Capítulo 25

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♥ Mariana ♥

O Fred soltou sua mão assim que a porta da casa da Biatriz se fechou atrás deles. Ela tocou os lábios úmidos, ainda formigando por causa do BEIJO. Então, tinha acontecido mesmo.

Ela achou que tinha se preparado para ficar frente a frente com o Fred, mas foi muito mais intenso e difícil que ela tinha antecipado, não reagir ao desfile de emoções no rosto dele, passando de incrédulo a pensativo a esperançoso, em minutos. Culminando no que pareceu ser a resposta que ela tinha vindo ao Rio procurar, porque aquele beijo?

Aquele beijo não foi um simples reencontro de duas pessoas que se sentem atraídas, ou que um dia tiveram um acordo para ter um filho. Foi um beijo de sentimentos iguais, de saudades idênticas, de paixões competindo para ver qual a maior. Mas, pelo jeito, a resposta que ela estava procurando também era mais complexa que ela tinha esperado. O Fred, sempre um livro aberto quando se tratava de emoções, tinha escolhido justo aquele momento para se fechar, parado na sua frente, sério, as duas mãos enfiadas no bolso da calça jeans.

— Desculpa. — Ele balançou a cabeça e riu. — Eu tenho tantas desculpas pra te pedir, mas essa, foi por ter te agarrado, do nada, no meio da sala da minha irmã.

— Você se arrependeu? Do beijo? — ela perguntou, cravando as unhas nas palmas das mãos, esperando a resposta. Afinal, seu instinto mágico, como o Fred mesmo tinha chamado, não era dos mais confiáveis quando envolvia o sexo oposto. Será que ela tinha entendido tudo errado?

— Não.

A resposta dita com firmeza escureceu os olhos castanhos. De desejo. Pelo menos alguma coisa ela tinha entendido certo.

— Não pede desculpas, então. O agarramento foi recíproco.

— Como, Mariana? — Ele tirou as mãos dos bolsos e abriu os braços. — Como você pode estar aqui falando comigo nessa calma? Por que você não está me esfolando vivo?

Ótimas perguntas. Em primeiro lugar, ela não se lembrava de estar mais nervosa na vida e, segundo, se ela esfolasse o Fred vivo, ela teria que viver sem os beijos dele. Eram as ótimas respostas que ela não se atrevia a dar. Por enquanto. Mas ver como ele ainda estava cheio de culpa e em conflito com ele mesmo depois de um mês, era a prova maior que ela não estava enganada em relação ao caráter dele e lhe deu a certeza de ter feito o certo ao vir com o Lourenço.

— Porque eu prefiro conversar — ela respondeu. — Você disse que tem desculpas pra me pedir. Eu tenho uma pergunta pra te fazer. Mas a gente podia ir pra outro lugar, não é melhor?

— Com certeza. — Ele olhou em volta surpreso, como se só então estivesse se dando conta que eles ainda estavam na porta da casa da irmã dele. — Vamos.

Ele fez um gesto para ela descer as escadas, o que ela fez, com ele do seu lado. Ao chegarem à calçada, eles quase trombaram quando ela tentou ir para um lado e ele, para o outro.

— Por aqui. — Ele tocou as suas costas por um segundo, o suficiente para ajudá-la a se equilibrar e virá-la na direção certa. O suficiente para fazer seu pulso acelerar de antecipação. Insuficiente para satisfazer aquela sua vontade de ter o toque dele na sua pele o tempo todo.

— A gente não vai pra sua casa?

— Eu achei melhor um lugar público? — Ele apontou o que parecia ser uma pracinha no fim da rua. — Vai que você tem uma bazuca escondida nessa bolsa e só não me matou na casa da Bia pra poupar as minhas sobrinhas de ver o tio estrebuchando no tapete.

Ela prendeu o sorriso. Ele conseguia ser ainda mais exagerado que ela lembrava.

— Esperto da sua parte — ela concordou. — Mas você está esquecendo que uma pessoa que passou um mês planejando vingança não vai se importar com umas horas a mais esperando pela oportunidade perfeita.

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