Chegamos na cidade algumas horas depois, todos sem mostrar nenhuma reação no caminho, a única coisa que fizemos foi conversar sobre o que falaríamos para as pessoas. Pode-se passar anos, não vou desistir dele, não diria que ele estava morto, e mesmo se estivesse sei que ele não gostaria que falássemos isso, como eu escutava dele: "tenho minha popularidade".
Guardamos as coisas na casa e então a "tia" deles me levou para a minha. Eu tinha dito ao meninos para qualquer coisa me ligar e que eu iria lá o máximo que eu podia.
Entrei em casa com um sorriso no rosto, fazendo o meu melhor para mostrar que tudo estava bem.
Passei o dia assim e então à noite eu desabava com a lua e as estrelas me acompanhando.
Amanheceu.
Aula.
Não, não queria colocar meus pés para fora da cama.
Contei até três rapidamente e me levantei esperando que alguma força me empurrasse de volta. Me arrumei de qualquer jeito e os meninos falaram que iam me buscar. Percebi que eles estavam querendo fazer isso por garantia, eu poderia cair ou explodir.
Coloquei os pés para fora de carro já me arrependendo, a luz queimando os meus olhos meio inchados e os sons que novamente me davam dor de cabeça. Entrei com os meninos do meu lado meio atentos a qualquer passo em falso.
-Vocês sabem que não precisam fazer isso, eu estou bem.
Não queria preocupá-los.
-Não, você não está nada bem. E sabemos disso, não adianta.
É, não ia adiantar. E eu agradecia por isso.
Entramos na sala.
-Como foi a viagem?- La disse.
Senti mais um puxão de dor por dentro, de novo, que raiva.
Na hora acabei indo abraçar ela, queria desabar ali mas me segurei.
-Depois eu conto ok?- eu disse baixinho.
Elas não disseram mais nada.
Tocou o sinal.
Toda vez que algum professor (a) perguntava algo para Peter, ele respondia corretamente e sempre tirava as notas máximas em tudo.
Então, na primeira aula, o professor percebeu que Peter não estava.
-Peter faltou? Izzy, você sabe o porquê?
É claro que tinha que ser eu, tinha outros meninos que moravam com ele mas tinha que ser eu.
-Ele...-as palavras simplesmente não saiam.
-Ocorreu alguns problemas com uns familiares distantes, então ele vai ficar na Inglaterra por um tempo- Jack disse
Olhei para ele e o agradeci silenciosamente, ele apenas concordou com a cabeça.
-Ah que pena.
Então na segunda aula: "Izzy, Peter está bem?", na terceira... Até o final da semana. Algumas vezes, eu consegui responder, mas usava magia para esconder pequenas lágrimas que escapavam no meu rosto.Comecei a me preocupar ainda mais, percebi que algumas vezes meus poderes se descontrolavam um pouco.
Até que a professora me fez voltar à realidade dizendo que estava na hora do meu grupo apresentar uma pequena peça de teatro na frente de algumas classes. A história era basicamente sobre uma garota que no final perdia o amado, o bom é que eu não precisaria de muito esforço para fazer uma atuação dignida de Oscar.
Na cena final, vi olhos verdes se fechando, uma boca deixando um sorriso, sangue nas costas onde minhas mãos se apresentavam, o rosto sem cor de Peter. Asfalto no chão, lojas em volta, um grupo de pessoas observando sem fazer nenhum movimento. Sussurrei por fim: por favor não me deixe.
Novamente vi cortinas e um chão preto, olhei para frente e todos de uma plateia estavam chorando. Olhei para os lados encontrando os meninos e os olhei confusa, até alguns deixavam escapar algumas lágrimas. Saí dali e fui para um canto do fundo me juntando com os meninos.
-Parece que... que você transmitiu aquele momento na cabeça de todo mundo.
-O que? Como?
-Mas não acho que tenha que se preocupar com isso, todos vão achar que só levaram a peça muito a sério.
Aquela cena não sairia da minha cabeça tão cedo, se sair.Fazia quase um mês do ocorrido, os dias eram iguais para mim, pareciam não passar. E os meninos, iriam embora daqui alguns dias, não teria aquelas companhias de filmes ou jantar à noite. Mais pessoas que eu amava iriam pra longe de mim, e eu queria apenas desistir de tudo, desistir daquela dor.
Tinha feito minha rotina para ir dormir e quando estava indo dormir, passei os olhos pelo céu, para Lua e as... estrelas. Elas pareciam sussurrar pra mim, balancei minha cabeça suavemente como tirasse aquela ideia dali, mas quando olhei novamente tive a mesma sensação.
Um lugar veio à minha cabeça, quando percebi tinha ido pra lá.
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My black hair and your black heart
Teen FictionA sombra me trouxe de volta e apenas sentia lágrimas descendo pelo meu rosto fortemente. Ele havia me deixado, depois de todas as promessas, ele mentiu pra mim... Depois de dias ou meses... não consegui contar, dei meu primeiro sorriso, mas dessa ve...