alguém veio correndo na minha direção, percebi que era Peter Pan. Pulei a grade baixa até que ele chegasse até mim, me levantando no ar e girando-nos enquanto nos beijávamos. Escutávamos cada vez mais gritos e palmas.
Quando vi a menina tinha voltado um pouco ao normal, mas percebi que ainda estava um pouco em choque. Será que eu devia ter pego um pouco mais leve?
Agora eram as outras duas escolas que jogavam, então fomos dar uma volta e pegar um lanchinho.
No caminho, parabenizavam Peter e os meninos. Porém, também recebíamos olhares de reprovações.
Conversamos e nos divertimos.
Agora era nossa vez, os meninos mudaram para as roupas normais e colocamos nosso uniforme para volêi, um top com uma blusa de alça curta e um shorts.
Quando estávamos saindo, Peter me pichou para um lugar meio escondido.
-Deveria ficar com ciúmes?- ele sussurrou
-O quê? Eu sou só sua.
-Eu já sei do que aconteceu lá- ele disse enquanto se aproximava do meu pescoço- você acabou com ela com o motivo eu- ele riu baixinho.
-Ela disse que você seria dela.
-Isso é perigoso, ela devia ir no médico. Deve ser ilusão ou imaginação fértil demais até pra mim.- ele começou a beijar meu pescoço- Você é minha e temos uma troca.
Não consegui responder direito.
-E você é meu.- minha voz falhava.
-Eu tiraria isso agora mesmo, mas temos um jogo pra ganhar.
Ele voltou a me olhar, ficamos mais alguns minutos ali.
Fomos para a quadra, aquilo tinha me dado energia e animação pro jogo, com certeza.
O nosso vôlei era novamente azul x vermelho. Sim, eu estava contra ela.
No jogo eu jogava a bola com tanta força que se batesse na cabeça de alguém faria algo bem feio ali. E ganhamos.
Jogos, almoço e mais jogos. Entre alguns deles haviam disputas como de conhecimento gerais e tals.
E, bom... ganhamos literalmente tudo, dos jogos grandes aos pequenos. Já estávamos querendo pedir mais pontos na nossa média.
A parte que eu mais gostava era o final, em que Peter sempre vinha até mim e me beijava, e eu fazia o mesmo na minha vez.
Alunos, professores, coordenadores, diretora, todos funcionários, estávamos todos felizes e animados.
Acho que não contei, mas minha escola decidiu fazer um tipo de acampamento na escola depois do jogo.
Fomos pra nossas casas e às 20h30 fomos para a escola com nossas coisas.
Íamos passar a noite em barracas na quadra aberta. Porém, eu e Peter já havíamos planejado isso antes, colocamos um tipo de feitiço numa barraca. Por fora ela parecia relativamente grande, mas por dentro era como uma casa, tinha uma cozinha, banheiro, sala, mesa de jantar e 8 quartos, sim, tudo isso. Eles não eram grandes nem pequenos, eram como de um hotel, mas quem iria dormir lá eram eu, as meninas, Peter e os garotos. Acabavámos não aceitando ajuda de ninguém e se alguma pessoa tentava entrar lembraria de algo que esqueceu, mas se entrasse veria uma barraca normal.
Fizeram uma fogueira, comemos, conversamos e fizemos jogos. Até num deles, desafiaram eu e Peter a cantar uma música, fiquei com vergonha que praticamente toda a escola estava ali, mas era um desafio. Além de que quando Peter começou a cantar (cantava muito bem aliás), nos prendíamos na canção como se mais ninguém tivesse lá. Descobri que Peter aprendeu a tocar violão e cantamos South of the Border (música do começo) do Ed Sheeran e Camila Cabello.
Ficamos até madrugada ali observando as estrelas. Porém, acabamos indo todos pra cama pois já estava tarde. Nem sei como a escola deixou dormimos com os meninos juntos na barraca, apenas dissemos que não tínhamos barraca e que eles tinham nos oferecido. Ah é, eles não sabiam como ela era mesmo, que pena.
Peter e eu nos arrumamos e fomos dormir, já na cama lembrei dos momentos de hoje, Pan levantava a camisa no futebol para secar o rosto, as piscadinhas e sorrisos, olhares maliciosos pela minha roupa, mãos bobas... Acho que Pan pensava o mesmo e ali também era a prova de som para que se quiséssemos colocar uma música alta, mas não apenas pra isso. Ainda bem que havíamos pensado naquele pequeno elemento que nos salvou.
De manhã, aquela imagem que eu adorava ver, Peter com cabelo bagunçado, sem camisa e um ar de cansaço e felicidade ao mesmo tempo.
Nos arrumamos, tomamos café da manhã e fomos pras nossas casas no final de semana.

VOCÊ ESTÁ LENDO
My black hair and your black heart
Teen FictionA sombra me trouxe de volta e apenas sentia lágrimas descendo pelo meu rosto fortemente. Ele havia me deixado, depois de todas as promessas, ele mentiu pra mim... Depois de dias ou meses... não consegui contar, dei meu primeiro sorriso, mas dessa ve...